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Estado de Minas AVIAçÃO

Cade aprova compra de parte da Embraer pela Boeing

Para os conselheiros, as duas empresas não concorrem nos mesmos mercados. A nova empresa resultante dessa união tem capital avaliado em US$ 4,75 bilhões


postado em 28/01/2020 04:00

 A transação já foi aprovada pela Câmara de Comércio dos Estados Unidos, mas ainda requer aval da União Europeia(foto: Embraer/Divulgação )
A transação já foi aprovada pela Câmara de Comércio dos Estados Unidos, mas ainda requer aval da União Europeia (foto: Embraer/Divulgação )

 
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou ontem, sem restrições, a compra de parte da Embraer pela Boeing. No entendimento dos conselheiros, as duas empresas não concorrem nos mesmos mercados e, por isso, a transação não representa riscos à concorrência sadia.
A operação foi anunciada em julho de 2018, nove meses após a compra de parte da Bombardier pela Airbus – outras duas gigantes da aviação comercial. A nova empresa, resultante dessa união, tem capital avaliado em US$ 4,75 bilhões. A transação será feita em duas "etapas". Em uma delas, a Boeing vai comprar 80% do capital da Embraer ligado à aviação comercial – produção de aeronaves regionais e comerciais de grande porte, segundo material divulgado pelo Cade.
 
Na outra transação, Embraer e Boeing vão criar uma joint venture (nova empresa) voltada à produção da aeronave KC-390, de transporte militar. Esse cargueiro é o maior modelo produzido no Brasil, atualmente – a estreia da aeronave foi em outubro.
 
Segundo nota divulgada à imprensa, o Cade concluiu que a operação trará benefícios à Embraer, "que passará a ser um parceiro estratégico da Boeing". A cooperação tecnológica e comercial pode favorecer, no entendimento da autarquia, os ramos que permanecem com a Embraer, de aviação executiva e de defesa.
 
Nova Embraer Uma empresa com nove mil funcionários, três fábricas no país e duas nos Estados Unidos, além de receita na casa dos R$ 8 bilhões. Essa é a Embraer que sobrará quando a Boeing levar seus 80% da divisão de aviões comerciais, a joia da coroa da fabricante brasileira de aeronaves. A compra foi fechada há um ano e meio, mas ainda aguarda aval de órgãos reguladores do Brasil e da União Europeia.
 
A Embraer remanescente não se compara à atual, com receita de R$ 18 bilhões e valor de mercado de R$ 15 bilhões. Para continuar sem sua divisão comercial, motor da companhia, a fabricante terá de se reinventar. Fontes do mercado admitem que a Embraer remanescente será menor, mas não são pessimistas com o futuro da companhia. As duas principais divisões da "nova Embraer" - a de jatos executivos e a de aviões militares -, que costumam apresentar resultados inconsistentes, acabam de colocar novos e eficientes produtos no mercado. A perspectiva é que a demanda por eles seja crescente.
 
No fim de 2019, o banco UBS passou, inclusive, a recomendar as ações da Embraer porque os braços de aviação executiva e militar da empresa haviam apresentado melhorias. Entre elas, citava o potencial de venda dos novos jatos executivos. Agora, após as ações subirem 10% e se aproximarem do valor que considera "justo", o banco mudou sua recomendação para neutra. O Bradesco, em relatório, afirmou que "a perspectiva para a aviação executiva e de defesa está melhorando".
 
Futuro O negócio com a Boeing ainda depende dos entraves para serem superados estão nos órgãos reguladores da União Europeia -, os executivos da empresa relutam em detalhar os planos. Dão apenas algumas dicas. A área de serviços, como manutenção de aeronaves, deve crescer.
 
O segmento de defesa vai avançar com o C-390 Millenium (cargueiro militar cujo projeto foi recém-concluído). E as novas tecnologias, como o carro voador, podem apontar o futuro da companhia.
Segundo o vice-presidente de operações da Embraer, Nelson Salgado, a ideia é que os três braços remanescentes (executiva, defesa e serviços) sejam responsáveis, cada um, por 30% da receita da nova empresa. Isso implica em uma expansão acelerada dos serviços, que hoje correspondem a 19%. "É uma área que tem muita possibilidade e não só nos nossos aviões."
 
Para avançar, a divisão considera a possibilidade de aquisições, principalmente de empresas que já tenham licença para fazer manutenção de aeronaves de outras marcas, segundo Johann Bordais, presidente da área de serviços e suporte.O projeto de expansão dos serviços tem potencial, dizem fontes. Mesmo se fizesse apenas a manutenção de aviões Embraer, o mercado seria grande. Desde 2005, a companhia entrega cerca de cem jatos executivos por ano. Quanto mais antigos ficam esses aviões, maior a necessidade de reparos.
 
Na divisão de defesa, a aposta é que a joint venture criada entre Embraer e Boeing para vender o cargueiro C-390 Millenium, da qual a brasileira é controladora, impulsione a área. Segundo o Bradesco BBI, a parceria entre as empresas "pode ser transformacional". A possibilidade de, através da Boeing, compras serem financiadas pelo governo americano e a força de vendas da Boeing ampliam o potencial do C-390.
 
"A partir de 2022 ou 2023, quando a produção ganhar cadência, devemos ter um crescimento acelerado e a área militar deve se aproximar da executiva (em faturamento)", diz Salgado. Em 2018, a receita líquida da aviação executiva foi de R$ 4,2 bilhões, enquanto a de defesa ficou em R$ 2,2 bilhões.
 
A área de defesa será ainda essencial para manter a Embraer como desenvolvedora de tecnologia de ponta, dizem fontes. 


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