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Estado de Minas

Maior porto do mundo, Roterdã avança no Brasil

Depois de acordo no Espírito Santo, o próximo contrato no país deverá ser para a operação do porto de Pecém, no Ceará, com desembolso de 75 milhões de euros


postado em 21/09/2018 06:00 / atualizado em 21/09/2018 07:51

O porto de Roterdã, na Holanda, é considerado o maior da Europa e o 12º do mundo, com 45 quilômetros de extensão(foto: Eric Bakker/Divulgacao - Porto de Roterda)
O porto de Roterdã, na Holanda, é considerado o maior da Europa e o 12º do mundo, com 45 quilômetros de extensão (foto: Eric Bakker/Divulgacao - Porto de Roterda)

Roterdã (Holanda) – Assim que as eleições passarem, o governo do estado do Ceará e a autoridade do porto de Roterdã, na Holanda, deverão bater o martelo e assinar um acordo no valor de 75 milhões de euros. Segundo a negociação, a expectativa é de que a operadora holandesa possa tomar decisões estratégicas e ocupe posição na gestão do negócio, tanto na diretoria executiva, quanto no conselho fiscal e cargos gerenciais. Além, é claro, de ter em mãos 30% de participação no negócio.

O porto de Roterdã tem 70% de participação do município de Roterdã e por volta de 30% do governo holandês. Porta de entrada e saída de mercadorias no continente europeu, só no primeiro semestre de 2018 passaram pela área 232,8 milhões de toneladas. São 45 quilômetros de extensão no que é considerado o maior porto da Europa e o 12º do mundo. É por lá que passam as exportações das principais commodities brasileiras negociadas com o continente europeu, como proteína animal, café e suco de laranja.

A etapa seguinte do acordo será o detalhamento da participação dos holandeses no negócio. Segundo Allard Castelei, CEO do porto de Roterdã, a parceria é promissora. “Nossa participação no porto brasileiro de Pecém é promissora para todas as partes. Temos trabalhado como assessores de Pecém há vários anos. Este investimento intensificará ainda mais a parceria. Estaremos trabalhando com o estado do Ceará para garantir que Pecém se torne o futuro centro logístico e comercial do Nordeste do Brasil”, informou o executivo por meio de nota.

LOCALIZAÇÃO Claro que não foram as belas praias do Ceará que chamaram a atenção dos holandeses, mas sim o potencial que o negócio representa. A expectativa do porto de Roterdã é transformar Pecém (a 54,1 quilômetros de Fortaleza) em uma ligação mais curta e mais eficiente entre as mercadorias importadas e exportadas por europeus e brasileiros, com o Nordeste como referência. O local é próximo do Golfo do México e do Canal do Panamá.

Por meio de nota, o porto de Roterdã informou que há um investimento na área de estratégia internacional para identificar países com crescimento potencial em operações portuárias, e o Brasil foi apontado como um deles.

Por enquanto, a operadora conta apenas com dois projetos no Brasil como parte do portfólio. “Operações portuárias eficientes só podem acontecer quando outras infraestruturas brasileiras, como a acessibilidade no interior, é bem desenvolvida também. Essa é a razão pela qual o projeto do Porto de Roterdã pode ajudar a incrementar a infraestrutura brasileira, mas os portos sempre precisarão de investimentos público em acesso a estradas e ferrovias, além de navegação interna, quando possível”, explica.

CRÍTICA Ainda de acordo com a direção do porto de Roterdã, um dos problemas do Brasil é que, em comparação com a Holanda, seus planos são mais focados no curto prazo, apesar de as operações portuárias terem justamente uma característica contrária, de longo prazo.

A primeira operação da Autoridade do Porto de Roterdã no Brasil começou em 2014, a partir da assinatura de uma joint-venture com a TPL Logística (do Grupo Polimix, produtor brasileiro de concreto, é o principal acionista) para o desenvolvimento do Projeto Porto Central, no Espírito Santo, de capital privado. O complexo portuário industrial, feito a partir do zero, foi desenhado para ser polivalente, atendendo a diferentes tipos de indústrias, como a de petróleo e gás, contêineres, mineração e agronegócio. A operação foi montada para que a estrutura sirva como entrada para a América do Sul e um centro global de transbordo e distribuição.

