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Estado de Minas Efeito pandemia

Impacto de guerra sobre a economia

Morte por COVID-19 reduz expectativa de vida e gera perdas para o mercado de trabalho


03/05/2021 04:00

Alta de casos e mortes terá impacto sobre a atividade econômica (foto: Eduardo Valente/Shoot/Estadão Conteúdo %u2013 2/3/21)
Alta de casos e mortes terá impacto sobre a atividade econômica (foto: Eduardo Valente/Shoot/Estadão Conteúdo %u2013 2/3/21)

COVID-19 já matou 3,1 milhões de pessoas no mundo, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), e o efeito desses óbitos na economia global ainda está sendo estudados, apesar de devastadores. Um deles é a queda na expectativa de vida da população global. Estudos recentes mostram que, nos Estados Unidos, a perda na expectativa de vida, no ano passado, foi de um ano e meio e, na Rússia, de dois anos. E, no Brasil, não é diferente, de acordo com especialistas ouvidos pelo Estado de Minas.

Ana Amélia Camarano, técnica de planejamento e pesquisa na Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), está finalizando um estudo sobre o assunto que indica que a expectativa de vida do brasileiro, em 2020, foi de 2,1 anos abaixo da registrada em 2019, passando de 76,6 anos para 74,5 anos. A especialista reconhece que, em 2021, essa queda deve aumentar já que, nos primeiros meses deste ano, o país tem mais mortes por COVID-19 do que em todo ano de 2020.

“A queda na expectativa de vida neste ano deve ser maior do que a do ano passado. Os dados preliminares até abril mostram que, pelo menos, ela pode dobrar. Mas tudo vai depender também do processo de vacinação. Se for mais acelerado, pode ajudar a melhorar o cenário atual e reduzir essa queda”, explica. Pelas estimativas preliminares da técnica do Ipea, a expectativa de vida de mulheres passou de 80,1 anos para 78,3 anos entre 2019 e 2020 e, a de homens, de 73,1 anos para 70,1 anos, no mesmo período. “No meu primeiro trabalho, as perdas com as mortes em 2020 foram de 2,1 anos e, olhando para os dados até abril, vamos continuar perdendo”, afirma.

O aumento da expectativa de vida é um sinal da melhoria nas condições básicas de vida da população e, conforme os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), isso vinha ocorrendo desde o início da série, nos anos 1940. Conforme os dados do Conass, o número de mortos pela COVID-19 chegou a 194.949 no fim de 2020, e, neste ano, foram 403.781 óbitos até sexta-feira.

Essa queda em torno de dois anos na expectativa de vida do brasileiro significa um retrocesso maior no processo que de melhorias sociais que estavam em curso, no entender do economista Marcelo Neri, diretor do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV Social). “O retrocesso pode ser maior, porque, a cada três anos, o brasileiro vinha ganhando um ano de expectativa de vida, e, se houve uma queda de dois anos, na verdade, o país perdeu quase sete anos, até agora, em termos de avanços na qualidade de vida”, lamenta.

Analistas reconhecem que ainda é cedo para ter dados precisos sobre os impactos da pandemia da COVID-19 na economia e dessa redução da expectativa de vida do brasileiro, mas não descartam a magnitude de uma guerra sem precedentes. O economista e consultor Paulo Rabello de Castro, ex-presidente do IBGE e ex-presidente do BNDES, avalia que os impactos das mortes da COVID-19 ainda são difíceis de calcular e podem ser piores do que os de uma guerra. “Na guerra, morrem, especialmente, pessoas mais jovens e que ainda entraram no mercado de trabalho. Agora, em uma situação como a COVID-19, havia uma mortalidade maior entre os idosos, mas, atualmente, podemos considerar que 50% dos óbitos são de pessoas que estão dentro do mercado de trabalho”, alerta.



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