Assunto bastante em voga nos dias de hoje, a castração de cães e gatos ainda é um dilema para muitos responsáveis pelos animais de estimação. Pesam a favor fatores como o controle populacional e a prevenção de doenças, incluindo tumores, além da promessa de melhora no comportamento do animal. Os contrários lembram sempre do risco de obesidade depois da cirurgia e argumentam que seria uma interferência na natureza dos bichinhos. Além da motivação emocional – é preciso considerar, por exemplo, se a família deseja ter filhotes do seu animalzinho –, um pouco de orientação e algumas estatísticas podem ajudar na hora da decisão.
Um dos motivos pelos quais se fala tanto em castração é o controle da população animal, associado à guarda responsável. Tanto que a esterilização entrou de vez no protocolo dos procedimentos para encaminhar os pets para adoção. A descendência de um casal de cachorros, por exemplo, pode chegar a 12,6 mil crias em apenas cinco anos. A castração consiste na retirada dos testículos nos machos e dos ovários e útero nas fêmeas.
No caso dos cães, os veterinários garantem: são diversos os benefícios para a saúde do animal, especialmente para as fêmeas. O principal ganho é a prevenção dos tumores de mamas, muito frequentes em cadelas mais velhas.
Outra doença comum que se previne nas fêmeas castradas é a piometra, uma infecção uterina grave que, quando ocorre, leva à retirada do útero das cadelas. “O útero sofre todo um bombardeio de hormônios quando a cadela não está gestante. Toda essa modificação se junta a uma infecção que vem da vagina para o útero, porque existe uma abertura que permite a passagem de bactérias e pode dar alterações graves, comprometer os rins e até matar”, afirma a coordenadora do Projeto de Castração do MEC/UFMG, Christina Malm, professora de cirurgia e obstetrícia. As cadelas também ficam livres da gravidez psicológica, que causa alterações hormonais, podendo gerar sofrimento.
Nos machos, cai muito a incidência dos tumores nos testículos. É alta a frequência de hiperplasia prostática.
CUIDADOS Segundo o cirurgião Abílio Rigueira Domingos, da clínica Ártemis, a cirurgia de castração é frequente, mas é preciso ter cuidado na hora de escolher os profissionais que a executarão. “É um procedimento considerado rotineiro, mas que deve ser feito em um ambiente controlado, com equipe de anestesia e um bloco cirúrgico que esteja dentro das normas do Conselho de Veterinária. O pós-operatório é tranquilo, mas o cachorro tem de tomar a medicação de forma adequada e fazer repouso”, diz.
Mas atenção! Quem resolver castrar seu cachorrinho deve estar ciente de que ele precisará de uma alimentação especial para não engordar. A retirada das gônodas sexuais muda o metabolismo, diminuindo entre 25% e 30% a necessidade de ingestão calórica, e, por isso, é preciso reduzir a quantidade ou optar por rações light ou especiais para castrados. Grande parte da responsabilidade para evitar a obesidade está nos donos, que não devem dar petiscos fora de hora e precisam fazer com que os animais se exercitem de alguma forma.
Quem tiver interesse em castrar seu caozinho pode procurar uma clínica veterinária habilitada para isso ou, se não tiver condições, recorrer a projetos gratuitos, como o da Prefeitura de Belo Horizonte e o Projeto Castração do MEC/UFMG. Entre 2005 e maio deste ano, a PBH castrou 100 mil animais..