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Estado de Minas

País reage e cresce 0,8% no embalo do consumo

Resultado observado no terceiro trimestre do ano foi influenciado pela expansão, embora morna, dos gastos das famílias frente a 2017 e a recuperação das fábricas


postado em 01/12/2018 06:00 / atualizado em 01/12/2018 08:47

Embora tenha garantido a recuperação do Brasil, o aumento do consumo das famílias, refletido no comércio, foi o mais modesto desde abril de 2017(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press/26/1/16 )
Embora tenha garantido a recuperação do Brasil, o aumento do consumo das famílias, refletido no comércio, foi o mais modesto desde abril de 2017 (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press/26/1/16 )

O avanço de 1,3% no Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto da produção de bens e serviços) brasileiro no terceiro trimestre ante o mesmo trimestre de 2017 foi o mais acentuado desde o quarto trimestre do ano passado, quando a economia cresceu 2,2%. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como resultado das chamadas Contas Nacionais Trimestrais.

Na passagem do segundo para o terceiro trimestre do ano, na série com ajuste sazonal, o país cresceu 0,8%. No acumulado de 12 meses até setembro, o PIB subiu 1,4% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. Quando considerado este ano, a economia brasileira também mostra recuperação, com crescimento de 1,1%, em relação a igual período de 2017.

Em valores correntes, o PIB no terceiro trimestre de 2018 alcançou R$ 1,716 trilhão. A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, destacou, ao analisar a performance do PIB, as expansões de julho a setembro de 0,7% na agropecuária; 0,5% nos serviços e 0,4% na indústria. “Apesar de a agropecuária ter apresentado o maior crescimento, foram os serviços que mais influenciaram a taxa, já que são o setor de maior peso no PIB”, explicou.

Todas as atividades de serviços cresceram entre o segundo e o terceiro trimestre, com destaque para transporte, armazenagem e correio, que tiveram alta de 2,6%. “Esse crescimento tem a ver com a greve dos caminhoneiros, um efeito de compensação após a paralisação ocorrida no segundo trimestre”, disse Rebeca. A pesquisadora destacou ainda o crescimento do comércio, alinhado ao aumento do consumo das famílias.

Um dos destaques foi a elevação de 7,8% na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), indicador dos investimentos feitos no país, que teve o maior avanço desde o segundo trimestre de 2013, quando cresceu 8,5%. As importações também registraram um salto de 13,5% no terceiro trimestre de 2018 ante o mesmo trimestre do ano anterior, o mais acentuado desde o segundo trimestre de 2011, quando aumentou 14,1%.

A expectativa de especialistas é que o dado tenho sido inflado pela mudança nas regras do Repetro, programa de incentivos tributários para a indústria de petróleo e gás há duas semanas. Com as mudanças, plataformas já em atividade, que estavam registradas no exterior, foram registradas no país, e contadas como fruto de importações. O IBGE confirmou esse efeito, conforme apresentação distribuída ontem a jornalistas.

Quanto ao PIB industrial, a alta de 0,8% no terceiro trimestre deste ano ante o mesmo período de 2017 foi o quarto resultado positivo consecutivo. O PIB agropecuário, que cresceu 2,5% no trimestre, teve o melhor desempenho desde o quarto trimestre de 2017, quando subiu 4,5%. O avanço de 1,4% no consumo das famílias no terceiro trimestre foi o mais brando desde o segundo trimestre de 2017, quando subiu 0,9%.

Pela ótica da oferta, o PIB do setor de prestação de serviços, com alta de 0,5% no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre de 2018, teve o maior desempenho desde o segundo trimestre de 2017, quando a alta foi de 0,9% em relação aos três primeiros meses do ano passado.

Já o PIB da indústria, que cresceu 0,4% ante o segundo trimestre de 2018, teve o melhor desempenho desde o quarto trimestre de 2017, quando a alta foi de 1,1% sobre o terceiro trimestre do ano passado. Ainda assim, na contramão do PIB industrial, o fornecimento de eletricidade teve queda de 1,1% na atividade do terceiro trimestre, na comparação com o segundo trimestre de 2018. Foi a pior performance na comparação com trimestres imediatamente anteriores desde o primeiro trimestre de 2015, quando houve queda de 2,1%. O consumo do governo, por sua vez, subiu 0,3% no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre deste ano.

