Nervos à flor da pele, corações a mil e, para quem estudou o ano inteiro, muita tranquilidade. O primeiro domingo de provas do Exame Nacional do Ensino Médio 2018 (Enem), ontem, teve afagos apaixonados de casais a poucos minutos de os portões fecharem, choro de ansiedade de candidatas, pais ao lado dos filhos, para um abraço de força, orações e sorrisos para espantar o nervosismo. Com o calorão da tarde, embora com o céu cinzento indicando chuva, a jovem Micaella Neves, de 21 anos, ganhou um beijo de boa sorte do namorado Marcos Prado, médico, de 23. Os dois rezaram juntos e, “em nome de Jesus”, se despediram para a jovem entrar no câmpus Coração Eucarístico da PUC Minas, na Região Noroeste.
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Prisões de gêmeos em Minas Gerais quebram tranquilidade do Enem 2018Enem 2018: redação é surpresa e assuntos sociais mantêm força em ciências humanasGabarito extraoficial do Enem 2018: parceria do Portal Uai e ChromosPerto dali, Rayane Torres Mansur, de 18, residente em São José da Lapa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, não escondia o nervosismo e chorava ao lado dos pais, Márcio Wagner, mestre de obras, e Patrícia Torres, esteticista.
DOIS GRUPOS Na porta, havia dois grupos bem distintos: um formado por rapazes e moças segurando placas com palavras positivas, a exemplo de “Vai dar certo” e “Abraço grátis”, para acolher quem chegava; e outro deixando os candidatos mais nervosos ainda, já que gritavam “Vai fechar! Vai fechar!” a poucos minutos de o portão de entrada ser cerrado, o que ocorreu às 13h05. Apenas uma mulher chegou atrasada, e, ao ver o número de repórteres partindo em sua direção, preferiu ir embora. Pôs a culpa no horário de verão e não quis mais conversa.
A estudante de jornalismo Cynthia Medlen, de 22, contou que está fazendo o Enem pela quarta vez, pois tenta o programa federal Prouni de forma a se livrar das mensalidades na faculdade particular. “Estou confiante e quero também receber o abraço gratuito”, disse a jovem de 22 anos, seguindo em direção à placa “Abraço grátis”. Para Wanderson da Silva Alves, um dos jovens católicos que acolhiam os estudantes, o gesto servia para reduzir as tensões e o estresse dos candidatos. “Estamos aqui para receber homens e mulheres”, afirmou.
No entorno da PUC Minas, havia ambulantes vendendo água, fazendo propaganda de pré-vestibular e, principalmente, comercializando canetas. Com as mãos na boca, para amplificar a voz, um homem gritava a plenos pulmões: “Última chance. Caneta a R$ 2”. Para fazer valer a concorrência, outro dizia do outro lado da rua. “Aqui é R$ 1”.
Interessado em estudar psicologia, Gabriel Henrique Rocha, de 18, morador do Bairro São Salvador, chegou disposto a fazer boa prova. “Confio em mim mesmo”, afirmou. Cheia de atitude, Laís Ingrid, que quer cursar medicina veterinária, chegou com o “Kit Enem”, com um lanchinho e muita água mineral para dar conta do calor.
Pelo Brasil
Redação
De acordo com o ministro da Educação Rossieli Soares, o tema da redação – “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet” – foi escolhido há cerca de quatro meses e não houve influência dos recentes episódios envolvendo notícias falsas nas eleições.
Horário de verão
No Rio de Janeiro, a estudante Monique Moreira, de 20 anos, se atrasou e pôs a culpa no horário de verão. “Com menos uma hora, ficou complicado.
Memes
Nos últimos anos, o dia do Enem ficou marcado por uma série de piadas publicadas nas redes sociais. Neste ano, o baixo número de atrasados levou perfis no Twitter a decretação do fim do #ShowDosAtrasados, hashtag que ficou popular nas últimas edições do exame. “Não se fazem mais atrasados como antigamente”, disse um internauta.
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