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Estado de Minas CRISE

Dólar tem novo recorde com piora de previsões

Expectativas frustradas em relação ao país e turbulência comandada por impacto do coronavírus no mundo levam moeda norte-americana a renovar máxima de R$ 4,35


postado em 19/02/2020 04:00

Pregão na B3 refletiu apostas mais baixas de analistas de bancos e corretoras no crescimento do Brasil neste ano(foto: Paulo Silva Pinto/CB/D.A Press %u2013 14/1/18)
Pregão na B3 refletiu apostas mais baixas de analistas de bancos e corretoras no crescimento do Brasil neste ano (foto: Paulo Silva Pinto/CB/D.A Press %u2013 14/1/18)

Brasília – O dólar disparou, ontem, e rompeu nova barreira, de R$ 4,35, enquanto o presidente Jair Bolsonaro prefere destilar veneno contra jornalistas profissionais em vez de apresentar propostas para a retomada da economia. A divisa norte-americana encerrou o pregão com alta de 0,66%, cotada a R$ 4,358 na venda, em meio ao aumento das incertezas no mercado global e à piora nas previsões para a economia brasileira. A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) fechou o dia em baixa de 0,29%, aos 114.977 pontos, após o Ibovespa, índice das ações mais negociadas, ter caído até 1,54%. Pesou a frustração diante da perda de rentabilidade de empresas multinacionais, em razão do balanço da epidemia do coronavírus no mundo.
 
“Hoje, o dólar está mais perto de R$ 4,50 do que dos R$ 4,10 que o mercado estava esperando para este ano. Vamos continuar pressionados pelo aumento da aversão ao risco no mercado, que está reagindo com o avanço das preocupações com a queda na atividade global”, explicou Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.
 
Está se formando no mercado um consenso de que a tendência, agora, é de o dólar se valorizar diante das moedas de mercados emergentes em busca de segurança tendo em vista o aumento da instabilidade global sobre o impacto econômico do coronavírus. “A desvalorização do real tende a continuar forte, porque o grande parceiro comercial do Brasil é a China, que dá sinais de que a economia já está enfraquecendo e afetando outros países”, destacou Galhardo.
 
O especialista citou como exemplo o Japão, que está registrando desaceleração em consequência da falta de componentes chineses para as montadoras. Além disso, lembrou que empresas como a Apple, que também depende de componentes chineses, registram queda nas ações ao anunciar lucro menor.
“Tudo isso é muito ruim para o Brasil, porque a retomada da economia depende do setor externo e já tivemos um sinal de alerta que foi o resultado da balança comercial negativa em janeiro. Vamos ter que rezar para que isso acabe rápido”, alertou.
 
Vale a pena lembrar que as projeções de crescimento da economia brasileira em 2020 já estão descendo ladeira. O Boletim Focus, do Banco Central, que contém as projeções de analistas de bancos e corretoras, mostrou, na segunda-feira, que a mediana das previsões dos economistas do mercado foi reduzida de 2,3%, na semana passada, para 2,23%, nesta semana. Segundo analistas ouvidos pelo Estado de Minas, daqui para frente, vai ser difícil para o Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto da produção de bens e serviços do país) conseguir crescer 2% neste ano. A falta de foco nas prioridades e o impasse na agenda econômica pós-reforma da Previdência é um dos motivos desse aumento no desalento que começa a dar sinais mais significativos em meio à desaceleração global.
 
“O importante é voltar a ter um crescimento parrudo para recuperar emprego e recuperar consumo e a economia voltar a andar e construir investimento de longo prazo sem percalços daqui para frente. Mas isso só vai acontecer se o governo conseguir avançar nas reformas. Sem elas, não adianta”, completou Galhardo.
 
Banco Central A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou ontem o projeto de lei que prevê autonomia formal ao Banco Central (BC). A proposta está pronta para ser analisada pelo plenário da Casa. Na Câmara, os deputados federais discutem outro projeto de lei, este encaminhado pelo governo e defendido pela cúpula do BC.
 