Por conta do atraso na liberação de licenças, em especial as ambientais, o projeto, que ocupará um espaço em Presidente Kennedy, ainda não está em operação. No ano passado, o presidente Michel Temer (MDB) assinou decreto que deu ao Porto Central o status de utilidade pública. Com isso, foi possível tirar parte da vegetação no entorno para que a construção fosse iniciada. A licença do Ibama para o início das obras só foi dada em março.

OBRAS EM 2019 A estimativa é de que o projeto do Porto Central absorva cerca de R$ 3 bilhões de investimentos e contrate até 4,7 mil pessoas na fase de construção. Com profundidade de 25 metros, o local, com 20 milhões de metros quadrados, terá capacidade para receber até 1.800 navios e 220 milhões de toneladas por ano. A expectativa dos sócios é que as obras comecem no ano que vem e a operação seja iniciada em 2022.

Agora, o projeto está na fase de captação de recursos e de negociações com clientes âncoras. “Com esse porto, vamos melhorar a infraestrutura capixaba e brasileira, facilitando a conexão com estados e países vizinhos e o escoamento de produtos, além de contribuir dinamizar a economia do estado, sobretudo da região Sul. O Porto Central será uma âncora para ampliar a nossa competitividade e atrair novos negócios que gerem emprego e renda e um projeto dessa grandiosidade não acontece sem parceria pública e privada”, avalia José eduardo Faria de Azevedo, secretário de Desenvolvimento do Espírito Santo.

Ainda segundo o titular da pasta, “a parceria do Porto com Roterdã é fundamental porque traz segurança de investidores qualificados, que trazem na bagagem a experiência internacional bem-sucedida”.

Brexit ameaça negócios, mas pode gerar oportunidades


Maior porto da Europa, o porto de Roterdã funciona como uma espécie de termômetro da economia e do comércio internacional por conta da sua localização estratégica e dos clientes que utilizam sua estrutura para importar ou exportar mercadorias. Agora, ele reflete a preocupação que vem mobilizando não só a área portuária, mas toda a parte de economia e negócios de Amsterdã.

O receio de quem está ligado ao porto é quanto aos efeitos da aprovação do Brexit e a consequente saída do Reino Unido da União Europeia. Depois de muitas negociações entre as autoridades os dois lados, os efeitos definitivos do bloco sem um de seus principais integrantes será sentido a partir de 29 de março de 2029, mas desde já as empresas e os bancos têm se mexido para encontrar alternativas que mantenham suas operações saudáveis e a salvo de grandes impactos do maior caso de divórcio da história desde que a globalização tomou conta do processo de negociação entre os países.

Uma das principais dúvidas é quanto a jurisdição do Tribunal de Justiça Europeu. Em caso de problemas legais, onde as discussões acontecerão? Questões trabalhistas e tributárias também têm gerado insegurança com a saída do Reino Unido da União Europeia. Por isso, algumas empresas já estão buscando informações para ter um plano B na manga.

A Holanda, com seu megaporto, em Roterdã, e o aeroporto de Schiphol, nos arredores de Amsterdã, com operação para 322 destinos e 95 países, tem convivido com expectativa de novos negócios e, ao mesmo tempo, com o medo de a economia na Europa se ressentir do abandono do Reino Unido. Por isso, todas as suas decisões têm sido com muita cautela.

“O governo trata o comércio para a economia, por isso há uma preocupação tão grande com o ambiente de negócios”, explica Stan de Caluwe, executivo de Soluções de Supply Chain do Conselho para Distribuição Internacional da Holanda 9HIDC, sigla para a Holland International Distribution Council.

“Esperamos um volume grande de novos projetos no país e particularmente no porto de Roterdã, mas também existe a expectativa de novos acordos comerciais entre os países da União Europeia após a saída do Reino Unido, que é um grande mercado. Precisamos estudar muito bem como reagir e tirar proveito dessa nova situação”, diz o executivo da NFIA. No ano passado, segundo Caluwe, as consultas sobre negócios ligados ao Reino Unido no porto de Roterdã aumentaram 80%. (PP)

*A jornalista viajou a convite da Agência de Investimentos Estrangeiros da Holanda (NFIA)


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