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Estado de Minas

Rede municipal reforça aulas de língua inglesa

Disciplina será obrigatória na rede pública a partir de fevereiro, na volta às aulas, para 8 mil estudantes do 6º ano. Em vez de três, serão quatro anos de estudos


postado em 07/12/2014 06:00 / atualizado em 07/12/2014 08:10

Brenda Vieira e Bruno Figueredo agarraram a chance de uma bolsa de estudos e avançaram no aprendizado da língua (foto: Gladystone Rodrigues/EM/D.A Press)
Brenda Vieira e Bruno Figueredo agarraram a chance de uma bolsa de estudos e avançaram no aprendizado da língua (foto: Gladystone Rodrigues/EM/D.A Press)

Educadores são unânimes: quanto mais cedo em contato com uma língua estrangeira, maior é a facilidade para aprendê-la. Pensando nisso, Belo Horizonte dará, a partir do ano que vem, passo importante no ensino de idiomas, com vistas à internacionalização da capital mineira. O inglês, atualmente na grade curricular de quem está no fim do ensino fundamental, será estendido aos pequeninos. Em fevereiro, quando começarem as aulas, a disciplina será obrigatória para 8 mil estudantes do 6º ano e uma opção das escolas para a meninada com idades entre 9 e 10 anos. A medida corrige ainda um erro de 17 anos: em vez de quatro anos, alunos da rede municipal tinham a matéria por apenas três. A cidade investe também em programas de capacitação de professores. De melhoria nos conhecimentos, passando pela reformulação da metodologia até intercâmbios, eles têm mostrado que sala de aula também é celeiro de gente globalizada.


A Portaria 317/2014, da Secretaria Municipal de Educação (Smed), publicada no fim de novembro, define, entre outras questões, a ampliação da língua estrangeira para o 2º ciclo do fundamental, formado pelos 4º, 5º e 6º anos (crianças com 9, 10 e 11 anos, respectivamente). Desde a mudança do sistema de séries para ciclos, em 1997, o segundo idioma passou a ser oferecido somente no 3º ciclo – a partir do 7º ano (antiga sexta série) –, desobedecendo às determinações da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), de 1996, que prevê a obrigatoriedade do ensino de língua estrangeira a partir da 5ª série, ou seja, nos quatro últimos anos do nível fundamental.

O ensino do idioma para as crianças do 4º e 5º anos será opcional nas escolas, mas a gerente de Coordenação da Política Pedagógica e de Formação da Smed, Dagmá Brandão, acredita que a adesão será grande. Segundo ela, a globalização e os grandes eventos esportivos que o país tem sediado fazem a prefeitura redimensionar a importância de uma segunda língua. “É quase uma necessidade e, muitas vezes, a escola pública não oferece essa possibilidade. BH quer trazer para o currículo dos meninos o quanto antes, pois quanto mais cedo se tem contato com uma língua, mais fácil é para aprendê-la.”

Estímulo Os impactos prometem ser muitos e vão desde da organização do currículo à formação de professores. Para dar suporte a esse novo passo, a Smed e a Secretaria Municipal Adjunta de Relações Internacionais apostam em parcerias de peso com instituições privadas e não governamentais para levantar o inglês de educadores e estudantes. O programa Improve your English trabalha com três vertentes: a formação do professor, intercâmbio para docentes e discentes e uma metodologia atrativa e diferente.

Um dos parceiros é o Icbeu, que concedeu, em agosto passado, 20 bolsas para estudantes de baixa renda da rede municipal de ensino pelo período de dois anos. As aulas, de duas horas, são ministradas duas vezes por semana. Para quem agarrou a oportunidade, poucos meses depois já foi possível ver a diferença. Aluna do 9º ano da Escola Municipal Prefeito Osvaldo Pieruccetti, no Bairro Jardim Filadélfia, na Região Noroeste de BH, Brenda Isabelle Vieira Caires, de 14 anos, só lamenta não ter tido antes a oportunidade. Ela foi indicada pela direção do colégio, seguindo orientação da secretaria, que procurava bons alunos, para integrar o programa Abraham Lincoln, do Icbeu.

Ela foi aprovada no processo de seleção, que contou com análise socioeconômica, dinâmica de grupo e prova escrita sobre o interesse dos adolescentes na língua inglesa, e garantiu a vaga. A menina conta que a diferença de aprendizado é grande em relação à escola, onde começou a ter inglês no 7º ano. No último ano do fundamental, está vendo conteúdos que aprendeu logo no início do curso. “Se o idioma fosse ensinado na escola mais cedo, seria muito diferente. A esta hora eu poderia estar fluente”, diz. As notas que já eram boas ficaram melhor ainda: de B, agora Brenda só tira A.

O tipo de aula no Icbeu é um estímulo extra. Em sala, a professora nunca fala português e, se for preciso, faz até mímica para facilitar a compreensão dos meninos. As séries preferidas da TV são agora assistidas sem legendas e o ouvido para músicas internacionais não é mais o mesmo. Única da família a aprender inglês, a garota tem na ponta da língua o quer para o futuro: “Pretendo trabalhar com inglês e viajar pelo mundo”.

Aluno do 8º ano da Escola Municipal Geraldo Teixeira da Costa, no Bairro Rio Branco, em Venda Nova, Bruno Gabriel Figueredo Cardoso, de 13, soube do curso por meio de uma amiga já matriculada e só pensava em aproveitar a oportunidade quando a diretora comentou que novas bolsas seriam oferecidas. “Fiquei muito feliz quando fui selecionado. Várias coisas passaram pela minha cabeça, pois o curso de inglês é o mais importante hoje. O mundo todo fala essa língua. Em qualquer área de trabalho ela é necessária para uma boa comunicação com os estrangeiros.”

