Como utilizar da melhor maneira possível a ferramenta LinkedIn? Lizete Araújo, diretora-executiva da Véli Soluções em RH, aponta a credibilidade como principal característica para que o profissional se faça presente. “Ele não deixa de ser uma vitrine, mas a principal proposta é que os participantes usufruam da ferramenta dialogando e compartilhando conhecimento. Assim faz sentido. É importante se conectar com pessoas que vão acrescentar no seu networking e, por isso, é fundamental ter a disciplina em dialogar com a rede.” Essa orientação é para todos.
Para quem está à procura de recolocação, Lizete Araújo recomenda atenção especial com a apresentação. Ela aconselha escolher com critério as palavras-chave, destacar as competências relevantes e focar nas principais habilidades. “Tem de ser uma apresentação mais técnica, um resumo das qualificações e descrita de maneira mais conservadora e tradicional. É preciso lembrar que os recrutadores não fazem seleção pelo gosto, mas pela experiência e é preciso fazer o perfil pensando em como o recrutador pode achá-lo de maneira mais fácil.
Lizete Araújo lembra que, apesar de o LinkedIn ser uma rede social, ela é profissional e exige “formalidades que facilite o diálogo, assim como a leveza, que pode estar presente na foto. Mas cuidado com a pose, roupa e enquadramento... A imagem tem de ser adequada ou simplesmente não usar foto, se preferir. A rede é exposição, portanto, quanto mais neutro melhor. Nada de expor família, filho, cachorro e papagaio. Pense que é uma exposição para o mercado de trabalho”.
Muitos usuários têm dúvida se seu perfil deve ou não ser público (há opção de dar acesso só a sua rede de contatos). Para Lizete Araújo, é fundamental que seja pública, ainda mais porque o propósito do LinkedIn é ampliar a rede de contatos, de chegar a pessoas que não o conhecem e passem a conhecer.
PROPÓSITO Por outro lado, lembra a diretora-executiva, “o risco da exposição não é pelas conexões, já que estabelece proximidade com quem achar interessante, mas a maneira como dialoga com as pessoas. Não é autocensurar, mas tenha cuidado com os comentários.
Lizete Araújo reforça que recrutadores têm o LinkedIn como fonte de recrutamento, é uma ferramenta de busca, empresas divulgam suas oportunidades, é interessante seguir empresas de interesse, mas ao mesmo tempo não crie expectativa que uma colocação ou recolocação virá via a rede.
Palavra de especialista
Fernanda Nascimento - diretora e estrategista na Stratlab, empresa de inteligência em marketing digital
Central de oportunidades
“O grande desafio do LinkedIn é cada vez mais aproveitar as diferentes formas de negócio que podem ser desenvolvidas por meio da rede. Algumas dicas são imprescindíveis e podem aumentar as suas oportunidades: imprimir uma marca pessoal. O seu perfil é o cartão de visitas. É importante ressaltar as suas realizações. A fase em que você se encontra: 'em transição profissional' ou 'desempregado' não pode ser sua principal história. Portanto, seu perfil deve dar ênfase ao que você pode oferecer como profissional e não à sua situação atual. Qual é o seu melhor? O que você faz de mais relevante comparado a outros profissionais? Priorize o emprego mais relevante nos locais de destaque.
Une pessoas e oportunidades
Quais os principais passos para quem entra na plataforma usufruir de todas as ferramentas disponibilizadas pelo LinkedIn?
O mais importante para uma boa experiência no LinkedIn é ter um perfil completo, com todos os campos preenchidos. O LinkedIn é uma plataforma tecnológica que une pessoas e oportunidades por meio de palavras-chave. Quanto mais completo o perfil, mais relevantes serão as oportunidades de trabalho, de relacionamento, de conteúdo ou de contato com empresas. Um perfil muito genérico ou incompleto não permite que o sistema entenda o que o usuário está buscando.
Os brasileiros sabem usar a rede de maneira correta? Quais os principais erros?
