Pressionado, principalmente, pelo custo da energia elétrica, o grupo de despesas das famílias brasileiras com a habitação fez a inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subir a 0,83% em maio, 0,52 ponto percentual acima da taxa de 0,31% registrada em abril, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi a maior elevação já apurada no mês de referência desde maio de 1996 (1,22%), portanto, nos últimos 25 anos. O reajuste das contas de luz atingiu 5,37%, em média, vilão isolado dos gastos da população dentro de casa.
Embora, pelo segundo ano, as tarifas da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) para os consumidores nas residências não tenham sido reajustadas, houve aumento de custo com o insumo devido à aplicação do sistema de bandeiras tarifárias, em decorrência do acionamento das usinas térmicas, com geração mais cara. Na Grande Belo Horizonte, o comportamento dos preços foi semelhante, tendo também a energia elétrica residencial, remarcada em 5,16%, como carro-chefe do item habitação. O IPCA medido no mês passado na região metropolitana da capital alcançou 0,79%, mais que o dobro da variação de abril (0,37%), perfazendo a maior alta para o mês em 18 anos, desde 2003 (1,37%).
Embora, pelo segundo ano, as tarifas da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) para os consumidores nas residências não tenham sido reajustadas, houve aumento de custo com o insumo devido à aplicação do sistema de bandeiras tarifárias, em decorrência do acionamento das usinas térmicas, com geração mais cara.
“Em maio, passou a vigorar a bandeira tarifária vermelha patamar 1, que acrescenta R$ 4,169 na conta de luz a cada 100 quilowatts-hora consumidos. Vale lembrar que, entre janeiro e abril, estava em vigor a bandeira amarela, cujo acréscimo é menor (R$ 1,343). Além disso, no final de abril, ocorreram reajustes em diversas regiões de abrangência do índice”, destacou ontem o IBGE ao divulgar o IPCA. Houve aumento de tarifa em Fortaleza (CE), Aracaju (SE), Salvador (BA), Campo Grande (MS) e Recife (PE).
O acionamento de usinas termelétricas está entre as medidas das quais o governo federal lança mão diante da maior estiagem que o país enfrenta desde 1930 e leva ao rebaixamento do nível de armazenamento de água dos reservatórios das usinas hidrelétricas. Elas respondem pela principal fonte de oferta de energia no Brasil. Na semana passada, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) emitiu alerta de emergência hídrica sobre o esvaziamento de reservatórios de hidrelétricas em cinco estados, incluindo Minas Gerais.
As famílias brasileiras, da mesma forma, gastaram mais com a taxa de água e esgoto (1,61%), devido a reajustes em São Paulo e Curitiba, e com o gás encanado (4,58%). A despesa com o gás de botijão subiu 1,24% em maio, acumulando alta de 24,05% em 12 meses consecutivos de aumentos. O IPCA acumula, agora, variação de 3,22% no ano e surpreendentes 8,06% nos últimos 12 meses. Nesta última base de comparação, o índice avançou bastante quando comparado aos 6,76% medidos até abril.
Generalizada
De acordo com o IBGE, os nove grupos de produtos e serviços pesquisados apresentaram aumento em maio. O maior impacto (0,28 ponto percentual) e a maior variação (1,78%) surgiram no grupo habitação, que acelerou em relação a abril (0,22%). A segunda maior contribuição (0,24 ponto) foi dos transportes, cujos preços subiram 1,15% em maio, após recuar 0,08% em abril.
Nos transportes (1,15%), o maior impacto (0,17 p.p.) veio da gasolina (2,87%), cujos preços haviam recuado em abril (-0,44%).O combustível acumula alta de 24,70% e, em 12 meses, atinge variação de 45,80%. Os preços do gás veicular (23,75%), do etanol (12,92%) e do óleo diesel (4,61%) também subiram em maio.
Entre as despesas com alimentos e bebidas, que cresceram 0,44%, em média, as carnes encareceram 2,24% no mês passado, acumulando aumento de 38% nos últimos 12 meses. A pressão só não foi maior porque houve queda de preços de frutas (-8,39%), cebola (-7,22%) e do arroz (-1,14%).
Na sequência, os gastos com saúde e cuidados pessoais ficaram 0,76%, em média, mais caros. Nesse grupo, se destacaram os aumentos de 1,47% dos produtos farmacêuticos, apesar de a variação ter sido inferior à de abril (2,69%). Em 1º de abril, foi autorizado o reajuste de até 10,08% nos preços dos medicamentos, a depender da classe terapêutica e do perfil de concorrência da substância. Pesaram, ainda, no mês passado, as variações com plano de saúde (0,67%) e dos itens de higiene pessoal (0,63%).
Pobres
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), retrato das despesas das famílias com renda de um a cinco salários mínimos, representou peso maior no bolso dos mais pobres: teve variação de 8,90% nos últimos 12 meses até maio. Considerando-se apenas o mês passado, o INPC variou 0,96%, enquanto o IPCA subiu 0,83%.
A variação do INPC foi a maior desde maio de 2016 (0,98%) e sofreu impacto, sobretudo, dos preços dos alimentos, de acordo com dados do IBGE. Os alimentos encareceram 0,53%, na média, em maio, ficando acima do resultado de abril (0,49%).