Maria Ângela Ribeiro: intercâmbio para alunos de 14 e 15 anos é plano (foto: Gladystone Rodrigues/EM/D.A Press)
Maria Ângela Ribeiro: intercâmbio para alunos de 14 e 15 anos é plano (foto: Gladystone Rodrigues/EM/D.A Press)
Up grade na carreira

Ele existe desde 2009, mas ganhou novo formato há um mês. Mais ousado e abrangente, vai dar um “up” no inglês de 90% dos professores do idioma da rede municipal. A ampliação do ensino da língua para o 2º ciclo e o projeto de internacionalização de Belo Horizonte se juntaram para fazer do Improve your English o carro-chefe de dois setores estratégicos na cidade: educação e relações internacionais. Para fazer de quem está na linha de frente da sala de aula cidadãos globais, a Prefeitura de BH pensa em incluir no projeto, em breve, formação em espanhol, francês e italiano.

O foco em 2015 serão os professores, que atuarão como multiplicadores para pelo menos 6 mil alunos. O programa tem aulas ministradas integralmente em inglês de gramática e fluência, mas com foco em metodologias para sala de aula, além de buscar oportunidades de intercâmbio no exterior. Um dos parceiros, o British Council, vai oferecer a 90 professores curso de metodologia e língua inglesa. O curso English for teaching foi desenvolvido pela instituição pública do Reino Unido. Os docentes da rede municipal poderão usar em sala de aula o material da prefeitura e os planos de aula fornecidos pelo Bristish – mais lúdicos, com novas metodologias e acompanhados por funcionário da instituição.

A parceria com o Icbeu, por meio do programa Abraham Lincoln, inclui bolsas para alunos e treinamento para professores. Atualmente, 20 estudantes de baixa renda estudam na escola, com material gratuito e passagens custeadas pela prefeitura. Oportunidades de intercâmbio para docentes também serão oferecidas pelo programa Chevening, que concede bolsas de mestrado de um ano, incluindo moradia, transporte e alimentação para qualquer instituição de ensino superior do Reino Unido, para 600 estudantes de 118 países. Para 2015, a expectativa é receber pelo menos cinco profissionais de BH. A ONG Partners of the Americas, uma rede de intercâmbio, é outra ponte importante.

Coordenadora do Improve your English, Maria Ângela Ribeiro Bomfim, da Secretaria Municipal Adjunta de Relações Internacionais, informa que outra proposta a ser trabalhada é um programa de intercâmbio também para os estudantes, na faixa etária de 14 a 15 anos. Gerente corporativo da Cultura Inglesa, outro apoiador das ações das secretarias, Paulo Lopes informa que, no caso da instituição, o foco é o amparo ao professor, obedecendo às necessidades de cada um. Serão 30 vagas ano que vem e o tempo de permanência no curso vai depender do objetivo do educador, apesar de o contrato com a prefeitura ser de 12 meses de duração.

João Vítor com a professora Marcelle: aulas desde o 1º ano e facilidade com a língua estrangeira (foto: Gladystone Rodrigues/EM/D.A Press)
João Vítor com a professora Marcelle: aulas desde o 1º ano e facilidade com a língua estrangeira (foto: Gladystone Rodrigues/EM/D.A Press)

Precoces da rede particular

Com cabecinha fresca, tudo fica mais fácil. Exemplo de como o aprendizado de um segundo idioma não confunde em nada a mente dos pequeninos e, pelo contrário, flui de maneira quase automática vem da rede particular de ensino, que põe língua estrangeira no universo da criançada já da educação infantil. No Colégio ICJ, no Bairro Nova Suíça, na Região Oeste de Belo Horizonte, o inglês entra em sala para os meninos a partir dos 4 anos. Como estão ainda em processo de alfabetização, as aulas são lúdicas, com desenhos, músicas e associação de imagens à pronúncia.

“Quando a criança está mais nova tem poucas áreas da mente ocupadas, por isso é muito mais fácil separar uma parte do cérebro para o inglês e assimilar informações e palavras diferentes”, afirma a professora de inglês do infantil e fundamental do colégio, Marcelle Goulart. “O adulto é como um computador: quanto mais velho, mais informação guardada, menor é a memória e mais dificuldade terá”, compara. Ela conta que já deu aula para universitários e é visível a diferença de assimilação entre eles e os pequenos. “A criança muito novinha não dará retorno imediato, mas não esquecerá o que aprendeu. Vai armazenando e, com o tempo, junta as informações”, diz.

Aluno do 4º ano do ensino fundamental do ICJ, João Vítor Furtado Dias, de 10 anos, é prova de como o idioma faz a diferença quando aprendido bem cedo. Ele tem aulas de inglês desde o 1º ano. Hoje, tem vocabulário apurado, que inclui cores, números, nomes de comidas, material escolar, dias da semana e meses do ano. No computador, domina a linguagem escrita no idioma estrangeiro. Aos filmes, o menino assiste com legenda e reconhece várias palavras aprendidas. “É importante falar inglês, senão não saberemos o que dizem as músicas, os jogos e muitas pessoas de fora que vêm aqui. Tenho facilidade com o idioma porque o estudo desde pequeno. Agora que estou grande, fica mais fácil.”


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