Jornal Estado de Minas

Professores de três colégios de BH dão dicas sobre as provas do Enem


Três áreas que estarão, pela primeira vez, reunidas num mesmo dia. Nada de números. No primeiro dia de aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), as palavras vão comandar a avaliação. Interpretação vai permear as três áreas, com destaque para a de linguagens. Obediência à norma culta da língua, escrita e a clareza de ideias darão o tom da redação. Fatos históricos, aspectos geográficos, sociais e filosóficos vão direcionar o teste de ciências humanas. Na véspera do início da maratona para a qual 7,5 milhões de pessoas se inscreveram, sendo 660.797 só em Minas Gerais, professores de três colégios de Belo Horizonte dão dicas e apontam os principais desafios das provas.

Neste domingo, a partir das 19h, não perca a divulgação da sugestão de gabarito do Enem 2017 pelo Chromos e Portal Uai

Redação é, sem dúvida, a mais importante, uma vez que num único texto estão em jogo 1 mil pontos. Professora de redação do Colégio Loyola, na Região Centro-Sul de BH, Flávia Volker diz que, embora a mudança da produção de textos, tradicionalmente aplicada no segundo dia de provas, seja fruto de pesquisa feita com os participantes, o desafio do primeiro dia é encarar uma avaliação repleta de textos.
Por isso, o ideal é, até lá, fazer provas anteriores na íntegra, na sequência atual do Enem, marcando o tempo.

“O grande desafio é, num momento de tensão, fazer uma redação tendo junto 90 questões fechadas e uma coletânea que traz menos recortes. O enunciado é um texto pequeno, que normalmente traz um gráfico ou infográfico que dá o recorte. O menino que lê bem a proposta ganha muito com isso”, diz a professora. Ela lembra que, normalmente, o tema do Enem vem de uma questão discutida recentemente ou de algo que se analisa como importante para o conhecimento do aluno. Temas mais gerais, como saúde da mulher e desigualdades, e o que figurou na mídia e em debates de redes sociais são fortes candidatos a estar na redação”, diz.

DIVERSIDADE
São apostas questões dos grandes centros urbanos, seja mobilidade ou violência. Também a inclusão, ligada à acessibilidade. Flávia lembra que agora é lei as escolas aceitarem crianças com deficiência, considerando o universo de como conviver com essa diversidade, como incluir no grupo e obter colaboração.
“Já caiu mulher, idoso, mas ainda não apareceu questão de grupos indígenas (reserva, não delimitação, uso das terras). Este foi também um ano em que se discutiu muito a situação do trabalhador e a reforma da Previdência.

Flávia Volker ressalta que o público e o privado já foram tema de prova, mas que estamos num tempo em que redes têm sido usadas para manifestar opinião, mas não para fomentar debates. A professora destaca que as competências do Enem – sustentabilidade, direito, vida urbana – costumam navegar pelo que a própria escolha dos textos aborda. “Às vezes, a prova vai para temas muito específicos, como a publicidade infantil. Poderia cair movimento migratório do mundo? Sim. Nunca caiu e também está no foco é a preservação da cultura e do patrimônio histórico.”

- Foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press
INTERPRETAÇÃO
Concentrar-se no enunciado para encontrar a resposta correta é também fundamental na prova de linguagens. “O aluno deve entender que se tenho cinco alternativas, todas estão dentro de um universo proposto e o conhecimento prévio dele servirá para facilitar a interpretação, mas jamais será cobrado enquanto questão. Toda pergunta tem uma resposta correta, não é pegadinha”, diz a professora de língua portuguesa do Colégio Unimaster, na Região Oeste de BH, Monika Nascimento Almeida dos Santos.
Ter conhecimento do gênero proposto e das intenções comunicativas também é fundamental, segundo Monika.

Para este ano, são esperados textos retirados do ambiente virtual, envoltos na esfera do adolescente, entre eles memes e fragmentos de WhatsApp. “Podem estar na avaliação e não em termos da banalização da linguagem, mas de proposta. O aluno tem que juntar sua bagagem de informação à interpretação contextual.” A professora destaca que interpretação também é cobrada nos conteúdos de literatura e, por isso, os contextos vão ajudar a analisar as propostas de cada um dos autores de época.

Outra dica é ler título e fonte antes de qualquer outra parte. “Os alunos vão direto para o texto. Esses dois elementos antecipam o que será lido. A fonte dirá o estilo de texto que se tem e o título pode revelar uma irona, por exemplo. Sabendo as intenções comunicativas e o gênero, já se sabe o que está sendo pedido”.

A interpretação sempre foi um dos desafios da prova de ciências humanas que, nos últimos dois anos, passou a cobrar dos participantes também mais conteúdo e conceitos, segundo o professor de geografia Aldo Resende, do Marista Dom Silvério. Estar atento aos temas atuais do Brasil e do mundo, geopolítica e a tudo que se relaciona com a sociedade. “A prova de humanas auxilia muito na redação. Quando pensar em prova do Enem, tenha em mente que é preciso estar atualizado e ler bastante.
Mas as atualidades cobradas são referentes ao período de junho do ano anterior a junho do ano corrente. Tem aluno que começa a ler revista em agosto”, comenta..