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Estado de Minas

Espaços do hipercentro dão nova dimensão artística a BH

Centros culturais, no entanto, ainda encontram barreiras para se firmar. Produtores querem diálogo para criação de políticas públicas


postado em 23/07/2012 11:59 / atualizado em 23/07/2012 12:02

O Centro Cultural da UFMG, na Avenida Santos Dumont, é pioneiro em levar arte e reflexão ao hipercentro de Belo Horizonte(foto: Leandro Couri/EMDAPress)
O Centro Cultural da UFMG, na Avenida Santos Dumont, é pioneiro em levar arte e reflexão ao hipercentro de Belo Horizonte (foto: Leandro Couri/EMDAPress)
Há pouco tempo não parecia haver dúvida: o hipercentro de Belo Horizonte se anunciava como território promissor para a cultura da cidade. Afinal, é ali que movimentos espontâneos se reúnem, seja para manifestar sua arte – como fazem os MCs no já tradicional duelo – ou sua insatisfação, como foi o caso da Praia da Estação. Somada às manifestações autônomas da sociedade, o incremento dos espaços dedicados à arte no entorno, com aparelhos públicos e privados, contribuiu para fortalecer a vocação da área.

A chegada do Museu de Artes e Ofícios à Praça da Estação, ao se somar ao veterano Centro Cultural da UFMG, ajudou a chamar a atenção para a vocação cultural da região. Na sequência, inaugurações promissoras deram ainda mais vitalidade ao terreno. O Centoequatro se revelou espaço aberto às experimentações visuais, musicais, se juntando ao Nelson Bordello, também como opção noturna. A representação da Funarte, instalada na antiga Casa do Conde de Santa Marinha, acolheu, entre outras áreas, o teatro e a dança. Logo, o Grupo Espanca! também concretizou o desejo de habitar o Centro.

Porém, passada a onda da novidade, tal efervescência começa a dar sinais de que o avanço do chamado corredor cultural do hipercentro não pode ficar refém apenas da torcida dos cidadãos e de esforços isolados dos produtores.

A primeira baixa da região foi o Nelson Bordello, espaço conhecido por incentivar a cena musical independente de Belo Horizonte. Há dois meses o local está com o funcionamento suspenso para a regularização burocrática junto à prefeitura, já que nunca conseguiu a liberação de um alvará. “Estou tentando regularizar, mas não encontro um técnico capaz de escutar as minhas demandas. Estou engessado em um sistema de informática. Ninguém quer saber se desenvolvo um trabalho que não tem caráter exclusivamente privado, mas também cultural para a cidade. Isso não tem ressonância”, reclama o produtor cultural Bernardo Guimarães.

Ainda que a reativação da sala de cinema do Centoequatro esteja marcada para agosto, a programação do galpão histórico na Praça Rui Barbosa também pôs o pé no freio. Além do fechamento do restaurante (que inclusive tem vocação para se transformar em escola), a festa Gafieira, realizada com sucesso em sete temporadas, não tem data para voltar à agenda. Isso sem falar no potencial teatral do espaço, ainda inexplorado. “O que acontece é que a gente vai perdendo gás. Você faz, faz, faz e só encontra barreiras”, diz a coordenadora Inês Rabelo.

Uma das surpresas recentes para a casa veio com o início das obras na Avenida Santos Dumont. “Não recebi nenhuma comunicação oficial informando as mudanças na região”, denuncia. Falta de estacionamento nas imediações também é tema frequente de reclamações, além da falta de segurança. “Temos conversas e mais conversas, estabelecemos forças de trabalho com a polícia, mas ao longo das semanas vai se enfraquecendo até sumir”, conta Léo Cesário, integrante do coletivo Família de Rua, responsável pelo Duelo de MCs.

Desarticulação

O desenvolvimento da área depende de um conjunto de ações. “É uma questão de política pública e de organização”, observa Inês Rabelo, do Centroequatro. Mesmo cobrando a presença do poder público, a gestora reconhece a importância da articulação entre os organismos responsáveis por chamar a atenção para o Centro nos últimos anos.

“Chega uma hora em que as ações autônomas reverberam pouco”, diz. Inês e os gestores do Museu de Artes e Ofícios, da Funarte, do Centro Cultural da UFMG e até de outras instituições como Palácio das Artes e Sesc – também instaladas na região – chegaram a se reunir para tratar da revitalização da área. Mas o movimento se desarticulou. É aquela velha história: cada um foi cuidar da sua vida.

“Fizemos umas cinco reuniões para discutir as dificuldades encontradas, os pontos frágeis e fortes. Detectamos que o mais difícil é a divulgação com o público, porque nossos espaços são mais alternativos. Existe um preconceito em relação à área”, comenta Mirian Lott, coordenadora da Funarte MG. Segundo ela, é comum os produtores relatarem reclamações sobre o local escolhido para a realização de seus eventos. Comentários sobre a segurança e a falta de iluminação são frequentes. “Já pedimos para aumentar a iluminação e também temos que pensar em mais segurança. Eram essas questões que estávamos conversando em conjunto. Se estivéssemos juntos, teríamos mais força”, acredita.

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