Jornal Estado de Minas

HISTÓRIA, ATUALIDADES

A segurança nas Olimpíadas 2016 e o atentado de Munique

Uma das maiores preocupações das Olimpíadas Rio 2016 é a segurança dos atletas e das cidades que receberão os diversos jogos olímpicos, em especial o Rio de Janeiro. Segundo autoridades, as forças armadas já começaram a fazer testes de patrulhamento na cidade e estima-se que cerca de 85 mil policiais e soldados trabalharão para garantir a segurança de atletas, moradores e turistas - o número corresponde a mais que o dobro da segurança dos jogos de Londres, em 2012. Além disso, segunda a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), cerca de 110 agências de inteligência estarão baseadas no Rio de Janeiro para prevenir possíveis ataques.
Terrorista palestino negociando com a polícia - Foto: Essa insegurança se dá em um cenário internacional instável e preocupante de ataques terroristas gerados por conflitos religiosos e de terra, protagonizados principalmente por organizações jihadistas extremistas como o Estado Islâmico (ou ISIS) e o Boko Haram, que atacaram recentemente, entre outros lugares, a França, Síria, Nigéria, Alemanha, Bélgica e Turquia.

Tal preocupação, inclusive, não surge sem precedentes: nas Olimpíadas de 1974, em Munique, na Alemanha, a organização Setembro Negro, parte da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), realizou um ataque na Vila Olímpica, onde os atletas se hospedam durante os jogos, e fez reféns 11 integrantes da equipe de Israel.

No dia 5 de setembro, já na segunda semana dos jogos Olímpicos, oito palestinos do Setembro Negro invadiram dois quartos da delegação israelense durante a madrugada e fizeram 11 reféns, dentre eles dois treinadores. O objetivo da ação era fazer com que o governo de Israel liberasse 234 palestinos presos e dois alemães membros da Fração do Exército Vermelho - se seus pedidos não fossem atendidos até às 9h da manhã, todos os reféns morreriam. Com suas exigências negadas, instaurou-se um caos que durou pouco mais de 24 horas.

Policiais alemães se aproximam do apartamento onde os terroristas fizeram onze reféns - Foto: Ao perceberem que não conseguiriam o que desejavam, após 15 horas de negociação com a política, os terroristas mudaram seu pedido e ordenaram helicópteros até o aeroporto, onde pegariam um avião para o Egito ao lado dos 11 reféns. A polícia aceitou o pedido, porém armou uma emboscada - que logo foi percebida pelo grupo e não deu certo graças à falta de organização e ao despreparo dos atiradores e dos equipamentos inadequados para a situação. Assim, iniciou-se um tiroteio que resultou na morte de um policial alemão, dos onze reféns e cinco palestinos, incluindo o líder da ação.

Os três que saíram vivos se entregaram e foram presos.

Atletas vítimas israelenses mortos no atentado - Foto: O comitê das Olimpíadas apenas decidiram suspender os jogos após 12 horas e muita pressão internacional. Foi feita uma cerimônia de encerramento da qual participaram cerca de 80 mil espectadores e 3 mil atletas.

Infelizmente, não parou por aí. Dois meses mais tarde, terroristas palestinos simpatizantes ao Setembro Negro sequestraram o voo 615 da Lufthansa exigindo que os três palestinos presos fossem soltos. Apesar dos protestos das autoridades de Israel, o governo alemão cedeu ao pedido e os três terroristas voltaram à Líbia onde foram recebidos como heróis. Entretanto, a primeira-ministra israelense, Golda Meir, ordenou que fossem perseguidos, resultando no assassinado de dois deles.

Por fim, os palestinos terroristas afirmaram que a grande razão do atentado em Munique era chamar atenção mundial para a causa da independência da Palestina, pois seu território estava sob ocupação militar de Israel desde o fim da década de 1960. Muito se comentou sobre o despreparo das autoridades alemãs e sobre a fraca e relaxada segurança oferecida para os atletas durante as Olimpíadas. Sabendo que poderiam ser atacados, a delegação israelense já havia pedido reforço na segurança armada na Vila Olímpica ainda antes de desembarcarem em Munique.

As autoridades alemãs disseram que atenderiam o pedido, mas nada foi feito. A razão para isso foi que desejava-se evitar uma ideia de militarização nas cidades alemãs e fugir da lembrança e da imagem deixadas durante as Olimpíadas de Berlim, em 1936, quando o país era governado pelo ditador Adolf Hitler.

Artigo desenvolvido por Percurso Pré-Vestibular e Enem

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