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Estado de Minas

'O futuro é muito melhor do que imaginamos', diz o empreendedor Filipe Braga Ivo

Para o administrador, desafio é contribuir para construção de um 'futuro em abundância'


postado em 15/09/2018 07:00 / atualizado em 15/09/2018 10:12

(foto: DIVULGAÇÃO)
(foto: DIVULGAÇÃO)

Ele foi escolhido para ser, em Belo Horizonte, o embaixador da Singularity University – universidade do Vale do Silício (EUA), apoiada pela Nasa e Google, que tem o propósito de impactar positivamente 1 bilhão de pessoas no mundo. Aos 34 anos, a trajetória do administrador de empresas Filipe Braga Ivo passou a ser pautada pela certeza de que o mundo dos negócios tradicionais não motiva, mas sim o trabalho que gera esse impacto positivo para a sociedade. O seu desafio é disseminar conhecimento e engajar a comunidade regional, contribuindo para construção de um futuro de abundância. Ao mesmo tempo, é o diretor de novos negócios na Sunew, empresa líder mundial na produção de Filmes Fotovoltaicos Orgânicos (OPV), que quer revolucionar o uso dos espaços urbanos. Conheça mais sobre a sua história na entrevista a seguir.

 

Quando, em sua trajetória, surgiu o despertar para o universo digital?
Comecei minha carreira como consultor de empresas na americana Accenture, uma das maiores consultorias do mundo. Mas o papel de espectador ou direcionador de esforços não era o bastante. Rapidamente transacionei a minha carreira me colocando como ator principal e fui empreender. Meu primeiro empreendimento, em 2008, foi uma fábrica de móveis de alto luxo, e alguns anos depois, com a venda do negócio, aventurei-me no setor da alimentação, com abertura de franquias da MegaMatte. O mundo dos negócios tradicionais, de novo, não me motivava o bastante. Foi então que me deparei e comecei a me interessar por tecnologia e todas essas mudanças que estavam ocorrendo de forma abrupta. Acredito que esse “despertar” ocorreu em 2012.

Por que estudar na Singularity?
Em paralelo à busca por conhecimento sobre tecnologias emergentes, futuro, crescimento exponencial, deparei-me com uma empresa startup nascente operando com uma solução baseada em sensoriamento, inteligência artificial e internet das coisas. Embarquei no desafio e aprendi muito, principalmente sobre a velocidade e agilidade necessária para operar negócios de base tecnológica. Foi mais ou menos nesse momento que conheci o Tiago Mattos, na minha opinião, a maior referência em futurismo no Brasil. Ele iniciou um curso, o Friends of Tomorrow, para difundir esse conhecimento. Daí para frente foram muitos livros, conversas, eventos e cursos sobre futurismo. Ficou muito claro para mim que minha busca empreendedora teria que ter um propósito direcionador e foi aí que a Sunew entrou na equação. Ao final de 2017, tomei coragem, investi US$ 14,5 mil e fui “beber água da fonte” na Singularity.

Quais pensamentos foram deixados para trás e quais foram os principais aprendizados?  
A Singularity tem uma visão muito otimista e positiva sobre o futuro e tecnologias exponenciais. Acredito que os principais aprendizados estão relacionados a estsa visão de mundo: 1) o futuro é muito melhor do que imaginamos, será um futuro de abundância; 2) o ritmo da mudança é exponencial, estamos vivendo um momento muito especial onde as tecnologias potencializam o ritmo da inovação, da disrupção; e 3) para estar preparados para esse futuro, a principal habilidade necessária é aprender a aprender, a única certeza é a de que tudo vai mudar. O pensamento que deixei para trás nesse processo foi qualquer resquício da crença de que somos meros espectadores. Somos nós (eu e você) os responsáveis por essa transição para um futuro mais abundante.

Podemos chamá-lo de futurista? Qual é o seu papel de embaixador da Singularity em Belo Horizonte?
Diria que sou um entusiasta, estudioso, multiplicador, mas não me considero um futurista, deixo essa atribuição para aqueles que têm o estudo dos possíveis futuros como ofício. A Singularity tem um propósito muito ambicioso e poderoso, o de “impactar positivamente 1 bilhão de pessoas”. Os chapters têm o papel de disseminar conhecimento e engajar com a comunidade local, contribuindo para a construção desse futuro de abundância. Portanto, enxergo o meu papel como um de tantos no mundo que querem garantir a sustentabilidade do nosso planeta e das próximas gerações. Operacionalmente falando, busco engajamento com pessoas e empresas que têm o mesmo propósito, e através de eventos e encontros proporcionamos a difusão desses conhecimentos, que empoderam os indivíduos a buscar o seu propósito e inspirar a ação.

Para você qual é a melhor definição de futurismo e como ele pode ser aplicado?
São várias as definições e abordagens sobre futurismo. Costumo entender o termo de uma forma bem simplificada: como o estudo e discussões sobre os possíveis futuros que nos aguardam, tanto extrapolando o presente como fazendo uma abordagem reversa (praticamente de ficção científica) questionando o que pode nos aguardar. E essa reflexão nos prepara para aproveitar melhor as oportunidades existentes e evitar as armadilhas. O futurismo costuma ser um tema bem abrangente, tratando de assuntos relacionados a tecnologias exponenciais, mas também transformações culturais, questões éticas, sociais, ambientais. A partir do momento em que temos essa compreensão, nos preparamos para o futuro (ou possíveis futuros) e conseguimos tomar ações no âmbito pessoal, empresarial e social.

