Porteirinha (MG) e Caruaru (PE) – O feriado de 7 de setembro de 1929 representou um marco na economia de Belo Horizonte. Naquele dia, uma feira a céu aberto, próxima à Praça Raul Soares, foi criada para abastecer os 47 mil moradores da então jovem capital com produtos do agronegócio mineiro. Oito décadas depois, quando a população já soma 2,4 milhões de pessoas, o lugar é considerado um dos principais endereços comerciais do estado. Mercadorias do agronegócio dividem espaço, hoje, com bens industrializados nacionais e de origem estrangeira. Trata-se do Mercado Central, um dos principais cartões-postais da cidade e garantia de lucro certo para os comerciantes.
Distante quase 2 mil quilômetros de BH, em Caruaru (PE), chamada de a Capital do Agreste, a feira local também prosperou, tanto que atraiu grandes empresas para a região e foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). De uma cidade a outra, a economia de centenas de municípios é movida por feirantes que vendem de alimentos in natura a mercadorias industrializadas. A importância da atividade no fomento da renda e no abastecimento da população é o tema da quarta reportagem da série O Brasil de Gonzaga, que o EM publica até amanhã, aniversário do centenário de nascimento do Rei do Baião.
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As matérias traçam um paralelo entre a economia e a percepção do desenvolvimento que o sanfoneiro transmitiu na composição e interpretação de músicas consagradas.
A moeda de plástico continua comprando produtos típicos da região, mas também mercadorias pirateadas. O próprio Onildo, durante o passeio em que acompanhou a reportagem do EM, adquiriu um CD pirateado de suas músicas. Pagou R$ 2 pelo produto, que garantiu ao dono da barraca um lucro de 100%. Na venda vizinha, observou tênis importados e sombrinhas produzidas na China.
Veja as curiosidades do movimentado mercado
Mas o cartão-postal do agreste ainda mantém mercadorias tão antigas quanto a canção de Onildo. Não foi difícil encontrar, por exemplo, o chamado caneco acuvitêro, um candeeiro, usado para iluminar lares carentes de energia elétrica, como destacado na letra. Feirante em Caruaru há 20 anos, Celina Batista negocia cerca de 60 acuvitêros por mês, ao preço unitário de R$ 3. Boa parte da clientela, acrescenta a comerciante, usa o objeto em sítios, onde a energia pode falhar a qualquer momento. Tambémno Norte de Minas o arcuvitêro é encontrado com facilidade.
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Produtores rurais trocam montarias por motocicletas Algodão promete renascer nas plantações do Norte de Minas Caminhoneiros arriscam a vida nas estradas ruins do paísA estiagem queima a lavoura e derruba o gado, mas garante a renda de quem vende água e raçãoDesenvolvimento, emprego e renda maior hoje trazem de volta quem deixou a região para prosperarBusca por emprego também é cantada nos versos de GonzagaSem apoio do poder público, famílias fazem esforço solitário para educar os filhosA economia no ritmo de GonzagaEM lança série "O Brasil de Gonzaga" em comemoração ao centenário de Luiz GonzagaAos 23 anos, Bárbara Vieira está longe de se aposentar, mas até lá ela deseja ter poupado uma boa reserva financeira. Para isso, dedica boa parte de seu tempo à lanchonete que montou, há dois anos, no Mercado Central de BH. Batizada de Sabores e Ideias, a empresa é especializada em salgados e produtos típicos de microrregiões do Brasil. Ela oferece refrigerantes produzidos em Divinópolis, São Luís (MA), Chorozinho (CE) e, a partir de 2013, adianta: “Minha pretensão é importar (bebidas do gênero) de várias partes do mundo”.
Ouça a música A Feira de Caruaru
Vizinho do comércio de Bárbara Márcio Batella, sócio da Casa Horizonte, negocia produtos comercializados na antiga feira da capital mineira, como queijos e doces. A diferença é que a barraca tem novidades do mundo moderno, a exemplo do bacon em pó. O quilo da mercadoria é oferecido por R$ 32. “Ele realça o gosto de pratos típicos, como feijoada e tutu. Caiu no gosto dos clientes, pois tem boa saída – cerca de 10 quilos por mês”, comemora Batella.
OXENTE
Coincidências da vida
Crato (CE) –Oano de 1929 não foi um marco apenas para a economia de BH. Foi, também, uma referência na vida de Luiz Gonzaga.
A linha férrea até a capital do Ceará está desativada.Onovo terminal é usado por passageiros do VLT, meio de transporte mais moderno que o metrô (foto). A nova linha liga Crato à vizinha Juazeiro do Norte. (PHL).