Sem desespero e, muito menos, desânimo. Essa é a dica de educadores para os estudantes que, neste domingo (11), fazem as últimas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2018 – ciências da natureza e suas tecnologias e matemática e suas tecnologias, com duração de cinco horas destinadas à resolução de 90 questões. Segundo Marco Aurélio Ferreira Alves, coordenador pedagógico do Colégio Nossa Senhora das Dores, no Bairro Floresta, na Região Leste de Belo Horizonte, o Enem é o “conjunto da obra”, então o candidato não deve desistir de continuar participando.
Marco Aurélio explica que a correção das provas do Enem, nas quais se avaliam conhecimento e habilidade, é muito diferente do usual ou das realizadas em sala de aula no ensino médio. “Por isso mesmo, ninguém pode sofrer por antecipação, pensando que já perdeu. O melhor é manter a tranquilidade e procurar ficar bem, pois o lado emocional interfere demais na hora de responder as questões”, afirma o professor, lembrando que o resultado positivo na redação e na prova de matemática fazem a diferença.
A comerciária Sabrina Lorena de Oliveira, de 23 anos, moradora do Centro da capital fez a prova no domingo passado em Três Marias, na Região Central, onde mora a família. No seu segundo Enem e interessada em estudar biomedicina, Sabrina tem “problemas com química, física e matemática”, mas nem por isso perde o entusiasmo. “Fico supernervosa, pois sou melhor na área de humanas”, conta a jovem que tem como meta a faculdade. “Quero muito fazer o curso superior.
Na mesma loja, no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul, trabalha Isabella Trindade, de 19, moradora do Bairro Letícia, em Venda Nova. No ano passado, ela fez cursinho e este ano, com o emprego, deixou de lado os livros, cadernos e apostilas. Certa da escolha profissional (psicologia), a comerciária informa que seu desempenho, baseado em gabaritos extraoficiais, foi regular. “Mas não posso parar, não, tenho que fazer faculdade”, confessa com segurança.
De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia do Ministério da Educação, o Enem 2018 registrou o menor percentual de ausentes (24,9%) desde 2009, quando passou a ter dois dias de aplicação. Domingo passado, primeiro dia de prova, 1,4 milhão de participantes faltaram. Os organizadores, em nota, informam que “como a abstenção é um dado que considera os dois dias de aplicação, esse número pode diminuir, mas não aumentar”. O Enem 2018 teve 5,5 milhões de inscrições confirmadas.
SEM PARAR “Se não for agora, ano que vem tem mais”, diz, confiante, Guilherme Octávio Dias Viana, de 17, aluno de escola pública e morador do Bairro Santa Terezinha, na Região da Pampulha. Entusiasmado em cursar engenharia mecânica, o jovem diz que o seu forte é a área de exatas. “Agora é para valer. Quero tirar uma boa nota”, observou. Estudante de análise e desenvolvimento de sistemas em faculdade particular, Danielly Cristinne Oliveira Ribeiro, de 22, quer mudar para letras, de preferência na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e tentar o Prouni, para, se aprovada, ficar livre das mensalidades. O desempenho na semana passada foi regular, mas não dá para parar, acredita a vendedora, que gosta de escrever e já lançou um livro físico e na plataforma digital, Sinto muito, meu amor, com o nome de Danielly Cor (as três letras do sobrenome).
O professor Eduardo Calbucci, um dos fundadores do Programa Semente, presente em todo país, destaca a importância de comparecer ao segundo dia de prova “mesmo que o resultado do primeiro dia tenha sido aparentemente ruim”. Lembrando que a taxa de abstenção no segundo dia do Enem 2017 foi de 32%, Calbucci afirma que um dos motivos que podem levar à abstenção no segundo dia são os pensamentos que aparecem na semana posterior à aplicação do primeiro caderno.
Focar no futuro se torna essencial, “porque ele não pode mudar o passado”. E o professor Calbucci faz questão de animar os candidatos: “Quando pensamos no aumento da abstenção, vemos que muitos não conseguem esse resultado porque faltam resiliência e determinação. E, às vezes, descobrem que, no fim das contas, não tinham ido tão mal no primeiro dia. Independentemente do que ocorreu na primeira prova, se algo não deu certo, é preciso transformar aquele erro em aprendizado e fazer com que aquilo não se repita.”
Então, vale o conselho de Débora Avelar, de 18, moradora do Bairro Pirajá, na Região Nordeste da capital. Bem preparada para a prova deste domingo, ela não esconde a ansiedade. “O segundo domingo é mais minha área. Estou, agora, relaxando a mente, em casa, e o corpo, fazendo caminhadas. Assim, fico bem tranquila”, diz a jovem.
Não perca, neste domingo gabarito extraoficial das provas do Enem 2018, parceria Chromos/Portal Uai.