
O rompimento da barragem da mineradora Vale, o crime ambiental, a morte de mais de 110 pessoas e o desaparecimento de ao menos 240 fazem investidores do mercado de ações refletir em que apostam o seu dinheiro em busca do aumento do capital próprio. O cético que sempre questionou a ética da nova geração, que traz consigo o objetivo de engajamento apenas com empresas com propósito real e impacto social, começa finalmente a reavaliar o impacto de suas antigas concepções. Este é o momento crítico, no qual a supremacia e cultura forjada por anos se depara com uma nova realidade.
Vamos a dois perfis extremos, que têm em comum o poder de ditar novas formas de agir – e investir. A youtuber Nathália Arcuri, do canal sobre finanças pessoais Me Poupe, com mais de 3 milhões de inscritos, o maior do país, indagou: “O que o seu investimento financia?”. E mandou o seu recado: disse que, por ética, não investe diretamente em bancos e nenhuma outra empresa que explora pessoas. “Não deixe que manipulem o seu foco! Busque as suas respostas e seremos um país melhor.”
Larry Fink, fundador e presidente do fundo de investimentos norte-americano BlackRock, publica todo início de ano uma carta aberta para os líderes de companhias investidas ao redor do mundo, incluindo brasileiras. A mensagem carrega o peso dos mais de US$ 6 trilhões administrados pelo fundo, o triplo do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Em 2019, com o título Propósito e Lucro, destacou que, com o agravamento das divisões – sejam políticas, econômicas ou sociais –, as empresas precisam mostrar compromisso com os países, regiões e comunidades onde atuam, especialmente em questões fundamentais para a prosperidade futura de todo o mundo.
Nos próximos anos, aponta ele, o mundo verá a maior transferência de riqueza da história: US$ 24 trilhões dos baby boomers (nascidos nos anos 1940 até a década de 1970) para os millennials (nascidos nos anos 1980 e início dos 1990). Os sentimentos das novas gerações influenciarão suas decisões não apenas como funcionários, mas também como investidores. “Conforme essa riqueza muda de geração e as preferências de investimento também se transformam, questões ambientais, sociais e de governança serão cada vez mais significativas para as avaliações das empresas”, escreveu Fink.
As ações da Vale estão incluídas no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) com 15% de participação na carteira teórica, o maior peso do índice. Segundo o site da B3, o ISE tem como objetivo analisar a performance das companhias listadas sob o aspecto de sustentabilidade corporativa, eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa. É o suficiente? Não para quem não acredita tanto nos padrões e índices tradicionais.
Em pesquisa recente da consultoria Deloitte, os trabalhadores millennials foram consultados sobre qual deveria ser o propósito principal das empresas. Mais de 63% responderam que “melhorar a sociedade” é mais importante do que “gerar lucro”. Outro levantamento, feito pelo Instituto Ipsos, em parceria com a ESPM, Instituto Ayrton Senna e consultoria Cause, mostrou que, globalmente, 87% dos consumidores se dizem favoráveis a empresas que têm causas. No Brasil, o índice é ainda maior, 91%.
Conforme destaca Fink, essa dinâmica está se tornando cada vez mais evidente conforme a população se torna mais exigente em relação às empresas. A tendência continuará ganhando força entre os millennials, que hoje representam 35% da força de trabalho e expressam novas expectativas em relação às empresas em que trabalham, das quais compram e nas quais investem.
A sociedade está demandando que companhias, públicas ou privadas, sirvam a um propósito social. Para prosperar no tempo, cada empresa deve não apenas entregar performance financeira, mas mostrar como essa performance deixa uma contribuição positiva para o mundo. Companhias devem beneficiar todos os seus stakeholders – acionistas, empregados, consumidores e comunidades onde operam. É um chamado de Fink, é o desejo dos millenials, é o que tem de ser.
Leia a carta completa do Larry Fink em www.uai.com.br/foradacaixa.
“O Oito vem para Minas por identificar que Beagá tem uma das cenas de startups mais ativas do Brasil, o que se deve muito ao entrosamento dos atores do ecossistema local. De fato, faz diferença”
. Bernardo Estefan, gerente de alianças do Oito, em Belo Horizonte para divulgação do programa de aceleração de startups
Para inovar no bloco cirúrgico
Com o objetivo de promover melhorias nos blocos cirúrgicos, o Hospital Risoleta Tolentino Neves fará, em 16 e 17 de março, a primeira edição do “Hackabloco” – uma maratona de inovação aberta, na qual grupos participam de uma imersão com o desafio de desenvolver propostas para a logística da rotina dali.
As inscrições são gratuitas e o grupo ganhador será premiado
com R$ 5 mil. Informações no site www.fundep.ufmg.br.
329
é o número de startups (empresa de base tecnológica com modelo de negócio escalável) em fase de scaleup mapeadas no Brasil. Elas já passaram pelas fases de ideação, operação e tração. Agora estão na fase de rápido e alto crescimento.
Energia mais barata
A startup mineira Metha Energia venceu a 5ª rodada do Seed – programa de aceleração do governo de Minas. Em um período de cinco meses, registrou 2,5 mil clientes de olho na economia de até 15% na conta de luz da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Sua solução tem forte impacto ambiental: dá o suporte para microgeradores de energia entrarem na rede elétrica da estatal e o crédito gerado é distribuído entre esses fornecedores, o cliente final e a startup. Entre os fornecedores estão produtores de suínos, que, responsáveis por dar destinação aos dejetos, passam a gerar biogás. Há fazendeiro que chegou a lucrar R$ 40 mil com a operação. Para fazer o cadastro e saber detalhes, acesse www.methaenergia.com.br.
