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Estado de Minas

Ano letivo só vai acabar em 2013 nas universidades federais

Se a greve dos professores federais terminar ainda neste mês, o segundo semestre deve começar em outubro e se estender até fevereiro


postado em 27/07/2012 06:00 / atualizado em 27/07/2012 07:34


Para a maioria das instituições federais de ensino em Minas Gerais, o ano de 2012 será concluído, no mínimo, em fevereiro de 2013. A informação é do presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), João Luiz Martins. Como no estado apenas a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) aderiu ao movimento grevista mais tarde, no fim de junho, as demais vão precisar de mais dois meses de aulas para repor o que foi perdido no primeiro semestre, já que o movimento foi deflagrado na segunda quinzena de maio. Se as negociações entre o governo federal e os professores evoluírem e a greve terminar até o fim do mês, o segundo semestre deve começar em outubro e vai até fevereiro do ano que vem.

O presidente da Andifes, que também é reitor da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), disse que a instituição está totalmente paralisada e depende da decisão dos grevistas para pensar no planejamento. “Temos ainda dois meses de aula que devem ser repostas para concluir o primeiro semestre de 2012 e só durante esse período vamos elaborar o calendário do segundo semestre letivo”, afirma Martins. “Essa deve ser a situação de todas as instituições que aderiram ao movimento em maio”, completa o dirigente. O maior problema é que não há indícios de que a greve esteja próxima do fim. Apresentada em 24 de julho, a segunda proposta do governo federal não agradou ao Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), pois, para os professores, não há avanços em relação ao que já tinha sido rejeitado.

“A proposta não atende nossa pauta de reivindicação. A restruturação da carreira e melhores condições de trabalho ainda não estão contempladas e a valorização salarial é muito pequena com relação ao que foi proposto anteriormente”, diz a representante do comando nacional de greve, Ana Lúcia Barbosa Faria. Segundo ela, agora, os comandos locais devem analisar se aceitam ou não o que foi oferecido pelo governo. Na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) a assembleia aconteceu ontem e a proposta foi rejeitada por unanimidade. “Vamos esperar a próxima reunião com o governo. Queremos uma carreira estruturada, coisa que não apareceu na proposta”, afirma o professor do comando local, Bruno Cursino.

Assembleias

A reunião dos professores da UFMG acontece hoje, às 13h, no auditório da reitoria. “Vamos submeter o que o governo ofereceu à votação. Também vamos aproveitar para apreciar uma proposta de restruturação da carreira desenvolvida pelo nosso sindicato. Se aprovada, vamos levá-la à Andes”, diz o representante do Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte e Montes Claros (Apubh), Elias Antônio Jorge. De acordo com a assessoria de comunicação da UFMG, o reitor Clélio Campolina acredita que as partes envolvidas vão se entender e as aulas começarão em 6 de agosto, conforme previsto no calendário. A UFMG concluiu o primeiro semestre e enfrenta dificuldades com relação a notas, já que nem todas foram lançadas no sistema. No Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), a assembleia que define os rumos da greve está marcada para segunda-feira.

Na Universidade Federal de Viçosa (UFV), o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) se reuniu quando a greve começou, em 17 de maio, e decidiu pelo recesso. O grupo só volta a se reunir quando o comando local decidir pelo fim do movimento grevista. A reportagem tentou contato com o sindicato dos professores, mas ninguém foi encontrado. Enquanto isso, a estudante Bianca Damas Pereira, de 21 anos, que cursava o sétimo período de jornalismo quando houve a paralisação, fica sem saber o que fazer. “O problema é que a gente pensa em formar para buscar logo um emprego e não sabe quando vai poder fazer isso”, diz a aluna da UFV. Outro problema, segundo ela, é ficar na cidade por causa do estágio sem ter aulas. Ela reveza entre Viçosa, onde estuda, na Região Central de Minas, e Divinópolis, no Centro-Oeste, onde a família mora.

REAJUSTE A categoria pede carreira única com incorporação das gratificações e variação de 5% entre níveis a partir do piso para regime de 20 horas correspondente ao salário mínimo do Dieese (atualmente calculado em R$ 2.329,35), além de percentuais de acréscimo conforme a titulação e o regime de trabalho. Segundo os professores, o reajuste proposto pelo governo dá algum aumento apenas para o topo da carreira. No geral, a proposta perde para a inflação. Segundo o Ministério da Educação (MEC), a proposta do governo federal oferece aumento mínimo de 25% até 2015, criação de um programa de formação docente que dá condições de progressão na carreira, entre outros benefícios.

Proifes é a favor da proposta

O conselho deliberativo da Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes), que representa sete universidades no país, nenhuma em Minas, definiu na quarta-feira que é favorável à proposta do governo e indicou que seus filiados votem a favor do que o governo federal ofereceu. Segundo nota na página do Proifes na internet, 15 pontos antes considerados inaceitáveis na proposta inicial foram mudados e isso significou um parecer favorável. Ainda assim, os comandos locais devem tomar suas decisões em assembleias gerais.

Memória: as maiores greves da história

De acordo com o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), a greve mais longa da história das universidades federais aconteceu em 2005, quando professores em várias partes do país ficaram parados por 112 dias, de 30 de agosto até 19 de novembro. Para a UFMG, o maior movimento dos docentes da universidade aconteceu em 1991, com 124 dias de paralisação, de 16 de maio a 20 de setembro. Em 2001, a UFMG também sofreu com uma grande greve (foto), de 107 dias e seus reflexos foram sentidos nos dois anos seguintes. O vestibular deste ano foi cancelado e em 2003 os alunos tiveram três semestres letivos, ainda para repor o que foi perdido dois anos antes.


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