Campeão que é campeão não larga o pódio por nada. Que o digam os alunos e educadores da Escola Estadual Terezinha Pereira, de Dores do Turvo, na Zona da Mata, integrante da região conhecida como “Trilha do Ouro” por conquistar, todos os anos, um grande número de medalhas nas Olimpíadas Brasileiras de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). E é de lá o destaque da edição de 2012. A estudante Dávila de Carvalho Meireles, de 13 anos, aluna do 7º ano do ensino fundamental, foi classificada como a melhor do estado e a segunda melhor do país. Além dela, o colégio conquistou duas medalhas de ouro, com os alunos Evandro Júnior Firmino da Silva, de 12, também do 7º ano, e Felipe Jessé de Castro Arruda, do 9º ano.

A história da “Trilha do Ouro” foi mostrada pelo Estado de Minas em agosto deste ano, bem como a trajetória de Dávila e Evandro. Os dois são moradores da zona rural de Dores do Turvo, e para chegar à escola vencem longa distância em quase uma hora no ônibus escolar da prefeitura, que é o principal meio de transporte da região e atende também moradores que precisam ir à cidade. Na época, a dupla estava entre os premiados de 2011, em cerimônia da Secretaria Regional de Educação – a entrega das medalhas ocorre no ano seguinte ao da prova.

Dávila, que mora no distrito de Águas Claras, havia recebido a medalha de bronze e tinha como meta chegar ao ouro. E conseguiu. Ela se classificou em primeiro lugar na escola para a segunda fase das olimpíadas, mas só não contava ir tão longe. “Eu não esperava que fosse tão bem. Agora, vou continuar estudando para manter o nível e ganhar de novo ano que vem”, diz a garota.

Evandro, morador do distrito de Pinheiros, é bicampeão. Foi preciso dormir na casa de colegas, já que a família não tem carro, para participar dos grupos de estudo promovidos duas vezes por semana na escola. Mas valeu a pena. Ele recebeu, no fim de agosto, das mãos da presidenta Dilma Rousseff, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a medalha de ouro relativa a 2011. Foi a primeira vez que ele saiu de Minas Gerais. Na capital fluminense, o menino conheceu alguns pontos turísticos e ainda pegou autógrafo e tirou foto com o técnico do Flamengo, seu time do coração, Dorival Júnior, hospedado no mesmo hotel. A corrida agora é também para manter posições. “Espero eu que ninguém me tire isso”, brincou.

DISPUTA No total, a escola recebeu 15 medalhas, sendo três de ouro, uma de prata e 11 de bronze e 11 menções honrosas. O professor de matemática Geraldo Amintas de Castro Moreira, que está entre os 140 professores campeões da Obmep, diz que uma das principais razões do bom desempenho foram as aulas de reforço dadas a grupos de alunos no período noturno e, sobretudo, o interesse dos estudantes. “Eles assumiram um compromisso comigo de batalhar até o último instante”, conta. “Somos, em número de medalhas entre as escolas não seletivas, que devem ser em torno de 45 mil no país, o segundo lugar, perdendo apenas para uma escola de Uberlândia (Triângulo Mineiro). Este foi o ano em que tivemos mais medalhas”, completou. Em todo o Brasil, são dadas 4,5 mil medalhas, num universo de 19 milhões de alunos.

Compõem a “Trilha do Ouro” as cidades de Coimbra e Senador Firmino – as três estão distantes 60 quilômetros uma da outra. A Escolas Estadual Emílio Jardim, de Coimbra, ganhou este ano uma medalha de prata e quatro de bronze. A Professor Cícero Galindo, de Senador Firmino, faturou uma de ouro – com o aluno Bruno Wellington Moreira, que também repete a conquista –, uma de prata e quatro de bronze. Desde o início da competição, há sete anos, elas lideram a disputa por medalhas entre as instituições da rede estadual de ensino, tendo acumulado mais de 80 condecorações.
 

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