De maneira geral sim, somos mais de 32 milhões de brasileiros usando a rede, o que faz do Brasil o quarto país em número de usuários. Não costumamos chamar de “erros”, mas sim de coisas que diminuem a eficácia da rede. Por exemplo, conectar-se com pessoas sem referência nenhuma, não colocar foto, voltar apenas quando está procurando emprego, nunca interagir com a sua rede ou com empresas e deixar o perfil incompleto, como mencionei anteriormente.
Percebo que muitos estão na rede ainda confundem informações pessoais com profissionais. Principalmente na hora de escolher a foto.
O contexto é sempre o primeiro filtro das redes sociais. O LinkedIn é uma rede profissional, portanto conteúdos relacionados a trabalho (fotos, artigos, apresentações) têm naturalmente mais engajamento. Informações muito pessoais tendem a ter menos relevância. Não quero dizer que o toque pessoal não seja importante. Cada vez mais queremos ouvir histórias de pessoas reais, que tentaram alternativas, que acertaram e erraram, pessoas com quem possamos nos identificar. O difícil é encontrar o limite, pois é algo subjetivo que varia muito.
Com a crise no mercado nos últimos anos, a rede ganhou mais adeptos no Brasil?
O LinkedIn segue a mesma proporção de crescimento há alguns anos de, aproximadamente, 100 mil novos usuários por mês. A maioria das pessoas no LinkedIn não está ativamente procurando emprego, mas mantendo relacionamento com os seus contatos, consumindo conteúdo, interagindo com marcas. O que muda em um momento de economia frágil é que os usuários passam a cuidar de seus perfis com mais cuidado e isso é ótimo para sua própria experiência com a ferramenta.
Como fazer o networking sem ser invasivo? Quais as regras de etiqueta, principalmente, para quem não se conhece e deseja uma conexão?
Networking significa relacionamento e, como todo relacionamento, precisa de constância, senão termina. No LinkedIn não é diferente. Temos que manter contato com as pessoas, ver o que elas estão fazendo e publicando, lembrar de uma informação que pode ajudá-las, apresentar um contato a outro e encontrar as pessoas fisicamente de tempos em tempos. O mundo virtual nos oferece escala e alcance, mas o encontro presencial segue muito importante. Para aumentar a nossa rede de contatos, um dos caminhos mais eficazes é pedir a apresentação para alguém em comum. Quando vemos o perfil de alguém, o LinkedIn nos mostra pessoas em comum e este costuma ser a melhor forma de aproximação. Este mês lançamos o “Aconselhamento Profissional”, uma ferramenta para encontrar o seu mentor. Os usuários respondem algumas perguntas e o LinkedIn indica profissionais que poderiam ajudá-los com aquele tema. É também ótima forma de conhecer pessoas novas.
Fundada em 5 de maio de 2003, quase 15 anos, com o mercado encarando uma crise mundial no universo do trabalho, qual tem sido o papel do LinkedIn nesse cenário?
As relações de trabalho mudaram muito, assim como as habilidades necessárias para cada função. Hoje, existem profissões nem imaginadas há 15 anos e outras que já não existem mais. Conceitos como “sucesso” também são completamente diferentes no mundo atual. O LinkedIn tem exercido um importante papel nessa transformação e contribui enormemente para a democratização das informações e do contato entre empresa-candidato. Antes, as empresas tinham que publicar suas vagas e literalmente “torcer” para que um bom candidato aparecesse. Hoje, além de receber os perfis dos interessados, elas podem proativamente encontrá-los na rede. Da mesma forma, os candidatos têm acesso a mais de 20 milhões de empresas presentes no LinkedIn e mais de 14 milhões de vagas.
De tempos em tempos, vocês inovam... As alterações são demandas dos clientes?
As mudanças vêm de várias direções: usuários, empresas, movimentos na sociedade. Também existem ferramentas que tiramos e voltamos por pedido de usuários. Por exemplo, português foi o segundo idioma a ter conteúdo no LinkedIn (plataforma de publicação), apenas depois do inglês. E a sede brasileira por escrever e compartilhar já está nos levando a ampliar a equipe editorial.
