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Estado de Minas

Macarrão reforça amizade e gratidão por Bruno

Em depoimento, Luiz Henrique Ferreira Romão reforça laços afetivos com o goleiro, mas se cala sobre o desaparecimento de Eliza Samudio


postado em 22/07/2010 19:38 / atualizado em 22/07/2010 22:53

Nenhuma palavra sobre o sumiço de Eliza Samudio. Mas fartas revelações sobre o amor incondicional pelo amigo Bruno. O depoimento do braço-direito do goleiro Bruno, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, vai contra a ordem dos seus advogados, de permanecer calado diante da polícia, mas em nenhum momento faz referência ao suposto crime de sequestro, cárcere privado e assassinato. Já Bruno se manteve em silêncio durante mais de oito horas de interrogatório, na segunda-feira. Ao depor, Macarrão abriu seu coração e até se emocionou ao relatar a gratidão pelo amigo, a começar pelo emprego oferecido a ele e à confiança em deixá-lo administrar todas as transações financeiras do atleta, que giravam em mais de R$ 250 mil mensais.

Confira o especial Caso Bruno

No depoimento, a que o Estado de Minas teve acesso, Macarrão conta que, antes de trabalhar com Bruno, ganhava a vida "puxando carrinho" de um supermercado na Ceasa. "Depois, virei conferente e depois encarregado de conferente. Quando fui trabalhar com Bruno, já estava desempregado", disse Macarrão, que concluiu o ensino fundamental e depositou no amigo o sonho de um futuro melhor. "Em todo emprego que desempenhei na vida, trabalhei com amor. Com o Bruno, foi a mesma coisa. Sempre vivi no meio do futebol, joguei bola e, pelo fato de estar trabalhando com um cara com quem passei por várias coisas, não digo que é amor, tinha amor de pagar as contas dele no banco. Passamos dificuldades juntos. Não tinha dinheiro nem para ir jogar bola em Ribeirão das Neves", disse Luiz Henrique, lembrando que conheceu Bruno no CAIC, escola onde começaram a jogar bola juntos pela primeira vez, em Ribeirão das Neves, época em que foi apelidado de Macarrão. "Tinha os cabelos compridos e cacheados", recordou.

Macarrão também comenta a declaração de amor ao Bruno que mandou tatuar em suas costas, há cerca de quatro meses: "Bruno e Maka. A amizade nem mesmo a força do tempo irá destruir. Amor verdadeiro". Outra tatuagem no braço dele diz: "Tudo posso naquele que me fortalece", feita no ano passado.

Tanta dedicação ao jogador, e tendo o controle absoluto do dinheiro dele, Macarrão também deixa claro que é alvo de ciúmes por parte dos parentes de Bruno. Conta que já tinha sido convidado antes a trabalhar com Bruno, mas somente depois aceitou a proposta, quando estava desempregado. "Comecei a fazer uma coisa aqui, uma coisa ali, aí passei a trabalhar para ele. Nunca tive problemas com ninguém. Nunca tomei espaço de ninguém. Cheguei e conquistei o meu espaço. Todos do lado de lá, da família do Bruno, já tiveram uma oportunidade e nunca aproveitaram. Se há um alvo de ciúmes na família, esse alvo sou eu", desabafou o preso, reforçando que Bruno tem extrema confiança nele.

Macarrão conta que, quando foi trabalhar com Bruno, ocupou o lugar de um homem conhecido como Marcelão, que é alto e negro e também tinha sido segurança do empresário de Bruno, Eduardo Uran, que mora no Rio. Os parentes de Bruno que moram em Minas, segundo Macarrão, o respeitavam como empregado e ele fazia o seu serviço "como trabalhador". De vez em quando, ele conta que prestava serviços à avó paterna e mãe adotiva de Bruno, dona Estela, como levá-la ao hospital. "Também lhe entregava dinheiro, tipo uma mesada, que Bruno mandava", acrescentou. Macarrão disse que, antes de ir morar no Rio, viveu quatro meses no sítio do goleiro, em Esmeraldas, Grande BH, onde coordenou uma obra. Ao declarar sua profissão no depoimento, Macarrão respondeu: "administrador das coisas do Bruno".

Macarrão se recusou a comentar a vida amorosa de Bruno e Dayanne. "Nunca me envolvi nisso", foi taxativo. "Não sei se eles estão separados no papel", acrescentou. Também disse desconhecer se Dayanne tinha amantes enquanto vivia com o goleiro. Os contatos de Macarrão com Dayanne não eram frequentes, segundo ele, Quando a visitava, ele conta que aproveitava para abraçar sua afilhada Maria Eduarda, filha do casal.

Bruno queria se preocupar apenas com o futebol e incumbiu Macarrão de administrar seu dinheiro. Macarrão contou à polícia que pagava todas as dívidas do goleiro e fazia as compras, como as de supermercado. Também pagava o aluguel do apartamento da ex-mulher do atleta, Dayanne Rodrigues, no Condomínio Mundo Novo, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Outra função dele era acordar Bruno todos os dias para os treinos no Flamengo, avisando-o dos horários de ir trabalhar.

Bruno e Macarrão estão em celas separadas na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, onde o goleiro jogou antes fama no time dos funcionários, como convidado, contra os detentos. Quando chegou transferido do Rio de Janeiro, Bruno reencontrou na Nelson Hungria um antigo amigo, que começou com ele no Atlético e que hoje é agente penitenciário. “O mundo é mesmo pequeno”, comentou Bruno.

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