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Estado de Minas Redação

Seja convincente para ser eficiente.

Conheça a competência 3 para a redação no Enem.


30/10/2020 12:00 - atualizado 29/10/2020 14:14

Quantas vezes você precisou convencer alguém de alguma coisa? Temos certeza de que isso faz parte da sua vida desde sempre, quer ver? Antes mesmo de você saber falar, você convencia seus pais, por meio de um choro ensurdecedor, que era necessário dar comida para você. A estratégia de persuasão era infalível, afinal, segundo o ditado popular, “quem não chora não mama”, não é mesmo?

Você cresceu, tornou-se adolescente e, claro, como qualquer jovem ou, pelo menos, a maioria, queria ir às festinhas com os amigos e com as amigas e ficar até mais tarde. Porém, para isso se concretizar, era necessário convencer os seus pais de que era seguro permitir a sua ida para as festas, e essa tarefa não era fácil. Pensar em bons argumentos, organizá-los, procurar elementos de autoridade – geralmente era a mãe de um amigo que já tinha liberado o filho ou, até mesmo, um amigo que era visto como o mais responsável, o mais “ajuizado” – eram ações primordiais para a concretização do objetivo.
Os professores Vivi e Felipe de redação.(foto: Arquivo pessoal)
Os professores Vivi e Felipe de redação. (foto: Arquivo pessoal)

Sem contar, ainda, as várias situações envolvendo namoros, “contatinhos” e afins.  Quantas vezes o plano com o “crush” ou com a “crush” não deu certo devido à argumentação frágil, ineficiente, pouco persuasiva? Depois do resultado insatisfatório, você pensou: “se eu tivesse falado isso e não aquilo, teria sido muito melhor”, “por que não planejei melhor essas ideias?”.

Fases diferentes da sua vida, mas todas com um aspecto em comum o qual, por sinal, vai acompanhar você, no mínimo, por muitos anos. Qual aspecto é esse? Bom, a necessidade de se ter um bom planejamento de ideias para que seja possível alcançar, com excelência, um dos grandes objetivos existentes na relação comunicativa entre as pessoas: a persuasão. E, como não poderia ser diferente, esse contexto está diretamente ligado ao processo de escrita, mais especificamente, ao processo argumentativo, que é exigido pelas provas de redação e, obviamente, pelo texto dissertativo cobrado pelo ENEM.
 
Ao analisar o comando da prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio de 2019, encontra-se o seguinte:  A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. Destaca-se aí a parte em que o enunciado exige do candidato a capacidade de SELECIONAR, de ORGANIZAR e de RELACIONAR os ARGUMENTOS. Para que essa exigência seja cumprida, é necessário que o PLANEJAMENTO seja muito bem-feito, aspecto que, infelizmente, muitos alunos não levam a sério ou, simplesmente, não conhecem. Não raro, instaura-se na mente do estudante que fazer redação nada mais é do que “colocar um monte de ideias em algumas linhas”. 

O aluno estuda todas as matérias previamente, por meses, contudo, para a redação, que vale 1000 pontos, ele acredita que não precisa estudar antes, que não há o que se aprender, que na hora vai fazer um texto. Na verdade, fazer provavelmente ele até irá, o problema é que com maestria, com qualidade, de um modo que ele obtenha nota suficiente para ser aprovado, a partir dessa postura, não vai conseguir. Repare no paralelo interessante estabelecido aqui: o estudante tem consciência de que precisa de PLANEJAMENTO para ir bem nas outras matérias (por isso as estuda ao longo do ano), todavia, na matéria em que há na grade de avaliação a obrigatoriedade de o candidato explicitar PLANEJAMENTO – no caso textual – ele acredita ser suficiente ter uma caneta na mão, 30 linhas em branco e ideias. Não à toa, há muitos anos, nossos alunos escutam de nós, desde a época do vestibular tradicional da UFMG, em sala de aula: “redação não é inspiração”. Para comprovar a necessidade do planejamento, o material liberado este ano pelo INEP traz a seguinte informação:

É importante observar que, ao mobilizar tais habilidades, o participante está elaborando seu projeto de texto, tarefa muito importante para a construção de sentido. A elaboração desse projeto e o modo como ele é executado são objetos de avaliação da Competência III.