Você acredita ser necessária a transformação digital de negócios e pessoas? Como você percebe essa transição?
Negócios que não passarem por uma transformação digital vão desaparecer rapidamente. As empresas precisam começar a perceber que o seu principal ativo é informação. O mundo mudou, as empresas precisam se adaptar ao novo ritmo. Do ponto de vista do indivíduo, eu vejo um mundo de oportunidades. Está na hora de abraçarmos a mudança e deixar os velhos paradigmas para trás, precisamos desaprender para poder reaprender, e isso normalmente é o que as pessoas têm maior dificuldade. Vejo a transição como toda grande transformação já vivenciada pela humanidade (Revolução Industrial, internet etc.), a diferença agora será a velocidade da mudança.

Em que momento surgiu a Sunew? Qual é a trajetória da empresa?
Essa é uma história da qual me orgulho e me inspiro muito. Começa com um grupo de empreendedores que montaram um fundo de venture capital no ano 2000, a FIR Capital. Eles perceberam que os investimentos de maior sucesso do grupo eram aqueles em que eles entravam na gestão, na operação das empresas investidas, e a partir daí subverteram a lógica de investimento. Após repetir esse modelo, o grupo atraiu para o Brasil um centro de pesquisas referência na Europa, o CSEM (Centro Suíço de Eletrônica e Microssistemas). Nascia aí o CSEM Brasil, uma empresa 100% brasileira inspirada no modelo suíço de fazer inovação. O CSEM Brasil investiu, com o apoio do BNDES e governo de Minas, em uma linha de pesquisas focada no desenvolvimento da tecnologia de painéis solares de próxima geração, os painéis solares orgânicos (OPV). Essa pesquisa reuniu especialistas de todas as partes do mundo, chegamos a ter 18 nacionalidades distintas. Ao final de 2015, chegamos à conclusão de que era hora da produção em larga escala e colocação desse novo produto no mercado brasileiro e global. Surgia aí a Sunew.

O que são Filmes Fotovoltaicos Orgânicos (OPV)? E de que forma podem revolucionar a matriz energética do país?
O OPV é a terceira geração de painéis solares (a primeira são os painéis mono e policristalinos e a segunda, as tecnologias intituladas de filmes finos). Eles são chamados de orgânicos pois usam na sua constituição polímeros semicondutores impressos aplicados sobre um plástico PET, ou seja, materiais orgânicos, abundantes na natureza e não tóxicos. O processo de produção é o chamado de “impressão rolo-a-rolo” semelhante ao da indústria gráfica e têxtil, um processo contínuo, escalável e muito limpo. O OPV é superfino (0,3mm de espessura), leve (300g/m²), flexível, semitransparente e é a tecnologia de menor pegada de carbono entre todas as alternativas, ou seja, é a energia mais “verde” que se pode produzir. Costumo dizer que essa é uma tecnologia habilitadora de novos mercados, é possível a integração em fachadas de vidro, claraboias, veículos, mobiliário surbanos, gadgets, mochilas, estruturas flutuantes. O grande “pulo do gato” é que, devido às características do material e de seu processo produtivo, o seu potencial é de baixíssimo custo, podendo literalmente chegar próximo de zero. Uma verdadeira revolução.

Onde podem ser encontrados hoje?
Já são várias cidades do Brasil onde se podem encontrar os produtos da Sunew, temos instalações de fachadas e claraboias em São Paulo, abrigos de ônibus no Sul do país, estação tubo em Curitiba, caminhões com OPV rodando nossas estradas, árvores de energia no Rio, Beagá, São Paulo e outras cidades. Já rompemos as fronteiras do nosso país, com OPV na Suécia, Arábia Saudita, Alemanha, Indonésia, Estados Unidos, Hong Kong, instalações em comunidades isoladas no Haiti e na África. Abrimos escritório no início deste ano na Califórnia e planejamos expandir operações para os Emirados Árabes em breve.

O que acha do clichê “o futuro já chegou”?
As mudanças que estamos vivenciando são tantas e tão profundas que eu realmente me sinto assim, então acho ser uma frase bem adequada para o momento atual. Quando escuto alguma frase que vá nesse sentido sinto uma necessidade de ação imediata, é como se a continuação automática fosse: “E o que você está fazendo parado aí?”. Devemos nos colocar como agentes de transformação, somos nós que construiremos juntos um futuro (ou presente) melhor e de abundância.

Quais são os planos e a programação do chapter em BH?
Estamos programando seis eventos até abril de 2019. O intuito é que esses eventos sejam bastante acessíveis em termos de valores (cerca de R$ 50). Para isso, estamos em busca de patrocinadores que queiram se engajar com essa proposta. Estamos desenhando eventos temáticos e que sejam relevantes nesse contexto de transformações profundas: Futuro da Comida (será o primeiro, em 4/10), Organizações Exponenciais de Minas, Futuro da Energia, Inteligência Artificial e Blockchain e por aí vai.


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