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Estado de Minas

Gestores se unem por governança no Banrisul

As empresas querem emplacar um conselheiro independente num momento em que o governo gaúcho tenta rentabilizar parte de sua fatia no banco em meio a um colapso fiscal


postado em 22/03/2018 12:00 / atualizado em 22/03/2018 12:42

Apesar da crise fiscal épica, o Rio Grande do Sul se recusa a sequer contemplar a privatização do Banrisul(foto: Claudio Fachel/ Palácio Piratini/Divulgação)
Apesar da crise fiscal épica, o Rio Grande do Sul se recusa a sequer contemplar a privatização do Banrisul (foto: Claudio Fachel/ Palácio Piratini/Divulgação)

Rio – A gestora gaúcha Zenith Asset Management, a Kapitalo Investimentos, a JGP e a Oceana indicaram Adriano Seabra para o conselho do Banrisul. Seabra, um veterano gestor de recursos que recentemente trabalhou na Opus e na Fides, já participa dos conselhos da Sanepar e da CESP, além do conselho fiscal da Copasa.

Juntas, as quatro gestoras têm 34,5 milhões de acoes?? PNB do Banrisul (BRSR6), equivalentes a 16,95% do total de PNs e a 8,45% do capital total do banco. O estatuto do Banrisul garante a investidores PN no mínimo 10% do capital social.

“A governança no Banrisul é um desastre, é a pior que já vimos numa empresa aberta,” diz Rafael Morsch, sócio da Zenith, que está liderando o ativismo. A Zenith administra R$ 280 milhões e é dona de 2% das PNBs do Banrisul, que é a maior posição do seu fundo. “Desde que começamos este movimento, o banco se negou a conversar com a gente. Só falou com as outras gestoras e mesmo assim tentando dissuadi-las de participar.”

Em abril do ano passado, os acionistas elegeram nove membros do conselho, dos quais quatro acabaram rejeitados pelo BC em dezembro. O BC rejeitou três nomes indicados pelo governo – três secretários de Estado –, apontando que eles violariam a Lei das Estatais, que veda secretários do Estado em conselhos de estatais.

Mateus Bandeira, indicado pelos preferencialistas e hoje pré-candidato ao governo do estado, também foi rejeitado por já ser conselheiro do Banco Pan. O estatuto do Banrisul não permite que um mesmo conselheiro atue em dois bancos. (Só o BC viu a violação.) Já os acionistas minoritários querem instalar um conselheiro para tentar coibir operações que consideram lesivas ao banco.

Em enormes dificuldades financeiras, o estado gaúcho dividiu o décimo-terceiro de 2016 em 12 parcelas ao longo de 2017. Em dezembro último, para pagar o décimo terceiro de 2017 em dia, o Governo fez uma operação com o Banrisul. Os funcionários públicos tinham duas opções: ou o funcionário aceitava receber o valor cheio do décimo-terceiro como um empréstimo ou recebia em 12 parcelas corrigidas pela mesma taxa pela qual o Estado remuneraria o banco (LFT + 1% ao mês). A taxa do empréstimo estava abaixo da taxa de consignados do banco, uma operação parecida mas de menor risco.

A Zenith foi à CVM e reclamou que a operação era uma triangulação, claramente proibida pela Lei de Responsabilidade Fiscal, que impede que entes da Federação sejam financiados por bancos sob seu controle. A CVM abriu um processo em janeiro.

Os acionistas também querem monitorar a implementação de um plano de restruturação, desenvolvido pela McKinsey, que identificou diversas iniciativas de aumento de receita e corte de custos no banco.

“É tudo mato alto, coisas simples que dá pra fazer,” diz outro gestor envolvido no ativismo. Por exemplo, a McKinsey identificou que clientes do Banrisul têm um limite de cartão de crédito substancialmente inferior ao que recebem de outros bancos. “O gaúcho é bairrista: se o limite for igual no Itaú e no Banrisul, ele vai preferir operar no Banrisul,” diz este gestor. No ano passado, o Banrisul teve um retorno patrimonial recorrente de 13,5%.  O Bradesco deu 18% e o Itaú, 20%.

Apesar da crise fiscal épica, o Rio Grande do Sul se recusa a sequer contemplar a privatização do Banrisul. No governo Olivio Dutra (PT), o estado fez uma emenda constitucional que obriga a convocação de um plebiscito para vender qualquer uma de suas estatais. De lá para cá, todos os governos gaúchos usaram essa emenda como desculpa para não vender o banco, dizendo que os gaúchos jamais aprovariam a medida. Em vez disso, o estado tem sondado a possibilidade de uma oferta secundária da parte de suas ações que excede o controle.

O valor patrimonial do Banrisul é R$ 7 bilhões. Baseado em outras privatizações de bancos estaduais, não seria inconcebível que o Banrisul saísse por até três vezes o valor patrimonial.
Além do Banrisul, o Rio Grande do Sul é controlador do Badesul, um banco de desenvolvimento que dá prejuízo há anos, e sócio do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), um banco de desenvolvimento que pertence aos três estados da Região Sul.

 

 


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