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Estado de Minas ECONOMIA

Crescimento mais robusto da economia só virá com investimentos, diz Samuel Pessôa


postado em 01/09/2018 09:37

O crescimento mais robusto da economia só virá com a volta dos investimentos privados, avalia o pesquisador associado ao Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) Samuel Pessôa. Para ele, o resultado de 0,2% de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre deste ano, divulgado na sexta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que a saída da crise será mais lenta do que se imaginava há dois anos, com a consolidação do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. A seguir, trechos da entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo:

Podemos ver o resultado de 0,2% do segundo trimestre como sinal de estagnação da economia?

Veio um pouco mais baixo do que nós, do Ibre, esperávamos. A gente esperava 1,2% de crescimento entre o segundo trimestre deste ano e o segundo trimestre do ano passado. O que veio mais fraco do que a gente esperava foi o consumo das famílias. Isso parece se dever à insegurança, ao crescimento da renda mais baixo e ao mercado de trabalho, que está pior do que se imaginava. O endividamento também é alto ainda. E quando a gente olha o PIB pelo lado da oferta agregada, o que decepcionou foi o comércio.

Os efeitos da greve dos caminhoneiros ficaram no retrovisor?

Sim, mas a estrada é longa, o que os dados estão mostrando é que é muito difícil uma recuperação exclusivamente voltada pelo consumo. O investimento tem de voltar, a queda foi de 30% e a retomada foi muito pequena. Se olhar o ano passado e este, o investimento subiu cerca de 5%. Dado que caiu na casa dos 30%, o que cresceu agora foi muito pouco.

O que falta, então, para uma recuperação mais robusta?

É muito difícil a economia voltar sem investimento e é impossível que ele volte sem o problema político ser solucionado. Esse problema é mais no sentido de definir como a sociedade vai resolver o desequilíbrio fiscal estrutural, tem de saber como pagar nossas contas no longo prazo. Tem um gasto previdenciário que cresce e precisamos de setor público que a longo prazo se sustente. Fazendo isso, dá para cuidar do curto prazo.

Investimento público ou privado?

Investimento privado. Evidentemente, se a gente resolver o problema fiscal, será ótimo que o investimento público volte, principalmente no setor de logística, que gera uma reação mais rápida de emprego. Mas esse tipo de investimento só deve voltar mais tarde.

Foi ingênuo acreditar em recuperação mais rápida e robusta após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff?

Acredito que o Brasil já estava fadado a ter uma recuperação lenta, porque uma parte grande dessa crise vem de um enorme processo de investimentos que foram feitos em setores errados. Uma dimensão da recessão se deu pelo problema político, que está associado à dificuldade de o Congresso escolher um setor público com tamanho e bases tributárias que façam sentido. O Congresso sofre uma espécie de síndrome de adolescente: quer coisas, mas não quer pagar o preço que essas coisas custam. Não reforma a Previdência, por exemplo.

E o que mais explicaria essa dificuldade de o País voltar a crescer?

Tem o lado da crise do intervencionismo, que começou lá em 2006 e se aprofundou a partir de 2009, com os R$ 400 bilhões para o BNDES reconstruir do nada a indústria naval, as desonerações. Também foi feita a política desastrosa da gasolina, que quebrou o setor sucroalcooleiro. Esse tipo de bobagem não é possível de ser arrumado rapidamente. Nesse intervalo, foram feitos investimentos que não maturaram bem e endividaram muita gente. Hoje, temos um problema real e um problema financeiro complicado. Tanto o problema financeiro quanto o de investimentos demoram a ser resolvidos. Evidentemente, o evento de 17 de maio do ano passado, com a gravação do presidente Temer com o empresário Joesley Batista, ajudou a travara e recuperação.

Quais são as expectativas para o PIB do próximo trimestre e de 2018?

No terceiro trimestre, em torno de 1%, já com ajuste sazonal. Para o ano, esperamos um resultado próximo de 1,5%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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