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Estado de Minas

Capela ecumênica com toque católico para Montes Claros


postado em 09/12/2012 06:00 / atualizado em 09/12/2012 08:01



Um outro projeto de Oscar Niemeyer que, até agora, existe somente no papel – e que pode ser erguido após a sua morte – é o da construção de uma capela ecumênica da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Niemeyer doou o projeto para a cidade, em atendimento a um pedido do ex-prefeito Mário Ribeiro (irmão de Darcy falecido em 1999). O presidente da Fundação Darcy Ribeiro, Paulo Ribeiro, conta que seu pai, Mário Ribeiro, fez o pedido a Niemeyer em 1998, quando a sede da Unimontes recebeu a denominação de Câmpus Darcy Ribeiro. Paulo salienta que sua família fez várias tentativas para conseguir recursos para viabilizar a obra, recorrendo até ao ex-vice-presidente José Alencar (morto em março de 2011). Porém, sem êxito. Segundo ele, na época da doação o projeto estava orçado em R$ 800 mil.

O atual reitor da Unimontes, João dos Reis Canela, disse que desde que recebeu o projeto a universidade fez vários esforços para construir a capela, esbarrando na escassez de verbas. “Esse projeto é de fundamental importância, por ter a concepção de Oscar Niemeyer. Nossa intenção com a concretização da obra é homenageá-lo para a posteridade.”

Em 1998, na gestão do ex-reitor José Geraldo de Freitas Drumond, a Unimontes encaminhou uma equipe técnica ao escritório de Niemeyer, em Copacabana, no Rio. O arquiteto Gil Santos Rocha, que integrou a equipe como voluntário, recorda que Niemeyer foi muito atencioso com o grupo e falou sobre sua ligação com Darcy Ribeiro. “Ele comentou sobre o afeto que tinha pelo Darcy”, recorda o arquiteto, que, depois, viria a prestar serviços para a Unimontes.

Segundo Gil Rocha, o projeto prevê a construção de uma capela de aproximadamente 300 metros quadrados. “A ideia é de uma construção em dois níveis, com o pavimento inferior semienterrado e o outro com um ‘meio andar’ acima do solo, tendo uma rampa, em formato circular”, informa o arquiteto. “O curioso é que, embora se trate de uma capela ecumênica, ele elaborou o projeto dentro dos moldes católicos”, observa Rocha, lembrando ainda que a capela projetada para Montes Claros, no seu interior, tem estilo parecido com a Catedral de Brasília, uma das obras-primas do mestre das curvas, com o altar ao centro e os bancos ao redor.

“Acreditamos que, com a sensibilidade, afetividade e respeito demonstrados com a morte de Oscar Niemeyer, possamos ter mais facilidade para captar recursos e poder realizar esse grande sonho”, afirma o retor João Canela.

No esquecimento

Outros dois projetos doados por Niemeyer a Montes Claros, acabaram no esquecimento. Segundo Paulo Ribeiro, em 1992, o  prefeito Mário Ribeiro, por intermédio de Darcy, pediu e conseguiu do arquiteto um projeto para a construção do Centro Integrado de Educação e Formação de Professores e um centro de cultura e lazer com uma grande piscina. Na época, o projeto foi orçado em US$ 2 milhões (R$ 4,18 milhões). Mas a história se repetiu: não houve recursos suficientes, e a obra nunca foi iniciada.

O ex-secretário de Planejamento João Henrique Ribeiro, funcionário de carreira da prefeitura, disse que nunca teve acesso ao projeto. Por outro lado, o presidente da Fundar disse que guarda cópias da planta. Paulo Ribeiro conta também que, bem antes no início da década de 1960, também por interferência de Mário e Darcy, o então prefeito da cidade, Simeão Ribeiro (já falecido), conseguiu de Niemeyer a doação de um projeto para a construção de um museu de histoória natural. “Ele riscou um projeto na forma de um caracol”, disse Paulo. A viúva de Simeão Ribeiro, Terezinha Ribeiro Pires, disse que o ex-prefeito comentou com ela sobre a planta elaborada por Niemeyer, mas que não conseguiu localizar o projeto no acervo deixado por Simeão, que era também historiador. (LR)

Curiosidade

Por causa da amizade entre eles, Oscar Niemeyer projetou também a casa de Darcy Ribeiro, em Maricá (RJ). A casa, diferentemente dos projetos de Montes Claros, virou realidade. Foi lá que Darcy se refugiou depois de escapar do hospital. Em 1995, durante o tratamento contra um câncer no pulmão (que ele chamava de “bolinha”), ele fugiu do Hospital Samaritano, no Rio, preocupando os médicos. Darcy decidiu passar os últimos dias na Praia de Cordeirinho, em Maricá, onde ficava a casa em formato de oca projetada pelo amigo.

 

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