Jornal Estado de Minas

Aulas de ioga e meditação são usadas em salas de aula para melhorar desempenho dos alunos

Todos, inclusive as crianças e jovens, precisam de concentração e foco para desempenhar diversas atividades, até aquelas que são realizadas com frequência.

 

Por esse motivo, encontrar exercícios que, além de trazer benefícios físicos, acalmam e trabalham a autoestima, paciência e confiança das crianças é uma preocupação de muitos pais.

 

Não é à toa que a procura por aulas de yoga tem aumentando consideravelmente. Em alguns países, essa prática já está sendo levada para as salas de aula. 


Em Londres, no Reino Unido, crianças de três anos já estão aprendendo a técnica. As aulas de yoga, que foram criadas para combater a ansiedade e o estresse das crianças, incialmente eram ministradas em duas creches da capital britânica. Mas os testes foram tão bem sucedidos, que as aulas já são ministradas em cinco creches no total. E a Fundação London Early Years agora quer levar as o yoga para crianças de toda a cidade. 


No Brasil, muitas escolas também estão abraçando esta ideia. Exemplo disso, é a Ananda – Escola e Centro de Estudos, pioneira na prática meditativa no ambiente escolar na Bahia.

 

Todos os dias, antes de abrir o caderno e pegar o lápis e a borracha, os alunos da Ananda iniciam o dia letivo com atividades diferentes, que incluem exercícios de alongamento para relaxar o corpo físico e, na sequência, exercícios de conectividade (reflexão, concentração, meditação, vibração, percepção, contemplação e exaltação).


"Desde que a Ananda foi implantada, em fevereiro de 1996, já iniciamos com a prática da meditação", destaca Carina Sales, diretora da escola. Essa iniciativa, trouxe inúmeros benefícios, entre eles, maior concentração dos estudantes, melhores condições de compreender os conteúdos exposto em sala e mais sensibilidade à questões do autoconhecimento.

 

Aliás, engana-se quem pensa que na escola a meditação é uma prática isolada. Lá, os alunos têm aulas de autoconhecimento e consciência. 


Além do conteúdo curricular exigido pela Lei de Diretrizes e Bases para cada ciclo, a escola investe na educação integral do ser humano. Lá, além de Português, Matemática, Ciências e outras disciplinas, os professores buscam despertar e expandir os aspectos físicos, psíquicos e moral para desenvolver a genialidade dos alunos. "O trabalho da consciência não pode ficar restrito aos muros da escola. Quanto mais pessoas humanizadas e conscientes, menor será o caos social", afirma Carina Sales, diretora da Ananda – Escola e Centro de Estudos.

Em um mundo tão agitado e repleto de estímulos que favorecem a agitação e dispersão, um momento de paz e silêncio é algo que parece impensável para algumas pessoas – embora seja muito necessário e bem-vindo.

E a meditação consiste justamente nisso.

 

Segundo a psicóloga Ana Claudia Afonso, de todos os recursos que podem ser utilizados para exercitar o autocontrole e acalmar as crianças, o mais eficiente é o exemplo. "Os pequenos fazem parte de um grande sistema familiar e convivem diariamente com essas pessoas. Por conta disso, elas acabam absorvendo as característica desses indivíduos", explicou a psicóloga. 


A especialista é a favor das práticas meditativas para as crianças. Na opinião de Ana Claudia também é importante que as escolas passem a abordar mais questões comportamentais e não apenas os conteúdos curriculares. "Atividades que proporcionam o autoconhecimento e um percepção maior das emoções ajudam muito. E quanto antes os pequenos iniciarem essas práticas, mais cedo eles vão encontrar outras formas de expressar os seus sentimentos e desenvolver características importantes como o autocontrole", conclui. 


A professora universitária do curso de Odontologia Hervânia Santana da Costa sabe bem disso. Ela matriculou a filha Larissa da Costa Mota, aos 2 anos, na Escola Ananda.

"No mundo de hoje com esta vida louca, consumismo exagerado, eu queria proporcionar mais equilíbrio para a minha filha. A escola já foi uma escolha neste sentido". 


Depois de praticar ioga e meditação durante a gestação da filha, Hervânia percebeu os benefícios da prática na menina, que hoje tem oito anos. "No início, era só uma sensação de relaxamento, acredito. Mas hoje, ela é uma criança que tem uma forma de viver diferente, tem muitos insights, uma visão crítica do mundo. Para a idade dela, é muito consciente".


Larissa cresceu vendo a busca da mãe por paz, equilíbrio para a construção de um mundo mais harmonioso. Atualmente, Hervânia tem um ritual que não abre mão. Ao acordar, após alguns exercícios de alongamento, dedica-se, pelo menos, 10 minutos à prática meditativa. "Sinto que só este exemplo já é muito importante. No futuro, Larissa já vai crescer com esta referência e vivência".

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