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Estado de Minas

No dia da mulher, EM mostra história de sucesso de analista da Helibras

Miriam Pereira seguiu na contramão da desigualdade ainda marcante na jornada feminina na empresa e em casa


postado em 08/03/2018 07:00 / atualizado em 08/03/2018 08:04

Há 30 anos na fábrica de aeronaves, Miriam considera não ter sofrido discriminação por ser mulher(foto: HELIBRAS/Divulgacao - Mirian Gama )
Há 30 anos na fábrica de aeronaves, Miriam considera não ter sofrido discriminação por ser mulher (foto: HELIBRAS/Divulgacao - Mirian Gama )

Aos 49 anos, Miriam Pereira Ribeiro Gama, analista de ensaios em voo na Helibras, é como um ponto fora da curva no Brasil. Seria, talvez, uma história comum em países nórdicos – Islândia, Noruega, Finlândia e Suécia –, onde homens e mulheres partilham a menor desigualdade registrada no mundo em relação à divisão de trabalho doméstico, educação dos filhos, na ascensão e remuneração de carreira e no acesso aos postos de comando político e econômico. Mas no Brasil, onde os mais recentes dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstram que mulheres estudam mais, trabalham mais e ganham em média 25% a menos do que homens, a história de Miriam é notícia hoje, Dia Internacional da Mulher.

 

Foi em busca de rendimento para pagar os seus estudos, que ela se empregou há 30 anos na empresa, com sede em Itajubá, no Sul de Minas. Passou por várias áreas até ser promovida à analista de ensaios em voo, função estratégica, que realiza sozinha, uma vez que acompanha o conjunto de testes a que são submetidas as aeronaves antes da entrega ao cliente. Se na Helibras Miriam, atualmente a mais antiga funcionária da empresa, sustenta não registrar discriminação em sua trajetória, pelo fato de ser mulher, no âmbito familiar, ela sustenta a rotina que as brasileiras desejam.

 Há uma divisão de tarefas com o marido, comerciante, que se confirmou desde a criação dos dois filhos, já independentes, mas também nas tarefas da casa – da lavação de pratos à faxina. “Não faço parte das estatísticas da desigualdade entre homens e mulheres”, afirma Miriam. A realidade dela está longe de ser compartilhada pela mulher brasileira.

 Entre trabalho remunerado, cuidado de pessoas – filhos e familiares idosos – e afazeres domésticos, a brasileira se dedica em média 3 horas a mais a cada semana em relação ao homem. E embora tenha conquistado nível educacional médio mais alto, ainda ganha o equivalente a apenas 76,5% do rendimento masculino. Os dados foram divulgados ontem pelo IBGE, no estudo “Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”.

 Considerada a população de 25 anos ou mais de idade com nível superior completo, o contingente feminino somou 23,5% ante 20,7% no ano-base de 2016. E mesmo quando os dados são analisados tomando-se por base as raças branca e negra o padrão se repete com vantagem educacional para as mulheres, que, entretanto, não se traduz em ganhos no mercado de trabalho. O rendimento habitual médio mensal de todos os trabalhos e razão de rendimentos, por sexo, entre 2012 e 2016, indica que as mulheres ganham, em média, R$ 1.764; enquanto homens recebem R$ 2.306.

 Entre os fatores que podem explicar essa diferença estão a idade. Entre mulheres mais novas foi verificada, no período de acompanhamento dos dados, maior presença em cargos de chefia do que entre mulheres mais velhas. Enquanto, em média, apenas 37,8% dos cargos gerenciais eram ocupados por mulheres; essa diferença se reduziu para 43,4% de mulheres em cargos de chefia no grupo até 29 anos de idade e se ampliou para até 31,3% no grupo de 60 anos ou mais.

 Especialistas registram que, embora as mulheres tenham maior escolaridade e possam vislumbrar até onde poderiam chegar em sua carreira, a segregação ocupacional e a discriminação salarial lhes impõe uma espécíe de uma barreira invisível que as impede de alcançar o seu potencial máximo.

Na política

 

Também no que diz respeito à presença em postos de comando e de representação no país, as mulheres saem em ampla desvantagem. Isso, em que pese representarem 52% do eleitorado: são 77.076.395 eleitoras. Apesar disso, são poucas candidatas e menos ainda eleitas para cargos executivos e majoritários. Nas últimas eleições municipais, em 2016, apenas 31,89% dos candidatos eram mulheres.

 No conjunto dos 5.568 municípios, em 1.286 cidades não houve nenhuma mulher eleita para o cargo de vereador; e em apenas 24 municípios elas representam a maioria dos eleitos para o legislativo municipal. Nas eleições de 2014, apenas uma mulher se elegeu governadora; dos 27 senadores, só cinco eram mulheres, e dos 513 parlamentares eleitos, 461 são homens e entre os 1035 deputados estaduais que conquistaram mandato, 89% são homens. A única mulher presidente da República reeleita em 2014 na história do Brasil, Dilma Rousseff (PT) não conseguiu completar o seu mandato.

 Desde 2009, a Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997) estabelece, em seu artigo 10º, que, nas eleições proporcionais (para os cargos de deputado federal, estadual e distrital e de vereador), “(...) cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo”. Ou seja, mesmo após sete anos da criação das chamadas “cotas de gênero”, o número de mulheres candidatas alcançou pouco mais que o mínimo exigido.

 Com a obrigatoriedade das “cotas”, cresceu a presença das “candidatas laranja”. Em 2016, mais de 16 mil candidatos terminaram a eleição sem ter recebido sequer um voto, ou seja, nem o próprio candidato votou em si, mesmo concorrendo com o registro deferido. Do conjunto de candidatos “sem votos”, 14.417 eram mulheres e apenas 1.714 eram homens.



Crédito para elas

O governador Fernando Pimentel (PT) lança hoje, Dia Internacional da Mulher, uma linha de financiamento exclusiva para empresárias mineiras. Os recursos serão disponibilizados por meio do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). O “Empreendedoras de Minas” pretende apoiar as micro e pequenas empresas controladas por mulheres e incentivar o surgimento de novas empreendedoras. Serão oferecidos recursos de até R$ 700 mil e é necessário que as empresas tenham, no mínimo, seis meses de existência, mesmo prazo exigido de comando feminino. As taxas de juros partem de 1,39% ao mês.

 

 


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