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Estado de Minas

O que está por trás do IPO da Ri Happy

Varejista de brinquedos quer usar dinheiro captado na oferta de ações para ampliar sua presença no e-commerce, mas investidores temem que já pode ser tarde demais


postado em 09/03/2018 12:00 / atualizado em 09/03/2018 12:17

Rede de lojas diversifica carteira de produtos, vende também artigos para bebês e quer ampliar vendas pela internet(foto: Beto Magalhães/EM/D.A Press 11/10/13)
Rede de lojas diversifica carteira de produtos, vende também artigos para bebês e quer ampliar vendas pela internet (foto: Beto Magalhães/EM/D.A Press 11/10/13)

São Paulo – Maior varejista de brinquedos do país, a Ri Happy quer chegar à bolsa de valores valendo entre R$ 1,2 bilhão e R$ 1,7 bilhão. Mas levar ao mercado uma rede de varejo que faz menos de 5% de suas receitas no segmento on-line num momento em que todo o setor é desafiado pelo e-commerce não deve ser brincadeira – especialmente depois que a ascensão da Amazon levou a Toys ‘R Us às cordas nos Estados Unidos.

O negócio não foi considerado ruim pelos investidores. A Ri Happy se vale do poder de compra e paga os fabricantes com prazos esticados, o que alivia a necessidade de capital de giro e dá retornos elevados sobre o capital investido. Os investimentos em remodelagem das lojas também são relativamente baixos porque os fornecedores arcam com parte do custo das instalações e mobiliário.

A questão é até quando esse poder deve durar. A companhia frisou que vai usar parte do dinheiro captado na oferta para investir numa transformação digital – mas o temor é que tenha entrado tarde demais. “Hoje, as empresas de e-commerce e marketplaces tornam muito mais fácil para os fabricantes vender direto para os consumidores. Por que com os fabricantes de brinquedos seria diferente?” questiona um gestor. “Se essa relação com os fornecedores mudar, o retorno despenca e a empresa vai ter um problema de fluxo de caixa”.

Com o faturamento andando praticamente de lado nos últimos três anos, a companhia está mudando seu foco de brinquedos para se expandir no segmento de itens para bebês, que cresce mais rápido e tem menos sazonalidade. Mas a principal queixa dos investidores que analisam o negócio é que a empresa está fazendo IPO de um negócio, mas vendendo outro. “Eles passaram o tempo todo falando de lojas de bebês, que representam 7% do faturamento”, diz um investidor. “Só por aí dá para ter uma ideia do que é o potencial dos outros 93%”.

Das 259 lojas da Ri Happy, 245 são de brinquedos. Apenas seis são dedicadas a artigos de bebês e outras oito são no formato ‘one-stop-shop’, que abriga ambas as categorias. O crescimento nesse setor pode se dar via aquisições. No mercado, especula-se que a companhia está de olho na Alô Bebê, uma rede de 25 lojas concentrada principalmente no estado de São Paulo. “No fim das contas, eles querem que a gente pague por um negócio que eles ainda não têm”, resume outro gestor.

Fundada em 1988 pelo pediatra Ricardo Sayon, a Ri Happy foi vendida para o Carlyle em 2012. No fim do mesmo ano, o fundo comprou a PB Kids, uma das principais concorrentes, tornando-se o maior player isolado do setor. Mas a felicidade durou pouco: no meio do caminho tinha uma recessão. As vendas ficaram praticamente estagnadas nos últimos anos e a companhia chegou a amargar um prejuízo de R$ 6 milhões em 2016. No ano passado, o fundo de private equity começou a buscar um sócio para injetar dinheiro novo do negócio e entregar parte da expansão antes de ir à Bolsa. Mas as negociações não prosperaram.

No caminho

 

Quando começaram a sondar os investidores para o IPO, os bancos testavam um preço salgado, que avaliava a companhia em mais de 20 vezes o lucro estimado para este ano – em linha com players consagrados de varejo que negociam em bolsa. Mas, diante do ceticismo, decidiram baixar a régua e a faixa de R$ 20,30 a R$ 26,30 por ação divulgada nesta semana trouxe o preço mais próximo da faixa das 15 a 20 vezes.

Com o preço menor, a oferta ganhou mais chances de prosperar, mas perdeu porte. Deve movimentar R$ 860 milhões no ponto médio da faixa, o que a torna relativamente pequena para grandes fundos de investimentos e pode tirá-los do jogo, afetando a demanda pelos papéis.

 Outro temor do mercado é que, se a oferta de fato sair, o Carlyle pode querer vender suas ações restantes mais à frente, quando terminar o período de legal de lockup, que veta venda de ações por um período de seis meses (com mais ações no mercado, o preço tende a cair).

Do total captado na oferta, 60% vai para o caixa da Ri Happy e 40% refere-se à venda da fatia do fundo de private equity, cuja participação pode cair dos 100% para algo entre 32% e 37%, a depender do apetite dos investidores. A oferta deve ser precificada no próximo dia 27. O BTG é o coordenador-líder e atua ao lado de Credit Suisse, Itaú BBA, Bradesco BBI, Goldman Sachs e BB Investimentos.


 


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