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Estado de Minas MINAS+VIVA

Soluções para cena cultural de BH e propostas para um mundo mais saudável encerram evento inédito

Troca de experiências, críticas e sugestões para mudança deram o tom do encontro


postado em 09/08/2012 18:31 / atualizado em 10/08/2012 14:37

(foto: Juliana Flister/ESP EM/ DA Press)
(foto: Juliana Flister/ESP EM/ DA Press)

Na tarde de hoje, o Minas+Viva trouxe diversas experiências na área cultural e mostrou o vínculo do tema com a sustentabilidade. O arquiteto e professor Leonardo Castriota relatou sua experiência como gestor de projetos de preservação de patrimônio, a exemplo do Projeto de Revitalização da Lagoinha. "A preservação de patrimônio esteve muito ligada a objetos físicos, com a intenção de evitar a mudança. Não se pensava no ambiente urbano em si. Só mais tarde passou-se a considerar que as modificações urbanas são naturais e dinâmicas", explicou ele. Segundo Castriota, a preservação não está nas mãos apenas do poder público, e que quando se trata de áreas urbanas extensas, há que se considerar a sustentabilidade das intervenções.

"O projeto de revitalização da Lagoinha vem da década de 90, esteve integrado ao centenário de Belo Horizonte, em 1997, contou com arquitetos de renome, mas não foi efetivado. Realizamos reuniões com proprietários de imóveis, mobilizamos a comunidade, contemplamos as dimensões social, econômica e cultural, mas a descontinuidade política impediu a concretização de todas as dimensões da ideia", relatou. Segundo o arquiteto, um grupo de urbanista ainda luta pela revitalização do espaço e contra a demolição de casas pura e simples, com o objetivo de manter viva a ideia da sustentabilidade.

A saga das borboletas

Tarcísio Ribeiro, idealizador do Mercado das Borboletas, defendeu que a iniciativa de promoção e proteção cultural deve partir da sociedade, sem aguardar o poder público. "O próprio nome do espaço é uma referência à capacidade de renovação de transformação. Pegamos uma construção degradada, o Mercado Novo, e transformamos em um espaço de manifestações culturais e uma incubadora de artistas', contou o artista plástico.

Tarcísio informou ainda que, nesta semana, o Mercado está fechado, porque os organizadores receberam uma determinação de recuperar todo o prédio, mesmo a área que não integra o Mercado das Borboletas, para voltar a funcionar. "Já recebemos adesão de centenas de pessoas dispostas a ajudar nessa recuperação e não vamos desistir", garantiu.

O próximo a falar sobre sua experiência foi Leonardo Cezário, um dos fundadores do Coletivo Família de Rua e organizador do Duelo de MCs, que tem levado milhares de pessoas ao Viaduto de Santa Tereza, sempre às sextas-feiras. Cezário relatou os problemas iniciais para manter a manifestação, após uma tentativa na Praça da Estação, e depois com a instalação sob o Viaduto e o crescimento de um duelo de rimas para um evento amplo com toda a cultura hip hop, desde a dança dos B-Boys, passando pelo DJs, grafiteiros e MCs. "Completamos cinco anos agora em 2012, após muita luta, e nos tornamos um berço da cultura hip hop, com muita amizade e respeito", explica o organizador.

"Quando chegamos ao viaduto, ele não era tão de todo mundo. Era um banheiro público a céu aberto. Depois passamos a nos reunir lá, ele se tornou um espaço da cultura de Belo Horizonte. De lá ocupamos o Palácio das Artes, o Parque Municipal, o Teatro Palladium e o próprio Mercado das Borboletas. Nós conseguimos isenção de taxas da Prefeitura e apoio para realização do evento, mas queremos uma política que permita às pessoas ocuparem a cidade de forma ampla. Acredito que a mentalidade precisa ser renovada, para que o entendimento seja de que a cidade é das pessoas e de que o poder público é um funcionário do povo", definiu Leonardo. "Se houver um diálogo mais produtivo, e os espaços se tornarem ocupáveis, nosso problema com a violência vai diminuir. O maior atrativo de um cidade é o bem estar de seus moradores", concluiu.

Luta contra o preconceito

Tizumba: muitas vezes, somos a pedra no sapato(foto: Claudia Elias/divulgacao)
Tizumba: muitas vezes, somos a pedra no sapato (foto: Claudia Elias/divulgacao)
O instrumentista, cantor, ator e empreendedor cultural Maurício Tizumba contou sua experiência com o Tambor Mineiro, que está se apresentando e sendo reconhecido em outros países como mais uma expressão da manifestação cultural brasileira, mas enfrentou muita resistência. "É difícil trabalhar na rua, sempre ouvimos um "não pode" e seguimos sendo a pedra no sapato de muita gente. Até nosso piano já roubaram. Em dez anos de Tambor, enfrentamos preconceitos e fomos em frente", relatou Tizumba.

O major do 1º Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais Wellerson Silva, responsável pelo Comando do Hipercentro, também deu seu depoimento e acrescentou que a quebra de paradigmas é capaz de desarmar os preconceitos. "É preciso haver um sentimento de pertencimento à cidade, para todos os atores envolvidos. Fomos nós que convidamos o Duelo de MCs, por exemplo, para conversar; e buscamos sempre diminuir a dor dessa tal na pedra do sapato, no que estiver ao nosso alcance. É preciso ver pelo olhar do outro, sentar-se ao lado dele", disse o major.

Maria Beatriz Hauck Miranda, educadora física e funcionária pública aposentada, acompanhou os dois dias do Minas+Viva e se sentiu nspirada. Os exemplos bem sucedidos de projetos apresentados expressam que o segredo da sustentabilidade está em ouvir o cidadão e dar a ele a possibilidade de se desenvolver em seu próprio meio, O poder da mudança está no homem e acredito que todos vão sair deste evento como difusores das idéias discutidas. Eu mesma estou me preparando e atualizando para voltar a atuar como voluntária e dar minha contribuição", afirmou a participante.

A última parte do evento foi concluída com um debate que contou com a participação de Bernardo Guimarães, proprietário do espaço Nelson Bordello; Chico Pelúcio, ator e diretor do Galpão CineHorto; Leônidas Oliveira, diretor Municipal de Patrimônio e Museus; Miriam Lott, da Funarte; Dudude Herrmann, bailarina com grande atuação em projetos de arte; Stela Kleinrath, diretora de promoção turística da Belotur; Solanda Stelckelberg, presidente da Fundação Clóvis Salgado; Mauro Werkema, presidente da Fundação Municipal de Cultura e Angelo Oswaldo, prefeito de Ouro Preto.

A programação será encerrada com uma apresentação da Gafieira 104, no Espaço CentroeQuatro, às 21h.

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