(Disponível no site: https://inep.gov.br/web/guest/enem-outros-documentos)


Possivelmente, agora, você esteja se perguntando: “mas, então, o que seria esse famigerado planejamento?”. Para que haja clareza, por intermédio da metalinguagem, apresentar-se-á a explicação para você. Para a composição deste texto que está sendo lido agora, em primeiro lugar, pensou-se em um contexto que pudesse chamar a sua atenção. Convenhamos que a memória afetiva é uma boa estratégia, não é? Fazer você se lembrar do seu passado, por exemplo. Não que você se recorde da época em que sequer falava, mas temos certeza de que você imagina como era. Agora, o período no qual você tinha que levar a mãe, o pai, os “contatinhos” na “maciota”, disso nós temos certeza de que você se lembra. Se bobear, até um sorrisinho no canto da boca você deu quando leu essa parte e se lembrou dessa época. Pronto, fisgamos você, primeira parte do PLANEJAMENTO cumprida. Depois, em segundo lugar, associar isso ao tema deste texto que, claramente, é o processo argumentativo avaliado na redação do ENEM.  Com a analogia feita entre suas memórias a respeito da persuasão e o que é exigido na prova por meio do comando que foi demonstrado, concretiza-se a segunda parte do PLANO. Por fim, até o momento, na verdade, a importância do planejamento da redação é comprovada a partir de um fragmento retirado do material do INEP, fundamentando as ideias apresentadas até agora.

Quando você estiver fazendo a sua redação, você precisa planejar todo o processo para mostrar ao corretor que tudo aquilo foi pensado, nada é aleatório, afinal você se preparou para isso, você se preparou para a prova de redação. Você já sabe que os corretores se sentem prestigiados quando percebem que, no mínimo, você não menosprezou a MATÉRIA redação, assim como você não menospreza as outras disciplinas. Nós já tivemos essa conversa quando falamos sobre a competência 1. Por isso, defina seu projeto, antes de começar a escrever, pense em como você vai contextualizar o tema: será por meio de dados estatísticos, será por intermédio de uma alusão histórica, será a partir de um exemplo que obteve repercussão nacional? Depois, sua tese vai conter quais informações: você vai apresentar um contraste, apresentará causas e consequências, preferirá uma enumeração argumentativa? Os corretores são treinados a identificar isso e, sem dúvida, identificam facilmente quando não há esse domínio por parte do candidato. 

Além disso, não se esqueça de que a redação é um “jogo” e, portanto, você precisa ser estrategista, você precisa ser convincente para ser eficiente. Defina como o seu texto será lido, afinal, se você tiver consciência disso, vai entender que a redação é sua e você tem o poder de definir como o corretor irá lê-la. Se, por exemplo, você, após ter lido com atenção os textos motivadores, após ter acionado seu conhecimento de mundo sobre o tema, após ter selecionado as melhores opções argumentativas para você trabalhar, entender que a melhor estratégia é “causa x consequência”, elabore uma frase que obrigue o corretor a perguntar “quais?”.  Como assim? Para ilustrar, pense no tema de 2019: “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”. Imaginemos que você tenha decidido que a democratização do acesso ao cinema é falha, isto é, não são todas as pessoas que têm esse acesso garantido. A partir disso, você definiu que será eficiente explicar o porquê de existirem pessoas sem acesso ao cinema. Você pode, portanto, elaborar o seguinte tópico frasal no seu primeiro parágrafo de desenvolvimento: “diferentes motivos explicam por que há muitos cidadãos brasileiros que não conseguem frequentar o cinema”. Repare que, devido a essa afirmação, o leitor/corretor é obrigado a perguntar “quais motivos são esses?”. Ele não perguntou isso porque ele quis, ele perguntou isso porque o seu PLANEJAMENTO o obrigou a fazer essa pergunta, afinal, se você o fez proferir mentalmente essa pergunta quando ele estava lendo o seu texto, é porque você sabe as respostas e vai apresentá-las ao longo da argumentação. Isso só é possível com planejamento.

Dessa forma, nota-se que o posicionamento do candidato será avaliado a partir do modo como ele seleciona, organiza e apresenta os argumentos. Convencer alguém a respeito de algo não é uma tarefa fácil, quantas vezes, depois de uma discussão na qual não obtivemos sucesso, com a cabeça fria, não pensamos: “por que não falei isso assim, depois disso, eu teria vencido a discussão”. Teria “vencido a discussão”, pois teria apresentado um posicionamento PLANEJADO. A sua discussão mais importante dos últimos tempos vai ser em janeiro, no dia da prova de REDAÇÃO do ENEM, por isso não deixe para, em fevereiro, pensar “por que não fiz assim ou assado”. Já chegue com a ideia pronta de planejamento na sua cabeça, visto que para ser eficiente, você precisa ser convincente. 

Os professores Vivi e Felipe lecionam no pré-vestibular Determinante e no curso preparatório para o Enem Dois Pontos: linguagens e matemática.

Instagram:
  • @felipealves.professor
  • @professoravivifaria

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