O Produto Interno Bruto de Minas Gerais (PIB) - soma da produção de bens e serviços do estado - caiu 9,8% no 2º trimestre de 2020 frente ao período de janeiro a março. Os dados foram divulgados pela Fundação João Pinheiro (FJP) na manhã desta quinta-feira. Nesta semana, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estimou retração similar para o país, -9,7, na mesma base de comparação.
Na avaliação do coordenador do Núcleo de Contas Regionais da FJP, Raimundo de Souza Leal Filho, o resultado do segundo trimestre, tanto para a economia brasileira quanto a mineira, foi, nas palavras dele, “menos pior” do que se imaginava anteriormente. “Isso se deu devido à resposta governamental. O auxílio emergencial foi essencial para sustentar o consumo das famílias. Para o futuro próximo a sociedade brasileira precisa discutir como será feita a transição do auxílio para um novo programa, um Bolsa Família ampliado, que será necessário”, comentou em videoconferência.
Eles também consideram a hipótese de que o programa Minas Consciente, do governo do estado, possa ter sido importante para coordenar expectativas no momento de crise. Mas o coordenador destaca que ainda não há elementos para fazer uma análise científica rigorosa da iniciativa.
Eles também consideram a hipótese de que o programa Minas Consciente, do governo do estado, possa ter sido importante para coordenar expectativas no momento de crise. Mas o coordenador destaca que ainda não há elementos para fazer uma análise científica rigorosa da iniciativa.
Em Minas Gerais, a indústria de transformação foi o setor mais afetado pela pandemia da COVID-19. O índice do volume do Valor Adicionado Bruto (VAB) teve retração de 15,2% em relação ao primeiro trimestre. A FJP também aponta que os setores do comércio, administração pública e serviços privados (exceto transporte), tiveram um impacto severo, com contração de 9,8% no PIB de Minas no mesmo período.
O subcoordenador de Contas Regionais, Thiago Rafael Correa de Almeida detalhou que a queda na produção física com ajuste sazonal em Minas Gerais se deu principalmente em relação ao segmento de têxteis (-31,3%), afetando o comércio (queda de 11,8% no trimestre). Somente o volume de vendas no setor de vestuário teve queda de -41,1% no segundo trimestre.
A maior queda foi na produção de veículos, -65%, seguida pelas produções de metal (-41,8) e máquinas e equipamentos (-41,4). A produção de alimentos teve saldo positivo de 6,6% e a de produtos químicos, de 8,9%.
De volta ao volume de vendas com ajuste sazonal, no primeiro e segundo trimestres de 2020, com mais pessoas em casa mantendo a quarentena naquele período, o comércio de veículos caiu -28,1%. O setor das livrarias teve uma queda maior que a do país. Foi de -23,7% contra -19,6% no Brasil. O alento, como destacou Almeida, veio dos setores de hipermercados, com aumento de 3,2%, informática, com 4,9% e também materiais de construção, com 8,9%. Esses dois últimos, de certa foram, foram beneficiados pelos trabalhadores que ficaram em home office e também pelas reformas e outros reparos realizados por quem ficou em casa.
Em relação aos serviços, a crise provocada pelo coronavírus resultou em quedas acentuadas nos setores de atendimento às famílias (como cultura, arte, saúde, e beleza), que dependem muito da circulação de pessoas – queda de -44,8%, e turismo, cuja queda foi de -53%. O setor de transportes também teve saldo negativo de -16,7%.
A construção civil, que começou a dar sinais de recuperação em 2019, vem apresentando queda no número de pessoas ocupadas no setor. A queda foi de 803 mil para 610 mil entre o fim do ano passado e o segundo trimestre de 2020.