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Estado de Minas DIRETO DA HORTA

Grande BH ganhará mercados com venda de itens do produtor ao consumidor

Grupo projeta unidades no estilo mercado de origem, com oferta agrícola sem atravessador. Em BH, serão no Olhos D'água, Sta Tereza, Pe. Eustáquio e Venda Nova


25/12/2020 04:00 - atualizado 25/12/2020 07:40

Detalhe de um dos locais que receberão o empreendimento: previsão de criação de 4 mil postos de trabalho(foto: Grupo Uai e a Fundação Doimo/Divulgação)
Detalhe de um dos locais que receberão o empreendimento: previsão de criação de 4 mil postos de trabalho (foto: Grupo Uai e a Fundação Doimo/Divulgação)
 
Venda Nova e Ribeirão das Neves, a partir do ano que vem, serão as primeiras regiões a receber unidades dos mercados de origem, negócio que funcionará como uma central de vendas de produtos agrícolas direto da horta para o consumidor, sem passar pelo atravessador. Além de melhores ganhos ao pequeno produtor e preços mais em conta, a iniciativa possibilitará a criação de empregos diretos e indiretos.

O projeto do Grupo Uai e da Fundação Doimo prevê investimentos da ordem de R$ 115 milhões em cinco centros comercias que funcionarão no Bairro Olhos D'Água, na Zona Sul de Belo Horizonte, Padre Eustáquio, Região Oeste, Santa Teresa, na Leste, que se somarão aos mais dois com inauguração prevista para o segundo semestre de 2021.

De acordo com os gestores do empreendimento, estão previstos nessas unidades 4 mil pontos de negócios: 400 no Bairro Padre Eustáquio, 500 em Venda Nova, 800 no Bairro Santa Teresa, mil na Zona Sul de Belo Horizonte e 1.500 na cidade de Ribeirão das Neves.

“Se cada empreendedor contratar uma pessoa, serão gerados diretamente 4 mil empregos e, no campo, podemos multiplicar este número por 10”, projeta Elias Tergilene, presidente da Fundação Doimo.

Com o lema “das mãos de quem produz, direto para as mãos de quem consome”, o empreendimento pretende criar um "Circuito de Mercados", priorizando a agricultura familiar, mas oferecendo ainda serviços de lazer e exposição artesanal.

A ideia é distribuir lojas de 20 metros quadrados, mas também espaços onde os produtos sazonais possam ser expostos e vendidos durante a safra, sem obrigatoriedade de pagar por locação nos períodos de vacância. "O produtor pode alugar a barraca temporariamente, e quando vier a entressafra, ele repassa para outra produção da época", explica Tergilene.

Os aluguéis podem ser fixos ou temporários. "O produtor paga 10% sobre o valor das vendas. Se não vender nada, não paga. Hoje, de cada R$ 100 vendidos no supermercado, o pequeno produtor fica com apenas R$ 14 do valor total bruto comercializado. Mudar essa política de preços na cadeia produtiva faz parte do projeto que já conseguiu resolver a questão de logística e da armazenagem da produção", calcula o empresário.

Segundo Tergilene implantar a distribuição direta da produção garante melhor margem de lucro para o produtor, que poderá receber pelo menos 50% do valor da sua mercadoria. "Essa nova política de lucros vai beneficiar também o consumidor, que contará com preços mais baixos”, ressalta.

A unidade de Venda Nova será implantada no espaço do Shopping Uai (antigo Shopping O Ponto), na Rua Padre Pedro Pinto, 1.500. A de Ribeirão das Neves será na Avenida Renato Azeredo, 548, Distrito industrial João de Almeida, em frente à fábrica Augusta Imóveis.

Função social 

Em Neves, o Mercado de Origem contará com gêneros alimentícios plantados e colhidos também pela população que cumpre pena privativa de liberdade nos presídios da cidade, ressalta o presidente da Fundação Doimo. Ele conta que foram adquiridas duas fazendas, cujo trabalho seguirá a estratégia da agricultura sustentável. Uma em Neves, a 32 quilômetros de Belo Horizonte. A outra em Moeda, mais próxima do Mercado de Origem da Zona Sul, que, além dos pequenos agricultores, abrirá espaço de plantio, produção e renda para as famílias de comunidades quilombolas.

Além de gêneros alimentícios, estão previstos espaços para venda de artesanatos e setores dedicados à gastronomia, embelezamento e entretenimento infantil. Conforme o projeto, haverá um setor específico para produtores de cerveja artesanal de Minas Gerais exporem seus produtos, se tornando um polo para o turismo.

Reforço da agricultura familiar

A ideia do Mercado de Origem é comemorada pelo produtor de queijos Joel Urias Leite, da Queijaria Senzala, uma tradição de família, da Fazenda Caxambu, em Sacramento, região queijeira de Araxá, no Triângulo. Ao longo de cinco gerações, a família vem aprimorando a produção do Queijo Araxá e, em 2017, ganhou as medalhas de Ouro e Super Ouro no concurso Mondial du Fromage, no Salão do Queijo de Tours, na França, competindo entre 700 produtos de 20 países diferentes.

“Fabricamos um alimento natural e muito nutritivo, que precisa chegar à mesa de todos. E o Mercado de Origem vai nos proporcionar a melhoria na comercialização e na venda direta ao consumidor. O produtor rural merece um apoio de um projeto que reúna, em conjunto, os pequenos negócios que não têm condições e estrutura para se mostrarem sozinhos nos grandes centros urbanos", avalia Leite.

No Brasil, a agricultura familiar é responsável por 70% dos alimentos que chegam à mesa da população. O Censo Agropecuário de 2017 mostra que a agricultura familiar responde por 80% do valor de produção de mandioca, 58% de leite, 48% de café e banana e 42% de feijão. O Censo revela ainda que as pequenas propriedades empregam dez milhões de pessoas – 67% da mão de obra do campo.

Os números expressivos da agricultura familiar também aparecem no processamento de produtos lácteos (queijos artesanais, minas frescal, muçarela, ricota, manteiga, doce de leite e requeijão). Minas Gerais tem 8.084 agroindústrias familiares individuais e 31 agroindústrias familiares coletivas, cuja produção totaliza 35 mil toneladas de derivados de leite produzidas por ano. A atividade, segundo o Sistema Safra Agrícola da Emater-MG, está a cargo de 215.348 agricultores familiares, representando 83,98 % do contingente de 256.438 produtores envolvidos com a atividade leiteira em Minas.





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