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Estado de Minas PROBLEMAS DE SOBRA E CRESCIMENTO DE MENOS

Próximo presidente vai enfrentar extensa lista de dificuldades

Desafios vão do desemprego e da vida miserável de parte da população à falta de investimentos, num país sem fôlego para reagir


postado em 07/10/2018 01:00 / atualizado em 07/10/2018 08:22

Fila de desempregados no Centro de BH: geração de vagas passa pela retomada da confiança das empresas e redução da burocracia(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Fila de desempregados no Centro de BH: geração de vagas passa pela retomada da confiança das empresas e redução da burocracia (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

Brasília -
Enquanto esperam o resultado das eleições, os brasileiros têm motivos suficientes para se preocupar com a economia. Tecnicamente, os dados do Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto da produção de bens e serviços do país) mostram que o Brasil saiu da recessão, mas a sensação de melhora ainda é superficial. Ainda que com a inflação abaixo do centro da meta de 4,5%, aliada aos juros mais baixos da história, a atividade econômica está fraquíssima. Não à toa, as taxas de desemprego e de investimentos ainda estão em seus piores níveis do século. Os analistas apontam que, atualmente, o potencial de crescimento da economia não supera 2%, considerado um nível muito modesto. Problemas não faltam para ilustrar o momento de baixo desenvolvimento.


Desde 2014, os brasileiros se perguntam quando a qualidade de vida das pessoas vai voltar a melhorar. A despeito da retomada do crescimento de 1% em 2017, o PIB nominal (R$ 6,6 trilhões) ainda está no mesmo patamar de quatro anos atrás.


Em 2018, a economia continuou desapontando e a expansão deve ser menor do que 1,3%, segundo analistas do mercado financeiro. A economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, diz que o avanço do PIB potencial do Brasil está em 1,5%, num patamar bem abaixo do que já registrou no passado. A depender do resultado da votação, analistas preveem que a expansão ficará abaixo de 1% neste ano. O índice é muito baixo para um país que tem quase 13 milhões de desempregados e 23,3 milhões de pessoas na miséria.


Há mais incertezas do que definições. A recuperação econômica mais vigorosa depende, primeiramente, da retomada da confiança no país. As contas públicas são a principal preocupação para os economistas. O Brasil completará, em 2018, cinco anos de déficits primários, com prazo para acabar em 2022. Com isso, a dívida pública bruta deve superar 77% do PIB neste ano, segundo o Tesouro Nacional. Sem reorganizar o orçamento, as inseguranças e os riscos aumentam, levando o país a perder duas conquistas: inflação e juros baixos.

Canetadas

Para o Brasil voltar a crescer acima dos níveis atuais, terá que dar mais condições para o aquecimento da economia. O sistema tributário complexo e distorcido prejudica as empresas. As inseguranças jurídicas do Legislativo, Judiciário e Executivo afastam investimentos. José Ronaldo de Castro Souza Júnior, diretor de estudos e políticas macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), afirma que, ao observar o cenário de longo prazo, não é possível vislumbrar um grande aumento da produtividade.


O especialista ressalta que o fim do bônus demográfico está próximo, fazendo com que menos pessoas estejam aptas para o mercado de trabalho. A partir do próximo ano, a tendência é de crescimento menor, com a população envelhecendo.
“Nós precisamos dar condições para que a nossa economia tenha mais produtividade e seja mais atrativa para investimentos. A insegurança jurídica e o sistema tributário atrasam muito o país. Quando olhamos a literatura, a maioria dos países ficaram ricos porque resolveram esses impasses”, explica Souza Júnior.


Para Evandro Buccini, economista-chefe da Rio Bravo Investimentos, o desenvolvimento sustentável não será resolvido de um dia para o outro. “Não ha um só um fator que é resolvido com uma canetada. A solução passa pela abertura da economia. Hoje temos muitas empresas improdutivas. Também passa pelo mercado de crédito, que precisa ser mais barato e mais horizontal, ou seja, menos incentivos para alguns setores específicos”, diz Buccini.


Por enquanto, a confiança dos empresários na economia está num nível ruim. A falta de perspectiva faz com que a taxa de investimento na economia esteja em 16% do PIB, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nível muito aquém do desejado.

Abecedário dos desafios

» Baixo crescimento
» Juros no menor nível da história
» Desemprego alto de

13 milhões
» População na miséria de

23,3 milhões
» Falta de investimentos
» Sem perspectiva de melhor qualidade de vida
» Tributação complexa e distorcida
» Insegurança jurídica


Previdência no escuro

São Paulo - Depois das tentativas fracassadas do governo Michel Temer, a reforma da Previdência
deve voltar ao debate em janeiro como uma das prioridades do próximo governo. Entre as cinco candidaturas mais bem posicionadas nas pesquisas, apenas a do PT não defende abertamente a necessidade da reforma, apesar de o presidenciável Fernando Haddad já ter indicado a possibilidade de discutir o assunto. Entre economistas, é praticamente unânime a opinião de que essa deve ser a primeira questão enfrentada por quem vencer as eleições, para se reverter a trajetória de crescimento do gasto público.

“Essa é a prioridade zero. O problema fiscal do Brasil tem nome: Previdência”, diz o economista Hélio Zylberstajn, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que elaborou um projeto para a reforma. Também é unânime entre os economistas que os programas apresentados pelas candidaturas à Presidência são superficiais, dificultando as análises das propostas. “Todos os candidatos mencionam (a necessidade da reforma). Isso já é um avanço. Antes, o tema era tabu. Mas eles não detalham o que vão fazer”, acrescenta Zylberstajn.

As propostas mais polêmicas são justamente as dos dois candidatos com mais chances de chegar ao segundo turno. De um lado, o PT afirma em seu programa que é possível equilibrar as contas previdenciárias com geração de emprego e aumento da arrecadação, indicando que não vê urgência em colocar a reforma em pauta novamente. Do outro lado, Jair Bolsonaro (PSL) defende um modelo tido como inapropriado para países com alto índice de desigualdade.

Bolsonaro quer adotar um sistema de capitalização, em que cada trabalhador tem uma conta própria onde poupa apenas para sua aposentadoria. No modelo atual - de repartição -, os trabalhadores que estão na ativa financiam a aposentadoria dos idosos. “O sistema puro de capitalização não seria adequado, porque o país tem muita pobreza. Aqui, é impossível imaginar uma sociedade em que só terá renda na velhice quem superou a pobreza”, diz o economista da Fipe Paulo Tafner.

O economista Paulo Guedes, que coordena o programa econômico de Bolsonaro, não deu entrevista. O programa do partido diz que os participantes poderão escolher “entre os sistemas novo (de capitalização) e velho (repartição). Quem optar pela capitalização terá desconto nos encargos trabalhistas.”

O PT também não deu entrevistas. Apesar de o programa do partido não indicar a necessidade da reforma, Haddad já afirmou que poderia debater a implementação de uma idade mínima. No último debate eleitoral, acrescentou que trabalhadores rurais e pessoas de baixa renda ficariam de fora da regra.

Misto

Terceiro colocado nas pesquisas, Ciro Gomes (PDT) propõe um sistema misto, que inclui o modelo de capitalização de Bolsonaro associado a outros dois pilares: uma renda mínima para a população mais pobre e repartição. Nesse último, o trabalhador contribuiria para pagar as aposentadorias atuais até um limite. Passado esse teto, a contribuição iria para sua própria conta.


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