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Estado de Minas

Depoimento de detento pode ser decisivo no embate entre defesa e acusação

A estratégia do promotor Henry Vasconcelos foi tentar montar o perfil de Bola, já a defesa, tentou desqualificar a testemunha dizendo que ela é mentirosa


postado em 23/04/2013 14:10 / atualizado em 23/04/2013 14:25

Os debates ainda não começaram, mas o clima entre defesa e acusação no Fórum Pedro Aleixo, em Contagem, na Grande BH, mostram que eles serão calorosos. A estratégia do promotor Henry Vasconcelos, na manhã desta terça-feira, foi tentar montar o perfil do ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, apontado como executor da ex-amante do goleiro Bruno Fernandes, através de relatos do detento Jailson Alves de Oliveira. Já a defesa tentou desqualificar a testemunha dizendo que ela é "mentirosa". O detento citou os nomes dos policiais José Laureano e Gilson Costa, que ainda são investigados pelo sumiço e morte de Eliza Samudio. Um deles chegou a ameaçá-lo e a entregar dinheiro para fugir.

As perguntas do promotor Henry Vasconcelos giraram em torno das ameaças de morte que a testemunha diz estar sofrendo por parte do réu e também de depoimentos anteriores de Oliveira, quando revela que Bola teria admitido que matou e escondeu o corpo de Eliza Samudio.

A primeira pergunta do promotor já causou embate entre defesa e acusação. Isso porque Henry Vasconcelos pediu para a testemunha ler uma folha do processo que mostra a exoneração de Marcos Aparecido da polícia, em 1992. Nesse momento, o advogado Ércio Quaresma protestou, mas foi contido pela juíza Marixa Rodrigues.

O promotor questionou os detalhes sobre as ameaças sofridas por Jaílson, com a intenção de reforçar a tese de ser Bola o executor. A testemunha afirmou que até sua esposa foi ameaçada na rua. O promotor interagiu com a testemunha o tempo todo, mostrou documentos, pediu que o detento confirmasse letras em cartas e assinaturas em depoimentos.

Os advogados que defendem Marcos Aparecido afirmaram, antes do julgamento, que provariam que Jailson e Bola nunca estiveram na mesma cela. Porém, foram desmentidos pelo próprio detento quando questionado pelo promotor sobre o assunto. A testemunha contou que ficava na cela de número 17 e o ex-policial civil na 15.

Vasconcelos pediu que a testemunha confirmasse o contato dele com Bola, pois o companheiro de cela esteve perto de Jaílson para assistir a noticiários na TV sobre a morte de Eliza Samudio. Nessa ocasião, ao passar uma reportagem sobre a procura pelo corpo da jovem, Bola teria dito: “Só se os peixes falarem”. Logo depois o ex-policial teria informado que Eliza foi queimada em microondas (pneus) e as cinzas jogadas na lagoa.

Zezé e Gilson Costa são citados


O depoimento de Jailson complicou ainda mais a situação dos policias civis José Laureano e Gilson Costa, que podem ser denunciados pelo Ministério Público pela participação no sumiço e morte de Eliza Samudio. O detento afirmou que foi ameaçado por Gilson Costa no Departamento de Investigação no anexo do Centro de Remanejamento Prisional (Ceresp) São Cristóvão, e recebeu R$ 50. "Ele disse que ou eu morria, ou mudava o depoimento ou fugia", contou o preso que preferiu a última opção.

Jailson disse que anteriormente, em outra ocasião, quem teria lhe dado dinheiro foi Zezé, porém, no último domingo, reconheceu o policial Gilson Costa (aquele que tem uma pinta no rosto) em uma reportagem de TV em que foi mostrada uma foto do agente.

Preso de várias denúncias

O advogado Ércio Quaresma tenta desqualificar a testemunha Jaílson Alves Oliveira, que está preso há quase 16 anos com total de pena 35 anos e 7 meses. A estratégia do defensor de Marcos Aparecido é construir no plenário a imagem de que o detento é uma pessoa sem credibilidade para testemunhar no caso sobre a morte de Eliza Samudio. Porém, em nenhum momento, fez perguntas sobre o crime e sim sobre a vida pregressa de Jailson e da relação dele com o ex-policial civil.

Para tentar desqualificar o detento, o advogado pediu que ele contasse quantas vezes carquetou, denunciou, outras pessoas nos presídios onde ficou preso. Jailson conta pelo menos cinco casos. Entre as pessoas delatadas estão policiais, presos e agentes penitenciários.

Por mais de três vezes, Quaresma foi advertido pela juíza Marixa Rodrigues por chamar o xingar o detento de deliquente e bandido. "Ele está sendo ouvido como testemunha e não réu. Você não tem o direito de humilha-lo", repreendeu a juíza.

Nem o diabo quer

Jailson e Bola se encontraram por diversas vezes na Penitenciária Nelson Hungria. Durante uma conversa, O réu, segundo a testemunha, ensinou a ela como sumir com um corpo. Era necessário cavar um buraco fundo, cavar um buraco, jogar terra porque a cal come tudo. "O Bola é um cara muito mau. O diabo está orando, pedindo a Deus para que o Bola não morra para não tomar o inferno dele", disse Jailson.

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