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Estado de Minas

TJMG suspende re­cu­pe­ra­ção judicial da Men­des Jú­ni­or

De­ci­são li­mi­nar aca­tou ques­ti­o­na­men­tos do Bra­des­co so­bre cor­re­ção de va­lo­res que se­rão pa­gos pe­la cons­tru­to­ra, frus­tran­do ex-em­pre­ga­dos à es­pe­ra de cré­di­tos ain­da nes­te mês


postado em 22/06/2018 06:00 / atualizado em 22/06/2018 07:58

O pro­ces­so de re­cu­pe­ra­ção ju­di­ci­al da em­prei­tei­ra Men­des Jú­ni­or, uma das cons­tru­to­ras en­vol­vi­das nos es­que­mas de cor­rup­ção da Ope­ra­ção La­va-Ja­to, foi sus­pen­so por de­ci­são li­mi­nar do Tri­bu­nal de Jus­ti­ça de Mi­nas Ge­rais (TJMG). Por meio de agra­vo de ins­tru­men­to apre­sen­ta­do pe­lo Bra­des­co S/A e o Bra­des­co Car­tõ­es S/A, e aca­ta­do li­mi­nar­men­te pe­lo de­sem­bar­ga­dor Kil­da­re Car­va­lho no úl­ti­mo dia 10, fo­ram ques­ti­o­na­dos al­guns pon­tos do pla­no apre­sen­ta­do pe­la em­pre­sa e já ho­mo­lo­ga­do pe­la Jus­ti­ça em maio. A sus­pen­são ge­rou for­te pre­o­cu­pa­ção pa­ra 1.895 ex-fun­ci­o­ná­ri­os da Men­des Jú­ni­or, que, a par­tir do acor­do, po­de­ri­am re­ce­ber R$ 36.621.303,42 em in­de­ni­za­çõ­es tra­ba­lhis­tas em até um ano após a ho­mo­lo­ga­ção do acordo.

O mon­tan­te to­tal de­vi­do pe­la cons­tru­to­ra a cre­do­res mai­o­res, co­mo for­ne­ce­do­res, ins­ti­tui­çõ­es fi­nan­cei­ras e em­pre­sas é de R$ 375.273.882,70 – ape­nas a Com­pa­nhia Ener­gé­ti­ca de Mi­nas Ge­rais (Ce­mig) tem cer­ca de R$ 58 mi­lhõ­es a receber. O agra­vo se­rá jul­ga­do pe­lo TJMG nas pró­xi­mas se­ma­nas, de­pois de a cons­tru­tu­ra ter se pro­nun­ci­ar so­bre os questionamentos.

O Bra­des­co, que tam­bém é cre­dor da Men­des Jú­ni­or, apre­sen­tou três ques­tõ­es no agra­vo pe­din­do a sus­pen­são da re­cu­pe­ra­ção judicial. Pa­ra o ban­co, o pla­no não pre­vê a li­be­ra­ção de ga­ran­ti­as a pa­ga­men­tos, co­mo fi­a­do­res e avalistas. Ou­tra ques­tão le­van­ta­da pe­lo Bra­des­co tra­ta do pe­rí­o­do de ca­rên­cia pa­ra o acer­to com al­guns credores. A ins­ti­tui­ção fi­nan­cei­ra ar­gu­men­ta que o pra­zo de cin­co anos pre­vis­to no pla­no é ir­re­gu­lar, uma vez que não po­de­ria ul­tra­pas­sar o pra­zo de dois anos. Além dis­so, ques­ti­o­na tam­bém que o pla­no de re­cu­pe­ra­ção não pre­vê a in­ci­dên­cia de ju­ros so­bre o va­lor de­vi­do aos cre­do­res, ape­nas cor­re­ção monetária.

“Os agra­van­tes (Ban­co Bra­des­co S/A e Bra­des­co Car­tõ­es S/A) de­fen­dem que o alon­ga­men­to do pra­zo de pa­ga­men­to pa­ra pe­rí­o­do su­pe­ri­or à du­ra­ção da re­cu­pe­ra­ção ju­di­ci­al di­fi­cul­ta o con­tro­le pe­lo Po­der Ju­di­ci­á­rio e pe­lo Ad­mi­nis­tra­dor Ju­di­ci­al quan­to ao cum­pri­men­to das dis­po­si­çõ­es do pla­no, per­mi­tin­do que uma em­pre­sa vol­te a ope­rar no mer­ca­do de for­ma ir­res­tri­ta, ge­ran­do, por con­se­quên­cia, um efei­to no­ci­vo na eco­no­mia nacional. As­se­ve­ram que o pla­no não traz qual­quer pre­vi­são de in­ci­dên­cia de ju­ros, tam­pou­co o va­lor es­pe­cí­fi­co de ca­da par­ce­la a ser pa­ga aos cre­do­res, ou as da­tas em que se­rão efe­tu­a­dos os pa­ga­men­tos, im­pe­din­do que o de­ten­tor do cré­di­to pos­sa afe­rir acer­ca do re­al cum­pri­men­to”, ana­li­sa em sua de­ci­são o de­sem­bar­ga­dor Kildare.

