Brasília – O investidor mais cauteloso terá que se movimentar. Com a mais recente redução da taxa básica Selic, a rentabilidade de títulos de aplicação considerados mais conservadores, como os de renda fixa, cairá ainda mais, podendo quase que triplicar o tempo de espera para que a pessoa consiga dobrar o patrimônio.
De acordo com cálculos da Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar), com os juros nos atuais 6% ao ano, as pessoas vão demorar 12 anos para conseguir o feito. Antes, quando a taxa rondava 14% ao ano, o período era um pouco maior que cinco anos.
De acordo com cálculos da Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar), com os juros nos atuais 6% ao ano, as pessoas vão demorar 12 anos para conseguir o feito. Antes, quando a taxa rondava 14% ao ano, o período era um pouco maior que cinco anos.
O Banco Central (BC) sinalizou que os cortes na Selic não devem parar por aí. Especialistas do mercado acreditam que há chance de 2019 terminar com juros em 5% ao ano.
Marcos Maia Rech, profissional com certificação de planejamento financeiro (CFP, na sigla em inglês) da Planejar, explica que, se isso ocorrer, o patrimônio do investidor só conseguirá ser dobrado em mais de 14 anos nas aplicações mais conservadoras. Ou seja, quase o triplo do tempo que era possível entre 2015 e 2016, quando a taxa estava em torno de 14% ao ano.
Marcos Maia Rech, profissional com certificação de planejamento financeiro (CFP, na sigla em inglês) da Planejar, explica que, se isso ocorrer, o patrimônio do investidor só conseguirá ser dobrado em mais de 14 anos nas aplicações mais conservadoras. Ou seja, quase o triplo do tempo que era possível entre 2015 e 2016, quando a taxa estava em torno de 14% ao ano.
Analistas em investimentos defendem que, agora, a renda fixa vai ficar menos atrativa e os mais cautelosos terão que migrar cada vez mais para ativos de risco. É hora de reorganizar as aplicações, porque, caso continuem presos a esses títulos, haverá garantia apenas de ganhos próximos da inflação e o poder de compra pouco mudará ao longo dos anos.
O professor Michael Viriato, do Insper, explica que o perfil conservador não muda, mas haverá uma alteração na forma de investir. “A taxa caiu bastante nos últimos anos. Saímos de uma Selic de 14,25% ao ano em 2016 para 6% anuais atualmente. Estamos migrando para os patamares internacionais de juros baixos. Por exemplo, o investidor conservador nos Estados Unidos, onde os juros são baixíssimos, são aqueles que aplicam entre 30% e 50% da carteira em ações de empresas. Isso acontecerá com o Brasil no futuro. Em breve, já poderemos observar alterações”, prevê.
Viriato diz que, há muitos anos, o ganho do brasileiro era garantido com a Selic alta, o que permitia que investidores conservadores se beneficiassem com títulos mais seguros. Os juros compostos em cima do dinheiro eram altos e permitiam que a pessoa juntasse a quantia desejada de forma mais rápida.
“O investidor brasileiro se acostumou a ter rendimento com essas taxas. Agora, os bancos, em um pouco mais de um ano, vão sugerir ao público com esse perfil que tenha mais de 10% da carteira na bolsa de valores, por exemplo. É uma tendência. Será algo completamente normal. O banco que se adiantar nisso sairá à frente”, avalia Viriato.
“O investidor brasileiro se acostumou a ter rendimento com essas taxas. Agora, os bancos, em um pouco mais de um ano, vão sugerir ao público com esse perfil que tenha mais de 10% da carteira na bolsa de valores, por exemplo. É uma tendência. Será algo completamente normal. O banco que se adiantar nisso sairá à frente”, avalia Viriato.
Para a sócia-diretora da FB Wealth, Daniela Casabona, porém, a situação atual é positiva. Ela diz que entre 2015 e 2016, quando a rentabilidade era de 14% ao ano, os ganhos eram “ilusórios”, já que havia alto nível de inflação. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 10,67% e de 6,29%, respectivamente. De acordo com o Boletim Focus do Banco Central, relatório baseado nas previsões dos analistas de mais de 100 instituições financeiras, a projeção é de que a inflação terminará 2019 em 3,8%.
“Apesar da queda da taxa de juros, a inflação também caiu e o juro real hoje está na casa de 2%. Então, o rendimento real acaba sendo bem próximo”, analisa. “Ainda sim, com a taxa de juros menor, o investidor tende a ganhar menos financeiramente. Nesse caso, é importante estar aberto para um novo portfólio e procurar uma diversificação que, mesmo com a oscilação, rentabilize a carteira de forma segura”, completa.
MIX DE CRÉDITO
Daniela sugere, por exemplo, destinar o dinheiro para fundos de renda fixa com “mix de crédito privado”. “Podem dar até 120% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI) e são bem interessantes para o investidor. Ainda seguindo uma linha conservadora, procurar CDBs (Certificado de Depósito Bancário) de bancos menores, que têm Fundo Garantidor de Crédito, também pode ajudar o investidor a rentabilizar um pouco mais, mesmo com taxas de juros mais baixas”, destaca.
O investidor que tem interesse em aumentar o poder de compra no futuro precisa, portanto, se movimentar. Economistas acreditam que a Selic ficará baixa por um bom tempo. Com a recuperação lenta da economia, a taxa pode continuar em patamar estimulante por, pelo menos, até o fim de 2020.
O economista-chefe da Daycoval Asset, Rafael Cardoso, diz que o BC sustenta a possibilidade de os juros caírem para 5% ao ano em 2019 e continuarem no mesmo patamar até o próximo ano. “O maior destaque foi a sinalização de que o ajuste do estímulo monetário ainda não terminou ao explicitar que a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo”, ressalta.