Poupança

A taxa de poupança da economia brasileira ficou em 14,9% no terceiro trimestre de 2018, como informou o IBGE. Já a taxa de investimento ficou em 16,9% no período. As exportações contabilizadas no PIB cresceram 6,7% de julho a setembro, em relação ao segundo trimestre deste ano. Na comparação com o terceiro trimestre de 2017, a alta foi de 2,6%.

A contabilidade das exportações e importações no PIB é diferente da realizada para a elaboração da balança comercial brasileira. No PIB, entram bens e serviços, e as variações percentuais divulgadas dizem respeito ao volume dessas transações. Já na balança comercial, entram somente bens, e o registro é feito em valores, com grande influência dos preços.

Os dados do PIB indicaram que o Brasil aumentou sua necessidade de financiamento, de R$ 15 bilhões no terceiro trimestre de 2017 para R$ 25,3 bilhões no terceiro trimestre de 2018. O saldo externo de bens e serviços diminuiu em 10,5 bilhões, encolhendo de R$ 15 bilhões no terceiro trimestre de 2017 para R$ 4,6 bilhões no terceiro trimestre de 2018.

 

Brasil consegue avançar, mas perde para 11 países em ranking


(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)
O Brasil passou da 39ª posição para o 12º lugar em um ranking de 44 países por taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), elaborado pela consultoria Austin Rating. Com o avanço de 1,3% no PIB do terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, a economia brasileira ficou à frente apenas da Rússia no grupo de países que compõem o grupo de países emergentes conhecido como Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que registrou alta média de 4,1% no período.

Índia e China lideram o ranking, com variações de 7,4% e 6,5%, respectivamente, no terceiro trimestre de 2018 ante o mesmo período de 2017. Brasil e Rússia países tiveram o mesmo desempenho no trimestre, mas o Brasil ficou na frente porque o país asiático não divulgou o resultado do segundo trimestre, que é usado pela consultoria como critério de desempate.

Pelas projeções da Austin Rating, o Brasil terá o pior crescimento entre os Brics em 2018, de 1,6%. Em 2019, o país pode voltar a crescer mais do que a Rússia, 2,5% ante 1,7%. A Índia pode sustentar a alta taxa de crescimento, com projeção de expansão de 7,2% e 7,4%, em 2018 e 2019, respectivamente. A média de crescimento nos 44 países pesquisados no período entre julho e setembro de 2018 foi de 2,8%. Na Zona do Euro, a média ficou em 1,7% e os Estados Unidos registraram crescimento de 3%.

 

"O Brasil terá o pior crescimento entre os Brics em 2018, de 1,6%. Em 2019, o país pode voltar a crescer mais do que a Rússia, 2,5% ante 1,7%. A Índia pode sustentar a alta taxa de crescimento, com projeção de expansão de 7,2% e 7,4%, em 2018 e 2019, respectivamente"

Projeções da Austin Rating

 

 

Mudanças em cálculo infalarm investimentos 

 

A taxa de investimento no terceiro trimestre foi inflada por causa das mudanças nas regras do Repetro, o regime especial de tributação da indústria de petróleo e gás. Não fossem as mudanças no Repetro, a taxa de investimento teria sido de 16,1%, em vez dos 16,9% obtidos no terceiro trimestre de 2018. Ainda assim, o desempenho foi melhor do que o registrado no terceiro trimestre de 2017, quando a taxa de investimento foi de 15,4%, explicou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.


“A taxa de investimento deu um salto. Mas sem o Repetro seria aproximadamente 16,1%, ou seja, a gente continuaria tendo crescimento, mas seria um pouco menor”, ponderou Rebeca. No terceiro trimestre, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – índice que retrata os investimentos feitos no país – teria avançado 2,7% ante igual período de 2017, em vez dos 7,8% de alta efetivamente registrados. Já as importações, retirando-se o efeito do Repetro, teriam crescido 6,9%, no lugar dos 13,5% computados pelo IBGE.

O setor de construção civil está em queda há 18 trimestres, informou Rebeca Palis. Ainda assim, o segmento pesou positivamente nos dados relativos à taxa de investimento. De acordo com Rebeca, a construção movida pelo setor público ainda não reagiu. Os dados levantados pelo IBGE apontam o início da recuperação no mercado imobiliário como principal direcionador da redução no ritmo de queda do segmento.

Para Rebeca, o consumo das famílias, que pesa 60% no cálculo do indicador, segue a recuperação do nível do emprego, que ainda é lenta e não está sendo acompanhada pela renda. Os indicadores do PIB do terceiro trimestre mostram peso significativo do setor de serviços, na ótica da demanda, e do consumo das famílias, na ótica das despesas. 

 


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