Recentemente, a mandioca foi alvo de críticas e memes na internet, devido a um discurso surpreendente da presidente Dilma Rousseff que "saudou" a planta durante a cerimônia de abertura dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas. Apesar da sua importância alimentar nos países em desenvolvimento, a mandioca já se envolveu em discussões políticas e polêmicas na História do Brasil, sendo que o primeiro projeto de constituição do país foi denominado popularmente como a "Constituição da Mandioca".
Após a proclamação da independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822, tornava-se necessária a criação de uma nova constituição para a nação. Apesar da implantação de um monarquia no Brasil, os representantes das províncias reuniram-se para início dos debates em 3 de maio de 1823.
Nesse período havia discussões intensas entre os partidos português e brasileiro, lembrando que D. Pedro I, o primeiro imperador, era português. Para tornar a questão mais explosiva, muitos membros do partido português desejavam que o Brasil voltasse a ser colônia novamente. Mesmo ainda não existindo um sentimento nacionalista, havia uma lusofobia muito forte entre a elite colonial brasileira.
Com membros eleitos por 14 províncias, destacavam-se na Constituinte, os grandes proprietários rurais, bacharéis em leis, além de militares, médicos e funcionários públicos.
A mandioca como exclusão política
O projeto foi influenciado pelas ideias do Iluminismo e do liberalismo econômico. Eles desejavam também limitar o poder do imperador, impedindo que ele tornasse absolutista. O nome de "Constituição da Mandioca" com que veio a ser conhecida pela sociedade, deveu-se ao modo com que instituiu o voto indireto censitário, em que os eleitores tinham que provar uma quantidade mínima alqueires de plantação de mandioca de acordo com o cargo político. Segundo esse texto, um deputado para se candidatar tinha que provar uma renda mínima de 500 alqueires de mandioca e o seu eleitor uma renda de 250 alqueires.
Essa foi uma tática que a elite brasileira encontrou para excluir a população pobre e os portugueses do processo político, pois somente grandes proprietários de terra cumpririam os requisitos de participação.
O fim da primeira Assembleia Constituinte do Brasil
Insatisfeito com os andamentos dos trabalhos da Assembleia Constituinte e prevendo que seus poderes seriam limitados, D. Pedro I manda dissolvê-la em 12 de novembro de 1823, no episódio conhecido como a "Noite da Agonia". Esse foi o fim da "Constituição da Mandioca".
Depois do fato, o imperador reuniu dez cidadãos de sua inteira confiança, que a portas fechadas redigiram a primeira constituição do Brasil, outorgada em 25 de março de 1824. Essa constituição tinha como principal característica a centralização do poder nas mãos de D. Pedro I, através do poder Moderador e do Padroado.
Artigo do Percurso Pré-vestibular e Enem.
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