A discussão sobre a queda de popularidade no boxe é antiga, com o pós-Mike Tyson sendo desafiador, apesar de vários grandes lutadores (Floyd Mayweather sendo o exemplo máximo) tendo surgido. O UFC é relativamente novo se considerarmos as competições de outros esportes como futebol, basquete e tênis. Pensar que as lutas seriam um evento coadjuvante em comparação com esportes de massa e audiências nas casas dos milhões não era um absurdo. Mas algo está mudando.
Os tradicionalistas não gostaram da entrada de Logan Paul e Jake Paul nos ringues. Mas os dois youtubers mostraram qualidade – mesmo que não no mais alto nível profissional – e a luta de Logan com Floyd Mayweather, que não teve resultado porque não tinha juízes, impressionou até o chefão do UFC, Dana White.
Esse é apenas um ponto dessa retomada das manchetes das lutas. O UFC está cada vez mais forte, conseguindo resistir e organizar eventos em um momento de grandes desafios para o mundo inteiro. E as lutas continuam, com diversas disputas por cinturão e combates interessantes.
Um deles é o de Paulo Borrachinha, o mineiro de Contagem, contra o italiano Marvin Vettori. Em jogo está a briga para ver quem pode encarar Israel Adesanya, o dono do peso médio. A luta entre Borrachinha e Vettori já está pegando fogo antes mesmo de acontecer, com o
italiano chamando o brasileiro de superestimado
em entrevista ao time do Betway Insider.
Vettori não poupou palavras, dizendo nessa mesma conversa com a
Betway, site de UFC Bets
que vai “destruir aquele bêbado”, fazendo referência a um comentário de Borrachinha que ele teria bebido demais antes de enfrentar Adesanya em 2020 e ser nocauteado.
A estratégia de falar bastante e criar atenção para a luta não é nada nova (Don King é o eterno mestre na arte e Mohammad Ali o supremo). Mas fazer isso em 2021 ganha uma nova reverberação.
As lutas são perfeitas na era das redes sociais
Assim como a televisão alavancou alguns esportes e deixou outros de lado, as redes sociais têm a mesma capacidade. Em um cenário de muita informação, foco de atenção cada vez maior e um maior alcance de conteúdos que impressionem, gerem engajamento e repercussão, um nocaute é ideal.
Só no Instagram Logan Paul tem 21 milhões de seguidores, em sua grande maioria jovens que podem acompanhar qual esporte quiserem no computador e celular, mas também jogar jogos, assistir filmes, criar vídeos no YouTube, enfim, um cardápio enorme de opções que disputam tempo e atenção de cada pessoa.
Atingir o público jovem é o grande desafio de diversos dirigentes esportivos até das mais renomadas competições. As Olimpíadas abriram para esportes que são mais acompanhados pelos jovens como surfe e skate e a inclusão dos esportes eletrônicos é estudada e provavelmente apenas uma questão de tempo.
O UFC está aproveitando esse momento de crescimento de atenção e expandindo seu produto globalmente. Além de ter lutas basicamente todas as semanas do ano, os eventos se espalham pelo mundo, chegando até o Oriente Médio, Ásia, diversos países da Europa e tendo o Brasil como um destino certo algumas vezes por ano.
E isso também ajuda a internacionalizar o esporte (MMA) e criar lutadores nos mais diversos países. Hoje há três campeões africanos, dois da Nigéria (Adesanya e Kamaru Usman) e Francis Ngannou de Camarões. Ainda falta um UFC na África e Dana White já prometeu um evento até o fim de 2022.
Claro que o boxe, um esporte centenário que já teve os maiores ídolos globais e uma história espetacular, não precisa rastejar para youtubers e a luta com Mayweather, que já está aposentado depois de sua luta com Conor McGregor, é mais uma exibição. Mas publicidade nunca é demais e poder chegar em novas gerações, que talvez depois da luta de Logan Paul foram procurar mais sobre a história do boxe, Ali, Tyson, Holyfield, George Foreman e muitos outros, não pode ser recusado.