No final de 2018, o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu a prática do homeschooling ou educação domiciliar – ato de educar os filhos em casa. A decisão está em vigor até que seja regulamentada pelo Congresso Nacional. Entretanto, nesse ano, o assunto tomou outros rumos. O novo governo colocou como meta para os 100 primeiros dias de gestão editar uma medida provisória para regulamentar o método.
De acordo com a Associação Nacional de Educação Domiciliar (ANED) - instituição sem fins lucrativos, fundada há 8 anos - hoje, cerca de 15 mil crianças e adolescentes são educadas nesse formato e integram uma das 7,5 mil famílias adeptas da prática.
Outra pesquisa do órgão mostra que 32% dos pais acham que os filhos terão uma educação mais qualificada fora da escola e 25% declararam problemas relacionados aos princípios de fé da família. Violência e bullying também foram as principais motivações declaradas pelos pais para optarem por ensinar os filhos em casa.
Bullying também é um dos motivos que pesou na hora da dona de casa Adna Souza escolher deixar os em casa. Mãe de 3 crianças, seu filho do meio apresentava um pequeno problema na fala e, por esse motivo, ela foi aconselhada a colocá-lo em uma escola, mas nada era resolvido. "Ele não conseguia conviver com as outras crianças, que zombavam dele. Era um sofrimento.
Quando saiu, João estava no terceiro ano do ensino fundamental e as mudanças observadas por sua mãe foram bastante significativas. "A autoestima aumentou muito e ele até se desenvolveu nas matérias que tinha dificuldade", acrescenta. Mesmo com todo avanço, Adna não descarta a possibilidade dos seus filhos voltaram a estudar em instituições convencionais mas acredita que exista um tempo certo para isso.
Os pais que adotam o método garantem que, em casa, as crianças não ficam sem suporte, seguem um roteiro definido, com uso de apostilas e livros baseados no currículo formal escolar. A metodologia é diferente e exige mais disciplina. Os responsáveis ainda defendem que no homeschooling a socialização das crianças é mais natural porque elas acabam escolhendo seu grupo de amizade espontaneamente e não pelo simples fato de estudarem no mesmo local.