Em meio às políticas de isolamento social para frear o avanço do novo coronavírus, quase 40% dos consumidores de Belo Horizonte se tornaram inadimplentes, conforme mostra pesquisa da Fecomércio MG. De acordo com os dados de maio, 37,8% dos moradores da capital mineira estão com dívidas a pagar, um aumento de 4,2 pontos percentuais em comparação com abril. Segundo a federação, essa é a terceira alta consecutiva do índice e a maior registrada nos últimos dois anos.
Na mesma trajetória, o número de famílias endividadas voltou a crescer em BH. Agora, 78,3% das famílias estão nessa condição em BH - esse é o resultado mais elevado em 2020. Os dados fazem parte da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Fecomércio MG.
Cartão de crédito
Ainda segundo o estudo, 15,4% dos consumidores afirmaram não ter condições de quitar as dívidas; esse é o quarto aumento consecutivo. Entre as formas de pagamento, o cartão de crédito continua como a opção mais utilizada pelos consumidores da capital mineira. Em maio, 84,5% fizeram dívidas nessa modalidade, contra 79,9% no mesmo período de 2019.
Com base nos dados, fica claro a opção das famílias de usarem o crédito como ferramenta estratégica na compra de bens. “O cartão de crédito ainda é visto como um complemento do orçamento familiar mensal, o que é um grande risco, pois essa modalidade possui um dos maiores juros praticados no mercado, em média 260% ao ano no crédito rotativo. Observamos que essa modalidade é ainda mais utilizada por 93,8% famílias com mais de dez salários mínimos”, explica a economista Bárbara Guimarães.
Tamanho da dívida A pesquisa aponta que o endividamento dos belo-horizontinos representa 10% da renda familiar em 73,1% dos casos. Além disso, para 51,1% dos entrevistados, esse percentual atinge 50% do orçamento mensal e, em média, o tempo de comprometimento da renda é de sete meses.
Outras modalidades
Outras dívidas citadas pelos entrevistados foram: carnês (19,0%), financiamento de carro (10,8%), financiamento imobiliário (7,3%), crédito pessoal (11,5%) e o cheque especial (8,5%).
“Na pesquisa atual, observamos uma expansão de 5 pontos percentuais no uso do crédito pessoal em relação a abril (6,5%) e uma alta de 4,9 pontos em comparação ao mesmo período do ano passado, quando o indicador atingiu 6,6%. É fundamental que as famílias tenham cuidado com a contratação de empréstimos neste período, sobretudo pela grande oscilação da renda mensal e a redução dos postos de trabalho”, alerta Bárbara.