Desenvolvida em BH, tecnologia identifica dengue, zika e chikungunya no mosquito


Na luta contra as epidemias dos vírus transmitidos pelo Aedes aegypti no Brasil, a inovação pode ser uma grande aliada. E uma tecnologia desenvolvida por uma empresa de Belo Horizonte é capaz de identificar a presença desses vírus em mosquitos por meio de uma técnica mais rápida e que fornece informações mais precisas e ágeis do que apenas o diagnóstico em humanos.


Hospedados no Bh.tec, o parque tecnológico de Belo Horizonte, a Ecovec desenvolveu uma 'autópsia' que usa mosquitos mortos capturados em campo para avaliar a presença de um desses vírus. ""Nosso método é assim: colocamos armadilhas para o mosquito adulto. Treinamos o agente de campo para identificar quando o mosquito que queremos é pego nelas. Com isso o material do vírus chega perfeitinho no laboratório. Aqui nós trituramos o mosquito e colocamos uma amostra complementar do vírus que queremos identificar", explicou Cecília Marques, diretora executiva da Ecovec. "Trabalhamos com o mosquito transmissor da dengue nos últimos dez anos. E há dois anos estamos expandindo para outas duas doenças que ele transmite (Chikungunya e Zika)", completou.


O objetivo da técnica é conseguir informações rápidas e precisas para o cliente final, que são secretarias municipais de saúde "Com o nosso monitoramento, é possível para gestores e autoridades de saúde identificar a epidemia, os locais da cidade em que existe contaminação e tomar rapidamente as ações necessárias para combater a doença. A informação é apresentada em gráficos, tabelas e mapas, o que ajuda a tomada de decisão do poder público", explicou Cecília. E apesar de estarem em Belo Horizonte e hospedados no Bh.tec, não houve interesse da secretária de saúde de Belo Horizonte na técnica. "Infelizmente não fazemos nenhum monitoramento em BH", lamentou.


Como a tecnologia da Ecovec permite a identificação dos locais de contaminação, o esforço do poder público seria mais eficaz no combate ao mosquito – muitas vezes o paciente diagnosticado não sabe se foi contaminado em casa ou no trabalho, por exemplo. Ao encontrar o vírus no mesmo local do mosquito, é certeiro afirmar que a área é foco e precisa de atenção especial. Com esse tipo de informação, é possível focar ações de combate onde realmente elas vão fazer a diferença.


Um mesmo mosquito poderia, ao mesmo tempo, transmitir dengue, chikungunya e zika em uma única picada. A boa notícia é que até hoje a Ecovec nunca esbarrou em um caso desses: "Nós nunca vimos, mas é possível sim. Já encontramos uma vez dois tipos de dengue em um mesmo mosquito. O Aedes Aegypti é capaz de transmitir 23 vírus diferentes – com a nossa patente, é possível identificar todas eles, basta adaptar um pouco a metodologia para cada tipo de vírus", disse Cecília.


COMENTÁRIOS