Ipatinga – Depois de 1 mil dias parado, a Usiminas retomou ontem a operação do alto-forno 1 da usina siderúrgica de Ipatinga, no Vale do Aço. A empresa vai aumentar em 20% a produção do ferro-gusa, matéria-prima da fabricação de aço, chegando ao volume de 4 milhões de toneladas ao ano. A reativação do equipamento, que também foi reformado, aponta para nova fase da maior empresa do setor, que enfrentou intensa crise relacionada a turbulências nos mercados interno e externo, além do conflito judicial entre seus acionistas controladores – sanado com acordo de paz firmado entre a Nippon Steel, do Japão, e a italiana Ternium/Techint.
O tom dos discursos na cerimônia de retomada do alto-forno enfatizaram o clima de paz na empresa. A Usiminas investiu R$ 80 milhões na reforma do equipamento, que durou 11 meses e empregou 600 pessoas. Para a operação, a companhia abriu 120 vagas permanentes. A reativação vai aumentar em 2 mil toneladas a produção diária de ferro-gusa, que atualmente fica em torno de 9 mil toneladas ao dia.
Embora a reativação traga expectativas positivas, a Usiminas ainda vai buscar mercado para absorver essa produção. “Temos a confiança no crescimento da economia em torno de 2,5% a 3%”, reforça Sergio Leite. Por hora, a intenção é que essa produção adicional evite a necessidade de comprar aço para a outra usina do grupo, de Cubatão (SP).
Quando desligou o equipamento, em 2015, a empresa estava abalada pela queda no consumo de aços planos, mercado do qual é líder brasileira, depois da Copa do Mundo e com o começo da crise na economia brasileira. Apesar da melhora recente dos indicadores econômicos do Brasil, o presidente da siderúrgica reforça que o consumo de aços planos ainda é menor em relação aos tempos áureos do setor.
Outra incerteza diz respeito ao mercado internacional, depois do anúncio da sobretaxação de 25% das vendas de aço aos Estados Unidos (EUA) pelo presidente Donald Trump. O setor tenta negociação para reverter esse quadro. Especificamente em relação à Usiminas, não há impacto direto, de acordo com a empresa, já que os negócios com o mercado norte-americano representam somente 1% do total das exportações.
“Poderemos vir a ser impactados porque há um desequilíbrio no mercado de aço a partir dessa medida, com maior pressão por importação”, afirma Leite. Um total de 85% da produção da siderúrgica é absorvido pelo mercado interno, e o restante é destinado a clientes no exterior. A empresa estuda aumentar o preço do aço, sem perder o volume de produção.
* A repórter viajou a convite da Usiminas