Os senadores se movimentaram para aprovar o projeto do senador Plínio Valério (PSDB-AM) antes de o tema tramitar na Câmara. O projeto mantém como “objetivo fundamental” da autoridade monetária “assegurar a estabilidade de preços”. Emenda do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) foi aprovada, acrescentando que, sem prejuízo da meta fundamental, “o Banco Central do Brasil também tem por objetivos suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e zelar pela solidez e eficiência do Sistema Financeiro Nacional”. A novidade trazida pelo projeto é que o presidente do BC e os diretores terão mandatos fixos de quatro anos, admitida uma recondução. (Com agências)

“Estamos tranquilos”, diz presidente do BC


Marina Barbosa

Brasília – O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse ontem que a autoridade monetária está tranquila em relação à variação do dólar, que registrou nova alta, tento alcançando R$ 4,35. Questionado sobre o assunto na Câmara dos Deputados, Campos Neto sustentou que, diferentemente do ocorrido, a alta do dólar não é reflexo de uma piora da percepção de risco da economia brasileira.
 
“A desvalorização tem vários fatores. Mas, fatores que são diferentes dos vistos nos últimos movimentos de desvalorização no Brasil”, começou Campos Neto, dizendo que as altas sofridas pelo dólar nos últimos anos foram consequência da piora da percepção do mercado em relação à economia brasileira.
 
Campos Neto afirmou que a alta do dólar é fruto, sobretudo, da desvalorização das commodities (produtos agrícolas e minerais cotados no mercado internacional), mas também de um movimento de endividamento do empresariado, que estaria aproveitando os juros baixos para tomar dinheiro emprestado no Brasil para pagar suas dívidas externas.
 
“A curva de juros caiu a tal ponto que as empresas de fora perceberam que era melhor tomar dívida local, transformar os reais em dólar e mandar a moeda à vista para liquidar a dívida em dólar lá fora. Isso gerou demanda no mercado à vista. Então, o dólar subiu. Mas isso foi gerado por uma melhora de percepção”, argumentou. “Então, estamos tranquilos nesse sentido”, concluiu o presidente do BC, sem citar, contudo, a interferência que declarações políticas polêmicas têm surtido na cotação do dólar.
 
Na semana passada, por exemplo, a moeda norte-americana atingiu R$ 4,38 depois que o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que era bom manter o dólar alto para acabar com a “festa” das empregadas domésticas que estavam viajando à Disney. Ele admitiu, entretanto, que o BC vai continuar de olho no câmbio e pode intervir no mercado quando achar que a taxa subiu demais, como fez na semana passada depois dessa fala de Guedes.
 
“O BC pode fazer uma intervenção, como atuamos recentemente”, afirmou, lembrando o  regime de câmbio flutuante atualmente.

Privatização descartada


 As privatizações da Caixa, Banco do Brasil e Petrobras não estão no escopo do atual mandato do governo de Jair Bolsonaro, disse ontem o secretário especial de Desestatização e Desinvestimentos do Ministério da Economia, Salim Mattar, em evento do BTG Pactual. “Vamos fazer as privatizações pelas bordas. Talvez no próximo governo”, citou. Mattar afirmou que a população brasileira hoje está menos resistente às privatizações, a despeito de algumas greves, como a da Petrobras, com os funcionários se colocando contra elas.
 
No ano passado, as desestatizações e privatizações ocorreram em ritmo mais lento do que o desejado pelo governo porque havia um foco na reforma na Previdência, de acordo com o secretário. Como grande parte das privatizações precisam de aval do Congresso, o governo decidiu não queimar capital político. Ainda assim, disse, o governo superou em 2019 a metade da proposta de vender R$ 80 bilhões em ativos e finalizou o ano em R$ 105 bilhões.
 
Para este ano, a meta é chegar em R$ 150 bilhões e já foram apurados R$ 29 bilhões. Desse montante, R$ 22 bilhões vieram da venda de ações da Petrobras da carteira de renda variável do BNDES. “Estamos muito animados com o que podemos entregar”, disse Mattar.



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