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Estado de Minas NA PONTA DO LÁPIS

Em BH, lista de material escolar tem itens que subiram 132% em dois anos

Gasto anual com material escolar atormenta os responsáveis, que precisam pesquisar para que a compra não pese no bolso


24/01/2022 12:01 - atualizado 24/01/2022 13:52

Apontador com reservatório retangular licenciado varia de R$ 1,99 a R$ 7
Apontador com reservatório retangular licenciado varia de R$ 1,99 a R$ 7 (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
O início do ano letivo de 2022 bate à porta e os responsáveis pelas crianças e adolescentes devem começar a acionar as calculadoras. Isso porque o tradicional gasto anual com material escolar demanda atenção por causa dos aumentos entre os anos e variações diversas, e este ano a situação segue a mesma.

Segundo pesquisa divulgada nesta segunda-feira (24/01) pelo site Mercado Mineiro, feita a partir de preços nas papelarias de Belo Horizonte e Região Metropolitana, o aumento e a variação destes produtos estão nas alturas. Em comparação com o último levantamento realizado pela instituição, em 2020, antes da pandemia de COVID-19, a borracha branca nº20 licenciado teve aumento de 111% no preço médio, passando de R$ 1,20 para R$ 2,54.

Outros exemplos são: tesoura escolar inox ponta redonda licenciada, que subiu de R$ 7,17 em 2020 para R$ 16,64 em 2022, com 132% de aumento; gizão de cera com 12 cores licenciado, que passou de R$ 5,66 para R$ 12,12, com aumento de 114%; cola branca 90g genérica, de R$ 2,15 para R$ 4,42, com 105%; cola branca 90g licenciada, com aumento de R$ 2,95 para R$ 6023, com diferença de 111%; caderno brochurão capa dura 96 folhas licenciado, de R$ 7,37 para R$12,06, com aumento de 63%; caderno universitário espiral capa dura 200 folhas licenciado, de R$ 15,12 para R$24.29, com diferença de 60%; apontador com reservatório de marca genérica, que passou de R$ 2,10 para R$ 3,11, aumento de 48%.

Já as variações nos preços não ficam para trás. O apontador com reservatório retangular licenciado pode custar de R$ 1,99 até R$ 7, com uma variação de 252% entre lojas na Grande BH. 

Grafite 0,5 com 12 minas genérico pode custar de R$ 1 até R$ 5.50, uma variação de 450%; caderno universitário espiral capa dura 200 folhas licenciado vai de R$ 16.90 até R$ 39.90, com diferença de 136%; cola branca 40g genérica também vai de R$ 1,20 a R$ 2,90, com 142% entre preços; durex transparente 12x30 licenciado vale de R$ 1,50 até R$ 3,20, variação de 113%; e a fita adesiva embalagem 45x45 licenciada pode ser encontrado de R$ 2,95 até R$ 6,99, com uma variação de 137%.

A reportagem do Estado de Minas esteve na Região Central de BH nesta manhã e se deparou com papelarias com movimento calmo para esta época do ano, marcada pela correria da volta às aulas. Segundo alguns funcionários, a pandemia segue afetando o comércio, isso porque a volta às aulas presenciais em 2022 vive um momento de incerteza, devido a um novo avanço do coronavírus.

Mesmo assim, há movimento. Fátima Magalhães, de 67 anos, estava com uma lista de material escolar para escola pública de um estudante de 7 anos e fazia algumas pesquisas. Por fim, ela diz que deve optar por escolher tudo de uma mesma papelaria, mesmo reconhecendo que poderia gastar mais.

"Estava saindo de lá de onde fui porque fiz um orçamento primeiro. Onde eu fui, tinha tudo para a gente, e achei os preços mais ou menos parecidos com os outros. Em compensação, em outros eram mais baratos, mas às vezes faltava algo, acho que não vale muito a pena ficar indo em outros lugares, não acho tão ruim comprar em um lugar mesmo com algumas diferenças. Pesar no bolso sempre pesa, se comprar tudo em um lugar vou gastar um valor a mais, mas não vou perder muito tempo. Eu ainda dou mais uma pesquisada, mas no momento em um lugar só eu encontro e, até agora, vou com essa opção", afirmou, ao Estado de Minas.
 
