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Estado de Minas SUFOCO FINANCEIRO

Endividamento resiste e sobe

Gastos típicos de início do ano com material escolar e impostos elevaram em 0,28% a inadimplência na capital frente a dezembro. Aposentados acumulam mais dívidas


postado em 18/02/2020 04:00

SPC de BH: número médio de dívidas por CPF foi o menor registrado desde o início da série histórica de dados da CDL-BH, em 2010(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press %u2013 16/5/12)
SPC de BH: número médio de dívidas por CPF foi o menor registrado desde o início da série histórica de dados da CDL-BH, em 2010 (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press %u2013 16/5/12)

O consumidor de Belo Horizonte começou 2020 devendo mais do que no fim do ano passado. O indicador de inadimplência da capital mineira subiu 0,28% em janeiro, na comparação com dezembro de 2019. A conclusão é da pesquisa de inadimplência e dívidas em atraso da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), divulgada ontem. Segundo a entidade, os gastos típicos de início do ano, com material escolar e impostos, são a principal causa para o aumento no número de devedores verificado este mês.

Segundo o vice-presidente da CDL/BH, Marco Antônio Gaspar, a elevação no número de devedores verificado na pesquisa é normal para janeiro. “O consumidor compra mais em dezembro. Alguns acabam esquecendo que em janeiro terão muita conta para pagar, como IPVA, matrícula, material escolar”, explica. Além disso, de acordo com o dirigente, dezembro tem uma base de comparação forte, já que o 13º salário contribui para a quitação de dívidas no último mês do ano. Gaspar acredita que o número de dívidas deve voltar a crescer em fevereiro. “É um mês de ressaca de janeiro. Também não é muito bom. A partir de março já deve cair”, analisa.

Por outro lado, na comparação com janeiro do ano passado, o número de devedores em BH em janeiro caiu 0,27%. Já o número médio de dívidas por CPF da capital, de 1,914, é o menor registrado desde o início da série histórica, em janeiro de 2010. Esse número está caindo desde março de 2017.

Apesar de ter subido 0,31% em janeiro, a tendência de queda no número de dívidas no longo prazo é motivo de otimismo do vice-presidente da CDL/BH. Ele avalia que os cortes na taxa básica de juros da economia – a taxa Selic, que remunera os títulos do governo no mercado financeiro e serve de referência para as operações nos bancos e no comércio – estão fazendo efeito e os consumidores têm conseguindo renegociar mais as dívidas.

Além disso, Gaspar aponta que a redução das taxas do cheque especial, promovida por bancos estatais, como a Caixa Econômica Federal, produziu um “efeito dominó” e contribuiu para queda geral nos encargos cobrados pelas outras instituições financeiras. O vice-presidente da CDL/BH também aponta que a leve retração no desemprego “coloca mais dinheiro no bolso do consumidor”, o que também contribui para que haja menos dívidas no longo prazo. “Se os indicadores continuarem melhorando teremos bons números para mostrar logo”, afirma.

Arrimos de família 

Os aposentados foram o grupo que mais acumulou dívidas em janeiro frente a dezembro. A pesquisa aponta que o percentual de inadimplência para a faixa etária entre 65 e 94 anos é de 11,7%. Na análise da CDL/BH, esse quadro se explica pelo orçamento mais apertado e o custo de vida elevado dos idosos. Além disso, a associação aponta que é comum que indivíduos dessa idade sejam os responsáveis financeiros da família. Com isso, pagar as dívidas é mais difícil.

Na comparação entre este mês e janeiro de 2019, o atraso de até 90 dias concentrou o maior número de devedores. Esse tempo de atraso teve alta de 19,52% em um ano, de acordo com a CDL/BH. Segundo os analistas da associação empresarial, isso reflete o atraso nas contas de água, luz e telefone, atribuído ao não-cancelamento do serviço dentro do prazo de 90 dias. Os especialistas da CDL/BH afirmam que fatores que levam os indivíduos a ficarem inadimplentes temporariamente são algum imprevisto ou falta de planejamento financeiro.

Atoleiro 

O número de empresas devedoras em Belo Horizonte cresceu 0,84% em janeiro em relação a dezembro e 4,72% na comparação com o mesmo mês do ano passado. O vice-presidente da CDL/BH explica que assim como para as pessoas físicas, janeiro é um mês de altas despesas também para as pessoas jurídicas. “O empresário entra em janeiro com caixa baixo, paga o 13º e férias. E os impostos continuam altos. Quem paga imposto é o empresário”, afirma. “A reforma tributária tem que acontecer mais rapidamente possível, para reduzir a burocracia e o empresário sair do atoleiro”, diz.

Na avaliação de Marco Antônio Gaspar, os estragos das fortes chuvas que atingiram a capital mineira em janeiro também contribuíram para uma elevação do índice de inadimplência das empresas. O dirigente ainda acredita que esses efeitos continuarão sendo sentidos no índice em fevereiro. Porém, Gaspar destaca que do ponto de vista geral os números de empresas devedoras está caindo. “Está tendo uma desaceleração desse crescimento. Os números devem melhorar em 2020, mas não será uma recuperação rápida”, analisa.

*Estagiário sob supervisão da subeditora Marta Vieira



Aposta menor na retomada

A expectativa de crescimento do Brasil em 2020 caiu de 2,30% para 2,23%, com base no Relatório de Mercado Focus, resultado de consulta do Banco Central (BC) a uma centena de analistas de bancos e corretoras sobre os rumos da economia brasileira. Há quatro semanas, a estimativa de alta era de 2,31%.

Para 2021, o mercado financeiro manteve a previsão de alta do Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto da produção de bens e serviços), de 2,50%. Quatro semanas atrás, estava no mesmo patamar. Na semana passada, o BC informou que seu Índice de Atividade (IBC-Br), uma espécie de prévia do comportamento das empresas dos grandes setores da economia, teve baixa de 0,27% em dezembro ante março, na série com ajustes sazonais. Em relação a dezembro de 2018, houve aumento de 1,28%.

Em dezembro, o BC havia atualizado, por meio do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), sua projeção para o PIB em 2020, de alta de 1,8% para elevação de 2,2%. No Relatório Focus divulgado ontem, a projeção para a produção industrial de 2020 seguiu em alta de 2,33%. Há um mês, estava em 2,19%. 


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