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Estado de Minas CONJUNTURA

Números do PIB para o segundo trimestre podem indicar recessão

Resultado ruim do PIB pode indicar possibilidade de que o país volte para uma recessão técnica, com queda de até mais de 0,3% no período


postado em 19/08/2019 06:00 / atualizado em 19/08/2019 07:46

Economistas acreditam que a liberação dos saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do PIS-Pasep podem aquecer setores como o comércio(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Economistas acreditam que a liberação dos saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do PIS-Pasep podem aquecer setores como o comércio (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

O Palácio do Planalto está apreensivo em relação ao próximo dia 29, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre deste ano.

Diante de indicadores ruins, há possibilidade de que o país volte para uma recessão técnica, com queda de até mais de 0,3% no período em comparação com os três meses anteriores. A notícia pode exigir do governo ainda mais celeridade para adotar medidas para tirar a economia do buraco.

Nesse caso, a recessão técnica ocorreria porque o PIB do país recuou 0,2% no primeiro trimestre do ano, frente ao 4º trimestre de 2018. Duas taxas trimestrais negativas consecutivas nessa base de comparação resultam nessa classificação indesejada. Até os mais otimistas dos economistas, que preveem que atividade econômica subirá 0,3% no segundo trimestre, não descartam a possibilidade de retração da economia entre abril e junho.

Do ponto de vista político, o país de volta à recessão não soa nada bem e reforça o argumento da oposição de que o governo não apresentou medidas para estimular o consumo e o emprego na primeira metade do ano. Do lado técnico, a taxa será um detalhe estatístico que reflete a estagnação da economia.

Sob grande expectativa de mudança, o mercado aposta no ministro da Economia, Paulo Guedes. A prioridade da equipe econômica é conseguir aprovar a reforma da Previdência, que avança no Congresso Nacional. O texto passou na Câmara com ampla margem para o governo e tem grandes chances de ter o aval do Senado até outubro.

Mas ainda resta uma ampla agenda para destravar a atividade econômica que continua pendente. Parte dos economistas espera que a liberação dos saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do PIS-Pasep, que podem chegar a R$ 30 bilhões neste ano, tenham um impacto mais significativo para melhorar os indicadores setoriais, que ainda não apresentam recuperação forte.

A indústria, por exemplo, tombou 1,6% no primeiro semestre do ano. Toda a lentidão na retomada tem refletido nas expectativas do setor produtivo. De acordo com a Fundação Getulio Vargas (FGV), o Índice de Confiança Empresarial (ICE) – que reúne dados da indústria, comércio, setor de serviços e construção civil – melhorou em julho, atingindo 93,9 pontos. Mas ainda está abaixo de 100 pontos, o que configura que ainda não há um clima de otimismo.

Os últimos conflitos internacionais entre os Estados Unidos e China, na área econômica, colaboram ainda mais para esse clima de apreensão, porque apontam para uma tendência de recessão da economia global.

Com recuperação ainda fraca, o Brasil deve penar ainda mais para voltar a crescer em patamares mais animadores. O economista Fábio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio (CNC), destaca que o cenário externo é mais um agravante para o país. “Qualquer deterioração dos cenários vai afetar, principalmente, 2020. Bom lembrar que a expectativa de crescimento para o próximo ano é de 2,1%. Devemos ter piora nas expectativas”, diz.

Há, porém, esperança de que, com a reforma da Previdência consolidada, e o andamento de outras medidas em discussão no Congresso, haja um desempenho melhor dos investimentos e do consumo. A provável queda dos juros também tende a estimular a economia. O Banco Central (BC) deve reduzir a taxa básica Selic de 6% ao ano para 5% anuais até o fim de 2019. Estes fatores, porém, só devem ter efeito mais forte em 2020.

FATA DE CONFIANÇA

Um consenso entre os analistas é que, neste ano, a economia está em desaceleração. Tanto que o Brasil deve crescer menos do que a taxa de 1,1% registrada em 2017 e em 2018. As projeções do Boletim Focus, do Banco Central, indicam que a alta do PIB será de 0,8%, já com os impactos dos saques do FGTS. Esse quadro é resultado, principalmente da falta de confiança para a retomada dos investimentos e do consumo, segundo especialistas.

O economista Rafael Cardoso, do Banco Daycoval, diz que há um conjunto de fatores que explicam a atividade fraca. De acordo com ele, a crise brasileira não foi só nas contas públicas, mas também no setor privado. Faltam confiança para investir e demanda para o consumo, que não ocorre em razão do grande endividamento das famílias e do desemprego elevado.

Mesmo com a aprovação da reforma da Previdência, o governo e o Congresso precisam mostrar que haverá medidas adicionais para estimular a economia. “A capacidade ociosa ainda é gigantesca. O investimento não vai vir de indústria, mas de concessões, privatizações e parcerias público privadas”, declara Cardoso.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, já defendeu que pretende dar celeridade às desestatizações, mas o plano ainda não saiu do papel. O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira, ressalta que os dados de atividade são frustrantes e não descarta a possibilidade de o país ter um PIB com desempenho perto de zero em 2019.

“Estamos andando de lado ainda. Não conseguimos ver nada que dê um ânimo adicional. Julho deu uma característica de mês fraco e, o que temos de agosto não é entusiasmante. Acho que vamos ter um terceiro trimestre ainda lento”, declara. Para ele, não basta a reforma da Previdência para atrair investimentos.

Os analistas não escondem o descontentamento com o fato de o presidente Jair Bolsonaro se preocupar, muitas vezes, com a agenda de costumes, deixando menos espaço para a discussão sobre retomada da economia. Isso tem refletido nas expectativas também dos consumidores, acrescentam.   


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