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Estado de Minas

Donos de bancas de BH contestam campanha lançada pelo Santander

Empreendedores do pequeno negócio questionam proposta para reforma de estabelecimentos vinculada a empréstimo em momento de crise na economia


postado em 21/05/2020 04:00 / atualizado em 21/05/2020 14:09

O proprietário da banca ou alguém por ele indicado precisa fazer um curso de capacitação para obter o financiamento junto ao banco (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press - 29/3/04 )
O proprietário da banca ou alguém por ele indicado precisa fazer um curso de capacitação para obter o financiamento junto ao banco (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press - 29/3/04 )
Donos de bancas de jornais e revistas de Belo Horizonte contestam as vantagens de aderir ao projeto lançado pelo banco Santander com a promessa de gerar renda no segmento. Em meio à pandemia do coronavírus, a instituição financeira iniciou a campanha “A gente banca”, propondo-se a reformar os estabelecimentos tradicionais para aumentar a oferta de serviços e tentar gerar recursos. Fazer publicidade para o Santander e aderir a uma linha de crédito são algumas das contrapartidas obrigatórias.
Izael Xavier, dono de uma banca em Belo Horizonte, no Bairro São Geraldo, há 26 anos, não acredita que o projeto vá apoiar os jornaleiros. “O banco não está aqui para ajudar a classe desamparada, a classe demolida”, diz. Segundo ele, muitos colegas de profissão tentaram se inscrever, mas não obtiveram resposta do Santander, que, de acordo com Izael, estabeleceu prazo de cinco dias úteis para retornar. “Tem pegadinha nesse meio, eu não confio”, conta o microempreendedor. No entanto, o banco sustenta que todos que se inscreverem no programa receberam um primeiro contato, por e-mail, dentro do prazo previsto.

Para aderir ao projeto do Santander, o proprietário da banca, ou alguém indicado por ele, precisa fazer um curso de capacitação para obter o crédito. As opções para o segundo negócio que passará a funcionar simultaneamente, no mesmo espaço da banca, são chaveiro, floricultura, assistência técnica de celular, ateliê de costura ou manicure. Pelas regras do programa, o Santander informa que abaterá até um terço da dívida a partir de publicidade feita na banca.

O jornaleiro Izael Xavier também questiona se há alvarás liberados pela prefeitura para o funcionamento dos dois negócios. Segundo ele, é arriscado aderir a uma proposta sem saber sua viabilidade. O jornaleiro ainda teme que, após a reforma oferecida pelo Santander, o banco deixe o proprietário desamparado.

O Santander esclareceu que é de exclusiva responsabilidade do interessado em participar do projeto obter as aprovações necessárias junto à prefeitura. “Para a reforma da banca de jornal, para a inclusão de um novo serviço e para veiculação de publicidade”, informou. Sobre o amparo ao jornaleiro, questionado por Izael, o banco afirmou que haverá um agente acompanhando o negócio.

Investimento 

Rogério Carlos, também dono de banca na capital mineira, no Barro Preto, não considera o projeto do banco Santander vantajoso para seu negócio, que funciona há nove anos. Ele gostaria de investir em seu negócio sem fazer empréstimos. “Não valeria a pena. Para investir na banca, preferiria fazer com meu próprio capital, não pegando emprestado”, esclarece.

Assumir um financiamento em meio à pandemia é um fator que traz insegurança aos proprietários de bancas. “Temos que ver o que é melhor pra gente, porque é complicado adquirir uma dívida sem saber se vale a pena, ainda mais neste momento”, comenta Idalina Aguilar, dona de uma banca no Bairro Carmo, entre a Avenida do Contorno e a Rua Grão Mogol. A jornaleira chegou a tentar contato com o Santander para participar do programa, mas não recebeu resposta.

Outro ponto questionado pelos proprietários de bancas na capital é a viabilidade de contratar um empregado para atuar no segundo negócio. Idalina conta que trabalha das 7h às 20h, em pé, e não gostaria de depender de um funcionário. “Teria que ser um comércio de que eu mesma desse conta”, diz.

O Santander informou ao Estado de Minas que cerca de 1,5 mil jornaleiros se inscreveram no “A gente banca”, dos quais 109 são mineiros. Desses, 37 são de Belo Horizonte. De acordo com o banco, os limites do financiamento, que muito preocupa os donos de bancas, vão de R$ 15 mil a R$ 60 mil, com juros a partir de 2,99% ao mês e prazo de pagamento de até 24 meses.

Autônomos qualificados

(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press 2/1/20)
(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press 2/1/20)
Agência de emprego (foto) vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese), a Central do Trabalhador Autônomo (CTA) cadastrou e orientou 451 profissionais autônomos do setor de serviços, que foram orientados conforme as normas de saúde e segurança determinadas pelas autoridades sanitárias e as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitar a propagação do novo coronavírus. Os trabalhadores das áreas de faxina, serviços gerais, lavadeiras, passadeiras e cozinheiras serão encaminhados a pessoas e empresas interessadas pelo telefone (31) 3916-9077. As diárias em Belo Horizonte custam R$ 120, com o transporte incluído, para 8 horas de serviço. No interior do estado, nas cidades que já contam com os serviços da central, a diária varia de acordo com a economia local e os acordos entre solicitantes e trabalhadores. As unidades da CTA funcionam nos municípios de Betim, Itabira, Barão de Cocais, Patrocínio e Piumhí.  As orientações aos prestadores de serviços incluem o uso de máscaras, lavagem das mãos com água e sabão e álcool em gel, com frequência, evitar contatos físicos e não levar as mãos aos olhos, nariz ou boca.


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