Recentemente, um dos "memes" mais acessados na internet foi a aplicação da proporção áurea a uma foto mostrado um homem caído em uma briga que se recusava em largar a garrafa de cerveja. A foto tirada em Manchester no Reino Unido por um jornalista, mostra vários elementos após uma briga que vão desde a polícia tentando conter um dos agressores, uma mulher histérica e um homem caído na rua segurando a cerveja. Como uma forma de demonstrar a perfeição da imagem, foi criado um meme para internet utilizando a proporção áurea. Mas você sabe que isso significa?
A proporção áurea, proporção da extrema razão ou proporção de ouro é uma constante real algébrica irracional representada pela letra grega Φ (PHI), em homenagem ao escultor Phideas (Fídias), responsável pela construção das colunas no Parternon na Grécia Antiga. O cálculo da proporção áurea é realizado quando você divide uma linha em dois pedaços (A e B), de forma que a razão entre eles (A/B) é igual à razão entre a linha inteira e o pedaço maior ((A+B)/A). Isto é aproximadamente igual a 1,618. Ela também está relacionada à sequência de Fibonacci: 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, 233… Ela é formada pela soma dos dois números anteriores: 1+1=2, 1+2=3, 2+3=5, e assim por diante. Ao dividir um número pelo outro, você se aproxima continuamente da proporção áurea.
Utilizada desde a Antiguidade na arquitetura e engenharia, essa constante com valor arredondado de 1,618 ficou muito conhecida especialmente na arte renascentista e também está relacionada com a natureza. O número de ouro ou Φ é encontrado de forma aproximada no tamanho dos ossos dos dedos do homem, no exoesqueleto de artrópodes, nas colmeias e outros exemplo que envolvem o crescimento na natureza. Devido a essas características, esse número foi considerado uma "proporção divina", quase sobrenatural, para representar a perfeição na arte, design, literatura e natureza.
Por outro lado, alguns pesquisadores como os matemáticos Keith Devlin e George Markowsky vêm tentando por muitos anos desmistificar a proporção áurea. Por exemplo, Devlin nota que diversos exemplos populares – o Partenon, as pirâmides egípcias, a Mona Lisa – na verdade não se encaixam na proporção áurea. Já Markowsky acredita que a razão áurea pode ser encontrada na natureza e na arte. No entanto, há quem faça um esforço tremendo para visualizá-la onde ela não existe. Mito ou não, a proporção áurea ainda vai encantar muita gente, até mesmo para exemplificar uma bebedeira "épica".
Raphael Xanchão é professor de matemática do Percurso Pré-vestibular e Enem.