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Estado de Minas

Consumidor maduro ainda é ignorado pelas empresas

Levantamento mostra que população sênior está antenada às novas tecnologias, mas sente falta de opções de cursos, roupas e alimentos específicos para a sua faixa etária


postado em 19/04/2018 12:00 / atualizado em 19/04/2018 08:15

Para especialistas, empresas têm pela frente um grande desafio quando se fala do consumidor sênior: a valorização da maturidade(foto: EULER JR/EM/D.A PRESS 20/12/16)
Para especialistas, empresas têm pela frente um grande desafio quando se fala do consumidor sênior: a valorização da maturidade (foto: EULER JR/EM/D.A PRESS 20/12/16)

São Paulo – O mercado dos chamados “maduros” – aqueles a partir de 50 anos, ainda não é plenamente atendido tanto na parte de produtos quanto na de serviços. Esses consumidores, mostra o instituto de pesquisa MindMiners, sentem falta, por exemplo, de cursos livres para a sua idade e alimentos específicos. Nem os setores de beleza e de vestuário escaparam das críticas dos sêniores. Para a maioria dos 863 entrevistados, há uma carência grande também desse tipo de produto.

Para 57% dos entrevistados, a atual oferta não atende à sua expectativa de consumo, já que têm de compartilhar de produtos e serviços que não foram pensados para eles, mas sim para uma faixa etária genérica.


De acordo com Danielle Marques de Almeida, coordenadora da pesquisa e gerente de marketing da MindMiners, o consumidor maduro está muito antenado e procura marcas e serviços que se encaixem em suas vidas. Hoje, segundo a executiva, ele está à margem do consumo e não se sente representado nas empresas e nem na publicidade.

Essa pesquisa, diz Danielle, é a primeira e tem como objetivo abrir uma discussão sobre como atender esse consumidor de mais idade. “É preciso que as empresas saiam da zona de conforto e partam para atender a essa camada de consumidores sem preconceito ou estereótipos.”

O levantamento, feito em parceria com a Hype60+, consultoria de marketing especializada em consumo sênior, aponta ainda que o serviço de TV paga é o que os maduros mais compram, mas isso varia de acordo com a faixa etária. Entre 50 e 59 anos, serviços de entretenimento, como Spotify e Netflix, são os mais acessados. Já entre aqueles acima dos 60, os serviços mais consumidos são os de mobilidade e saúde.

Os maiores gastos pessoais entre esses consumidores são com alimentação e com plano de saúde. Depois de desembolsar com a casa, chega a vez das necessidades pessoais. A maioria da população sênior pesquisada tem moradia própria (73%), um terço divide o teto com mais uma pessoa e 21% vivem sós.

A internet é a principal fonte de pesquisa quando buscam informações sobre produtos. Ainda segundo o levantamento, 47% fazem suas compras tanto em lojas físicas quanto pelos sites das lojas, o que confirma que os sêniores são bem ligados à tecnologia. Na hora de gastar, a grande maioria busca informações no Google/buscadores (85%) ou em sites especializados (83%), enquanto que em 63% das vezes as consultas são feitas junto a amigos.

Sílvio Laban, coordenador do mestrado em administração do Insper, acredita que as empresas estejam se adaptando a esse mercado à medida que ele avança e fica mais relevante. “Se ainda há aqueles que se queixam da atual oferta, pode ser que não estejam suficientemente ativos ou estejam se satisfazendo com o que é desenvolvido para outros perfis de consumo”, analisa.

O especialista lembra que para as empresas há um grande desafio quando se fala do consumidor sênior: a valorização da maturidade, mas sem que ele seja colocado em uma posição como se apresentasse “defeito de fabricação”. “É algo difícil de ser feito, porque não se pode em hipótese alguma remeter a comunicação sobre aquele produto ou serviço a algo que traga preconceito ou estereótipos”, comenta Laban.

O resultado da pesquisa revela uma oportunidade para as empresas que ainda não olharam para esses consumidores insatisfeitos. Algumas já estão oferecendo o atendimento diferenciado para o público maduro. É o caso da Encontre Sua Viagem, rede de franquia especializada em serviços de turismo. Segundo Henrique Mol, diretor-executivo, o grupo de pessoas acima dos 60 anos já está entre os principais clientes da companhia. “É um público fiel, que hoje corresponde a 30% da nossa clientela”, diz. De acordo com a pesquisa da MindMiners, 4% das despesas dos entrevistados “maduros” são com lazer e viagens. No entanto, para 37% faltam serviços turísticos específicos.

Em 2017, a rede de serviços turísticos registrou crescimento de 20% no número de viagens vendidas para a terceira idade em relação ao ano anterior. Mol acredita que a tendência é que as vendas continuem a crescer em 2018, em parte pelo sinal de melhora na economia. Mas o executivo também acredita que no médio prazo esse segmento continue a crescer, já que a população de idosos vem aumentando no Brasil.

A preferência desses consumidores, segundo o executivo, é por cruzeiros pelo litoral brasileiro e viagens para Porto Seguro (BA) e Fortaleza. Mas o destino mais desejado é a Europa. “Temos um público estimado de 90% de idosos que são movidos até lá principalmente pelo turismo religioso”, conta Mol.

Ainda segundo o diretor da rede de franquias, esse é um público muito fiel aos prestadores de serviço. Se gostam do serviço, diz, eles voltam. “Temos clientes de anos conosco. O hábito desse público é fechar as compras com antecedência e realizar viagens pelo menos uma vez por ano. E por ter flexibilidade de tempo, a busca ocorre de forma distribuída durante os 12 meses. Eles viajam quando querem e muitos aproveitam as baixas temporadas para comprar pacotes com preços menores”, explica o executivo.

Preocupação Maior com gerações Y e Z


Para Danielle Marques de Almeida, coordenadora da pesquisa e gerente de marketing da MindMiners, o público com mais de 60 anos é muito carente, já que não encontra opções específicas. Para ela, a área de marketing de muitas empresas se preocupa demais com as gerações mais jovens, como a Y e a Z, e se esqueceu da chamada terceira idade. “A pesquisa tem o objetivo de abrir os olhos das empresas e marcas para esse contingente de pessoas que ainda está no auge do consumo”, afirma.

Hoje, mais de 85% do público 60+ tem vida ativa, controlando as próprias finanças e tomando decisões na hora da compra. Outro detalhe, as gerações mais jovens têm poder de compra bem inferior aos mais velhos. “Essas pessoas estão atrás de novos produtos, novas oportunidades. A vida deles não acaba aos 60. Muitos estão começando”, diz ela. O ato de consumo, explica Danielle, não acabou e a pesquisa mostra exatamente isso. “Muitas pessoas com mais de 60 anos ainda têm 10 ou 20 anos como consumidor”.

A pesquisa não identificou o que faz com que muitas empresas ignorem esse mercado. “Não se sabe, mas parece que há um preconceito com essas pessoas, vistas como consumidoras que demoram para mudar seus hábitos. Isso não é verdade e nas conversas que tivemos com eles vimos que são muito mais abertos do que imaginávamos. Os hábitos de consumo também mudam ao longo de uma vida”, analisa.


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