De acor­do com a ad­mi­nis­tra­do­ra-ju­di­ci­al da Men­des Jú­ni­or, a ad­vo­ga­da Ma­ria Ce­les­te Gui­ma­rã­es, um dos pon­tos ques­ti­o­na­dos pe­lo Bra­des­co – a ins­cri­ção de ava­lis­tas e fi­a­do­res co­mo ga­ran­ti­da dos pa­ga­men­tos – já foi re­sol­vi­do na pró­pria as­sem­bleia em que os cre­do­res acei­ta­ram os ter­mos pa­ra fe­char o acor­do de re­cu­pe­ra­ção judicial. “A de­ci­são que sus­pen­deu o pla­no de re­cu­pe­ra­ção não jul­gou o mérito. Ela sus­pen­deu os efei­tos até o jul­ga­men­to, quan­do se­rá de­ci­di­do se o pla­no de re­cu­pe­ra­ção da Men­des Jú­ni­or se­rá man­ti­do ou não. Em re­la­ção aos de­mais cre­do­res, que só re­ce­be­rão em um pra­zo mais lon­go, acho que não tem gran­de mudança. Mas pa­ra os tra­ba­lha­do­res exis­te um pre­juí­zo uma vez que a lei pre­vê que eles têm o di­rei­to de re­ce­ber até um ano após a con­fir­ma­ção da recuperação. A sus­pen­são do pla­no cria uma si­tu­a­ção de in­cer­te­za”, ex­pli­ca Ma­ria Celeste.

Es­ta­ca ze­ro


Al­guns cre­do­res que já es­pe­ra­vam re­ce­ber os va­lo­res até o fim des­te ano te­mem que o pro­ces­so vol­te à es­ta­ca ze­ro e se­jam ne­ces­sá­ri­as no­vas as­sem­blei­as pa­ra dis­cu­tir ca­da clá­u­su­la do pla­no de recuperação. De acor­do com um dos ex-fun­ci­o­ná­ri­os da em­pre­sa as pri­mei­ras par­ce­las, com va­lo­res de­fi­ni­dos no pla­no de re­cu­pe­ra­ção, se­ri­am pa­gas a par­tir des­te mês. A Men­des Jú­ni­or foi pro­cu­ra­da pe­la re­por­ta­gem pa­ra co­men­tar a sus­pen­são do acor­do, mas, de acor­do com seus ad­vo­ga­dos, to­das as ma­ni­fes­ta­çõ­es se­rão fei­tas no processo.

Em 2016, após ser ci­ta­da em es­que­mas de des­vi­os de ver­bas pú­bli­cas e for­ma­ção de car­tel for­ma­do por cons­tru­to­ras pa­ra ven­cer li­ci­ta­çõ­es pú­bi­cas no âm­bi­to da La­va-Ja­to, a em­pre­sa fez pe­di­do à Jus­ti­ça pa­ra en­trar em re­cu­pe­ra­ção judicial. No en­tan­to, o pro­ces­so se ar­ras­tou por qua­se dois anos.
Em 16 de abril des­te ano, em as­sem­bleia re­a­li­za­da em um ho­tel de Be­lo Ho­ri­zon­te, os cre­do­res e a Men­des Jú­ni­or che­ga­ram a um acor­do so­bre a for­ma de pa­ga­men­tos das dívidas. O ob­je­ti­vo era evi­tar a de­cre­ta­ção de fa­lên­cia da construtora. Con­si­de­ra­da ini­dô­nea pe­la Con­tro­la­do­ria-Ge­ral da Uni­ão (CGU) em 2016 – o que im­pe­dia a em­pre­sa de fir­mar no­vos con­tra­tos com o se­tor pú­bli­co –, a em­prei­tei­ra en­trou em gra­ve cri­se fi­nan­cei­ra pa­ra qui­tar su­as dívidas.


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