Já Núbia Silvério de Prado, de 44 anos, não abre mão de "bater perna" e pesquisar os preços mais baratos dos materiais escolares. Ela, inclusive, vai recorrer ao comércio online em alguns casos.
 
"Algumas coisas vimos muita diferença, temos que andar mesmo porque é bom para o bolso. Eu mesmo andei, comprei um livro com cerca de R$ 50 de diferença, tem coisa que além do comércio físico vou comprar pela internet, com muita distância. Tenho três listas, e está muito caro. Está tudo caro, na verdade, como subiu tudo, uma coisa sobe a outra e é um efeito dominó. Eu esperava esse aumento, mas realmente está muito caro, por isso que é bom pesquisar", disse, à reportagem. 

Coordenador do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu considera que a melhor opção para o bolso é a pesquisa e compra em locais diferentes. O economista destaca que a compra de pacotes fechados de material escolar, com idade pré-determinada, também não é o adequado para o bolso.

"É tentar também ir em duas ou três lojas. As lojas que já têm a lista de material escolar pronta normalmente são as mais caras, aquelas que já deixam embalado com o ano do seu filho. É uma comodidade que sai muito caro para o bolso dos pais, e temos que valorizar nosso dinheiro", afirma.

A pesquisa foi realizada entre 18 e 19 de janeiro deste ano, com dez papelarias da Grande BH. O levantamento tratar das marcas mais tradicionais como as "licenciadas" e outras mais baratas, mas que atendem ao consumidor em certa medida, como "genércias".

"A pesquisa do site Mercado Mineiro é formatada pelos empresários do setor. O objetivo desta formatação é devido à grande mudança que os produtos sofrem de um ano para o outro (descrição e gramatura), assim evitamos ao máximo erros (distorções) nas respostas dos lojistas. Utilizamos também em alguns produtos o termo 'Genérico' onde se entende que é o produto mais barato encontrado na loja, desprezando a marca e valorizando o menor preço, portanto, estes produtos podem ter variações consideráveis e em alguns casos justificáveis", diz o levantamento.

Atenção


As escolas não podem exigir dos responsáveis o pagamento ou fornecimento de materiais de uso coletivo. As listas podem somente conter itens necessários ao desenvolvimento das atividades pedagógicas do estudante, como lápis, canetas, tinta guache e cartolinas. É necessária atenção também quanto à obrigatoriedade de devolução aos alunos, ao fim do ano letivo, de todo o material escolar que não tenha sido utilizado. 

"Será nula cláusula contratual que obrigue o contratante ao pagamento adicional ou ao fornecimento de qualquer material escolar de uso coletivo dos estudantes ou da instituição, necessário à prestação dos serviços educacionais contratados, devendo os custos correspondentes ser sempre considerados nos cálculos do valor das anuidades ou das semestralidades escolares", diz trecho da Lei Federal 12.866/13.

Os responsáveis também podem optar se compram eles próprios os materiais da lista ou se pagam uma taxa para que a escola os adquira, caso a instituição ofereça este serviço. A lista de materiais deve ser divulgada durante o período de matrícula, acompanhada de um cronograma semestral para utilização.

Se forem comprar o material, os responsáveis podem fazê-lo de uma só vez ou aos poucos durante o semestre, respeitando o cronograma apresentado pela instituição de ensino. A escola não pode exigir pagamento de taxa ou impedir que responsáveis comprem produtos em determinada papelaria. A exceção se aplica a livros didáticos, já que marcas também são de livre escolha.

Os livros, inclusive, são uma dor de cabeça aos responsáveis que têm crianças ou adolescentes em instituições particulares. Algumas instituições tratam livros como "consumíveis", com compras anuais das obras. Em escolas sem os chamados "sistemas educacionais" de editoras, pode-se comprar livros usados com preços mais em conta em relação aos novos.

"Em nome da economia para os pais e da preservação do meio ambiente, reforçamos a importância de conscientizar as escolas para que elas não exijam a aquisição da mais recente edição dos livros de disciplinas como matemática, sociologia, química e outras cujo conteúdo praticamente não muda  de um ano para o outro", diz Marcelo Barbosa, coordenador do Procon da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).


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