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Estado de Minas

Conselho da Embraer dá aval para a fusão com a Boeing

Acionistas aprovam joint-venture e abrem caminho para negociação, que o sindicato quer barrar


postado em 12/01/2019 06:00 / atualizado em 12/01/2019 07:57

Empresa manterá divisão de defesa e de jatos, o que levou agência de risco a pôr ações em avaliação (foto: Embraer/Divulgação )
Empresa manterá divisão de defesa e de jatos, o que levou agência de risco a pôr ações em avaliação (foto: Embraer/Divulgação )

Brasília e São Paulo – O Conselho de Administração da Embraer realizou reunião extraordinária ontem e autorizou a diretoria da empresa a adotar todas as ações necessárias para a continuidade da combinação de negócios com a norte-americana Boeing. A autorização concedida prevê, após o aval dos acionistas, a transferência para a nova sociedade do chamado “acervo líquido” da Embraer, que é composto pelos ativos, passivos, bens, direitos e obrigações referentes à unidade de negócio de aviação comercial da brasileira.


A diretoria também recebeu aval para celebrar dois documentos após a aprovação do negócio pelos acionistas. O primeiro é o chamado “Master Transaction Agreement” (MTA), que terá os termos e condições para a parceria em aviação comercial entre a Embraer e a Boeing. Nessa companhia, os norte-americanos terão controle com 80% e os brasileiros terão 20% do capital.

Ontem, o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, disse que o acordo de fusão entre as empresas Embraer, nacional, e Boeing, dos Estados Unidos, “preserva tudo o que nos interessa em termos de país”. Após a cerimônia de troca do Comando do Exército, ontem, em Brasília, Pontes explicou que as condições têm sido estudadas pela equipe da Força Aérea Brasileira. “Acredito que vai ser uma ótima oportunidade para o país, preservando tudo que precisamos preservar, os funcionários, a nossa tecnologia, as empresas daqui e melhorando as possibilidades e oportunidades para a Embraer”, disse.

Na quinta-feira, o acordo foi apresentado ao presidente Jair Bolsonaro, que afirmou que o governo federal não vai se opor à fusão, pois não fere a soberania nacional e os interesses do país. O governo brasileiro detém a chamada “ação de ouro” (ou “golden share”, como é conhecida), que dá poder de veto a esse tipo de negociação.

O acordo em andamento entre as duas companhias prevê a criação de uma nova companhia, uma joint venture, no termo do mercado, na qual a Boeing teria 80% e a Embraer, 20%. Caberia à Boeing a atividade comercial, não absorvendo as atividades relacionadas a aeronaves para segurança nacional e jatos executivos, que continuariam somente com a Embraer.

Mas mesmo após o governo federal ter anunciado seu aval à operação entre Boeing e Embraer, os sindicatos dos metalúrgicos de São José dos Campos, Araraquara e Botucatu, que representam funcionários da fabricante brasileira, reiteraram que continuarão atuando para suspender o negócio. Na próxima semana, dirigentes do grupo vão a Brasília procurar os ministérios da Defesa e da Casa Civil para pedir a reversão da decisão tomada na quinta-feira.

“O próprio presidente Jair Bolsonaro já havia feito ressalvas em relação à brecha do acordo que permitirá a venda dos 20% restantes da Embraer dentro de cinco anos. Mais uma vez, ele recuou”, apontam os sindicatos, em nota. No âmbito da Justiça, o grupo de trabalhadores lembram ainda que ajuizaram um recurso no dia 1º de janeiro contra a decisão da presidente do Tribunal Regional Federal da 3ª Região de derrubar a liminar obtida pelos sindicatos que suspendia os efeitos do acordo entre as empresas. “Em cinco anos termina o período de maturação das vendas do jato E2. Caso a Boeing decida tirar a aeronave do mercado e não traga novos projetos para o Brasil, a Embraer inevitavelmente será fechada”, afirma o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos Herbert Claros.

Após o aval do governo ao negócio, a agência de classificação de risco S&P Global Ratings colocou o rating BBB da Embraer na listagem “CreditWatch” com implicações negativas. “Se a transação for concluída conforme a proposta, os negócios da Embraer serão reduzidos às suas unidades de jatos executivos e de defesa, que têm margens menores e maior volatilidade do que a divisão de aviação comercial. No entanto, a Embraer manterá uma participação de 20% em uma joint venture com perspectivas de crescimento mais fortes, beneficiando-se da especialização e capacidade comercial da Boeing”, comentou a S&P.


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