A sociedade em rede precisa apenas de um bom motivo para começar a colaborar. Hoje em dia, a reputação nas redes sociais é tão importante quanto fora dela. Pesquisa revela que 80% dos usuários de redes se conectam às empresas via Facebook. A força de uma marca se mede também por sua reputação e de que maneira ela atinge as pessoas com ações sociais. Autor do livro Você é o que você compartilha, Gil Giardelli discute o poder das redes no mundo corporativo. Para ele, inovação é a palavra de ordem do século 21. Hoje, pequenas ações individuais em rede podem ganhar adeptos no mundo inteiro. "Vivemos agora a generosidade coletiva, o social good", conceitua Giardelli, que participou na semana passada em Belo Horizonte, como palestrante, da 28ª Inforuso, evento promovido pela Sucesu, que discutiu os rumos da tecnologia da informação e seus impactos nas empresas.
Marcas espertas
Não é possível mais um modelo de negócios focado somente em resultados. O termômetro hoje é a utilidade e o quanto o serviço pode ajudar pessoas a se conectar. Para Giardelli, muitas ações empreendedoras ocorrem no Brasil, mas temos sempre a ideia de valorizar o que vem de fora. "As grandes inovações de hoje vêm de pessoas que estão observando as ruas e trazendo facilidades. A marca pode caminhar junto nessa esteira", conclui.
A reinvenção da escola
A grande discussão que se faz hoje também envolve o futuro da escola. Alunos, pouco estimulados, se interessam cada vez menos pelo modelo tradicional de ensino. Para Giardelli, a função do professor nunca foi tão importante e desafiadora: "O professor é um grande maestro. O aluno, muitas vezes, já tem o conteúdo, que está acessível ao toque dos dedos, e o professor precisa ressignificar tudo isso".
Conexão X Hiperconexão
A reeleição de Barack Obama é um exemplo de como um evento em outro país ganha visibilidade em todo o mundo. "Parecia até uma eleição global, todo mundo estava vivendo aquilo", afirma. Por outro lado, ele reconhece que as pessoas, hiperconectadas, estão exagerando no consumo de tecnologia. “Tudo que é excesso faz mal e o efeito disso pode ser nocivo”, alerta.
O fim da web
Mais gente conectada e menos tempo para visitar sites, quase sempre difíceis de serem acessados por meio dos novos dispositivos móveis. Em 2010, a revista Wired anunciou o fim da web. Era a aposta de que as pessoas trocariam sites por aplicativos, e eles estavam certos. Estudos mostram que o usuário de tablets têm em seus dispositivos uma média de 20 aplicativos, mesmo com uma gama de mais de 1 milhão de aplicativos disponíveis nas app stores. Com esses programas eles quase não recorrem mais à web para buscar o que precisam.
Social good
Outra observação importante para uma marca hoje em dia é estar engajada a ações sociais e soluções que fazem a diferença na vida das pessoas. Estamos mudando nossa relação com a cidade e com organizações não governamentais. Sindicatos estão perdendo espaço para os cidadãos conectados, que filmam ou fotografam o cotidiano das cidades e utilizam as redes sociais para chegar até as autoridades e promover mudanças. Pessoas com os mesmos sonhos e desejos se conectam e fazem as coisas acontecerem em sua cidade ou país. Gil Giardelli chama isso de empreendedorismo social, referindo-se aos sonhos que unem pessoas com objetivos comuns.O futuro é colaborativo e emerge agora uma nova sociedade, que vive em rede e inova em rede. A análise do comportamento dos nativos digitais mostra que o consumo de informação e produtos em dispositivos móveis cresce em razão exponencial. Segundo ele, o digital invade o real e é cada vez mais difícil separar uma coisa da outra. Na sociedade em rede, empresas e pessoas nunca estiveram tão próximas. Se você convidar as pessoas a participar, elas vão aceitar o convite. Não existe imposição. Tudo faz parte de um jogo lúdico e divertido. As marcas estão ganhando visibilidade e, melhor, ganhando a simpatia das pessoas. Para o especialista, a posição de uma marca nas redes sociais e o engajamento das pessoas a essas marcas são cruciais hoje em dia.
AÇÕES QUE FAZEM A DIFERENÇA
Teto para o meu país
Organização latino-americana nascida no Chile em 1997. Sem fins lucrativos, é liderada por jovens voluntários universitários e profissionais que se unem para melhorar a qualidade de vida a partir da construção de casas de emergência e programas de habilitação social. Já foram construídas mais de 85 mil moradias.
» clubedareforma.com.br/um-teto-para-o-meu-pais
Almoço coletivo
Projeto que começou no Reino Unido, tem como objetivo reunir pessoas para almoçar com seus vizinhos uma vez por ano. Em um simples ato de amizade, comunidades inteiras fecham ruas, se relacionam e melhoram o convívio social.
» thebiglunch.com/
Corrente do Bem
A Corrente do Bem busca conscientizar as pessoas com ações simples entre amigos. O movimento começou no Brasil em 2011. É um dia marcado para fazer boas ações em larga escala.
» acorrentedobem.org/
Adote um sorriso
O programa de apadrinhamento envolve crianças de Nairóbi, capital do Quênia. O projeto 50 Sorrisos começou com o trabalho de uma brasileira. Você pode contribuir com R$ 20 por mês.
» 50sorrisos.com/como-ajudar/torne-se-um-padrinho/
Para se inspirar
Quem se importa, filmado em nove países, é um documentário sobre empreendedores sociais ao redor do mundo. São ações inovadoras de políticas públicas que causam impacto social. Vale a pena conhecer essas histórias..