Vendas pela internet devem dobrar até 2021, de acordo com pesquisa do Google

Nos próximos cinco anos, mais 27 milhões de pessoas farão sua primeira compra online, e a participação dos smartphones no e-commerce será de 41%.


 AFP / NICOLAS ASFOURI

A comodidade e a possibilidade de comparar os preços sem sair de casa têm alavancado o comércio eletrônico no país, e a tendência é desse tipo de consumo dar saltos a cada ano. Em 2021, por exemplo, 27 milhões de brasileiros que navegam na internet realizarão sua primeira compra on-line. Assim, em apenas cinco anos, o país terá 67,4 milhões de consumidores virtuais (e-shoppers), o que representa 44% dos internautas que o Brasil terá então. Os dados são de pesquisa sobre a influência digital no consumo das 14 principais categorias do varejo brasileiro realizada pela Forrester Research por encomenda do Google.

O levantamento foi realizado entre 14 e 22 de março deste ano com cerca de 4,5 mil pessoas nas faixas etárias de 16 a 75 anos, e mostrou que, em 2021, as vendas on-line realizadas a partir de dispositivos móveis (smartphones e tablets) já não serão mais apenas uma tendência e representarão 41% do movimento total das vendas virtuais. “É claro que o e-commerce vem sofrendo com a crise na economia. Até este ano, ele crescia até 12% ao ano, e, por conta da situação econômica atual, deve fechar 2016 no patamar dos 10% de crescimento. Porém, prevemos que, a partir de 2019, a alta por ano será acima dos 20%”, comenta a gerente de insights de varejo do Google, Carol Rocha.

Segundo ela, com o passar dos anos, os consumidores estão tendo mais confiança com as compras pela internet e, mesmo com a crise na economia, continuam consumindo produtos pelo comércio eletrônico. Este ano, as vendas do e-commerce devem movimentar em torno de R$ 47 bilhões, ou 5,4% do cerca de R$ 1 trilhão gerado pelo varejo nacional. Em 2021, essa participação chegará a 9,5%. “O consumidor tem visto que, pela internet, ele tem a vantagem de comparar preços e a conveniência de comprar sentado na cadeira do seu quarto. Enquanto isso, aumenta o número de novas lojas sendo criadas no meio virtual e há um investimento forte para atrair essa clientela.”

Uma dessas apostas é o prazo de entrega. Atualmente, conforme destaca Rocha, muitas marcas estão com a logística de distribuição mais definida e conseguem entregar um produto antes mesmo do prazo previsto. Ela acredita que, em menos de dois anos, será possível comprar um item pela manhã e recebê-lo à tarde, tamanha é a evolução e preparo do e-commerce no Brasil. Rocha compara ainda a relação do brasileiro e o consumo pela internet com a de outros países. “A nossa relação ainda é muito concentrada em bens comparáveis (eletroportáteis, livros, celulares, roupas), que é a terceira fase do amadurecimento do mercado. Mas caminha para o consumo de bens não comparáveis, como móveis, roupas e alimentos, como já acontece nas economias mais amadurecidas”, defende.

OPORTUNIDADE

Para quem pensa entrar no ramo do e-commerce, Carol Rocha aconselha aproveitar o momento e lembra que o empresário que só tem loja física pode ficar obsoleto no mercado. “Os dois canais se complementam. Temos uma pesquisa que mostra que o brasileiro que compra em mais de um canal gasta 40% a mais do aquele que compra somente em um. Por isso, é um mercado para se investir”, provoca. O diretor do Mercado E-commerce, Breno Koscky, não tem dúvida disso. Ele diz que se trata de um ramo gigantesco para ser explorado. “O ticket médio das compras pela internet aumentou este ano em 7% frente a 2015, chegando a R$ 403,46. Hoje, o comércio virtual é formado por micro e pequenos comerciantes, e é um espaço democrático”, afirma.

Koschy conta que, no Mercado E-commerce - há cinco anos oferecendo cursos em Minas sobre o assunto – os interessados em abrir uma loja virtual têm, com o passar do tempo, chegado mais preparado para o ramo. “O mineiro está mais maduro para essa área . Sabe dos desafios, sabe que terá que enfrentar como legislação, tributação, logística e etc. Porém, eles querem se preparar e agarrar essa oportunidade de negócio”, diz.

DEU CERTO

O comércio eletrônico mudou a vida do empresário Lucas Grochowski, dono do Clube da Fruta, em Belo Horizonte. Em 2014, ele criou um site de entrega de frutas em casa, depois de perceber que os próprios filhos só comiam frutas quando picadas. Depois de quatro meses de teste, ele criou o Clube da Fruta e hoje atende 450 clientes por semana. As pessoas fazem assinatura e recebem em casa vários de tipos de fruta picada e bem armazenadas . “Tenho planos de abrir uma loja física e começar a trabalhar com produtos orgânicos. O e-commerce é tudo para mim”, afirma Grochowski.

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