Representantes dos 3.300 credores da Mendes Júnior Trading e Engenharia aprovaram em assembleia realizada nesta segunda-feira (16) o plano recuperação judicial da construtora mineira envolvendo a negociação de uma dívida total hoje de aproximadamente R$ 400 milhões. Pelo plano aprovado por 87% dos credores quirografários (fornecedores e trabalhadores), os débitos serão pagos com deságio de 40%, – o que reduz a dívida total para cerca de R$ 240 milhões –, carência de cinco anos e a amortização do saldo devedor será feita em 6 anos, segundo informou o advogado José Murilo Procópio de Carvalho, que representa a empresa. A proposta prevê correção das parcelas pelo INPC.
Ainda de acordo com o advogado da construtora, no processo de recuperação judicial, o plano foi aprovado por 100% dos empregados, com o passivo trabalhista chegando a R$ 25 milhões. José Murilo informou que a proposta de pagamento da dívida foi aprovada por 92% dos credores de pequeno porte, cerca de 400 empresas. “São créditos menores, de R$ 10 mil, R$ 20 mil”, informou José Murilo. O plano aprovado nesta segunda-feira (16) foi resultado dos ajustes propostos pelos credores, que, em novembro passado, recusaram a proposta da empresa.
Aprovado pelos credores, o plano de recuperação judicial da Mendes Júnior tem de ser homologado pela juíza Cláudia Helena Batista, da 1ª Vara de Falências e Concordatas da comarca de Belo Horizonte. A recuperação judicial da Mendes Júnior foi aprovada em março de 2016 e o plano de recuperação foi apresentando inicialmente em maio daquele ano. “O fundamental é que prevaleceu o bom senso para preservar a empresa”, frisou José Murilo, ao lembrar que a construtora, investigada pela Lava-Jato, não está mais impedida de contratar com empresas públicas.
Em 2016, a Controladoria-Geral da União (CGU) declarou a construtora, envolvida nos escândalos de corrupção na Petrobras, inidônea, proibindo-a assim de contratar com entes públicos pelo prazo de dois anos. O prazo foi encerrado este ano e a empresa teve acatado pleito feito à Justiça para suspender a proibição. Em 26 de março, a CGU acatou decisão judicial e suspendeu temporariamente a inidoneidade da Mendes Júnior. Hoje, segundo o advogado, a construtora é responsável por algumas obras no país, como trecho do Metrô de São Paulo, entre outras. A empresa teria cerca de 4 mil trabalhadores diretos e outros 30 mil indiretos.