Para ter mais oportunidade de emprego, obrigatoriamente o perfil deve ser público?
Se o perfil for liberado apenas para a sua rede, as oportunidades ficam restritas ao conhecimento da rede. Perfis públicos ficam acessíveis a todos os recrutadores.
Qual o peso da escolha dos seguidores? A indicação é aceitar todos que pedirem para fazer parte da sua rede? Qual o melhor critério de seleção?
Qualidade vale muito mais do que quantidade. O que é um contato de qualidade? Aquele que você conhece pessoalmente, estudou ou trabalhou junto em alguma ocasião, pertence à mesma área profissional, compartilha dos mesmos interesses ou foi apresentado por alguém da sua rede. Para pessoas que aparecem sem nada em comum e sem explicação (é possível personalizar o convite), o LinkedIn não recomenda a conexão.
Tem um prazo obrigatório para movimentar a rede? É preciso acessar todo dia? Toda semana?
Idealmente todos os dias e nunca mais de um mês sem acessá-la.
Pente fino dos recrutadores
Não há como se descuidar do LinkedIn, nem estar fora dele se você é um gestor atento da sua carreira. Joyce Silveira Leles, gerente de recursos humanos, seleciona e contrata profissionais via rede com regularidade e hoje revela, em linhas gerais, já que para cada cargo há demanda de um perfil, como atua e age na sua procura. “Contrato profissionais via LinkedIn, já que a plataforma tem uma estrutura inteligente, atualizada e com profissionais de diversos segmentos procurando por recolocação profissional, ou seja, uma pessoa sempre pode indicar outra via a plataforma, facilitando e dando maior visibilidade no que eu busco.”
Como se trata de uma rede social, Jpyce destaca que ela também nos mostra outras conexões que o candidato tem, isso potencializa e amplia a percepção dele no mercado e, dessa forma, transmite e dá segurança ao recrutador para entender melhor as influências e os bons relacionamentos que o candidato tem com outros profissionais, agregando valor para a empresa que o contrata.
Conforme a gerente de RH, cada candidato tem sua singularidade e dentro disso “busco compilar as principais habilidades já devolvidas por ele com o que eu preciso para preencher a vaga. O que é importante observar ao traçar o perfil do candidato é a estabilidade profissional (quanto tempo trabalhou em determinadas empresas), as tarefas que ele desenvolvia (para verificar se encaixa com o que estou procurando), o local onde mora (para que o deslocamento para o trabalho não se torne exaustivo e frustrante (em caso de longa distância), se tem experiência com o manuseio de computador, visto que grande parte das tarefas desenvolvidas em uma empresa são registradas vias planilhas, sistemas etc.”.
LINGUAGEM Quanto ao comportamento e postura profissional, Joyce alerta que alguns profissionais podem se manifestar de forma negativa a respeito da última empresa que trabalhou, ou se manifestar de forma arrogante a respeito de um post que foi publicado no LinkedIn. Essas condutas podem fazer com que o recrutador deixe de lado o foco positivo em relação ao candidato.
Todo cuidado com a imagem é pouco. Joyce avisa que por ser uma plataforma voltada para o âmbito do trabalho, recolocação profissional, visibilidade acadêmica, entre outros, recomenda que as fotos dos perfis não sejam grosseiras ou expositivas demais, sempre observando o vestuário, acessórios e maquiagem. Todas as informações visuais quem contêm nas fotos são observadas e podem ser critérios no momento de avaliar o candidato (tanto para os homens, quanto para as mulheres).
A gerente recomenda não abandonar os acessos ao LinkedIn, evitar só lembrar dele no momento da recolocação: “Quem é mais ativo e que usa de argumentos 'saudáveis' em grupos de discussões, ao se manifestar sobre uma enquete, algo do tipo, faz a diferença no momento da seleção. O que não desabona uma pessoa que tem uma rede de amigos mais compacta”.
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